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Bruno Wendel
Publicado em 23 de abril de 2020 às 05:20
- Atualizado há 2 anos
Foto: Divulgação/Sinspeb A Bahia tem, hoje, um efetivo de 1.360 policiais penais. Destes, 544 estão no grupo de risco da covid-19 - ou seja, 40% dos servidores possuem idade a partir de 60 anos ou apresentam diversas comorbidades, como diabetes, hipertensão e obesidade. Eles trabalham nas 19 das 29 unidades prisionais do estado – as outras nove possuem cogestão com a iniciativa privada e, por isso, contam com mão-de-obra terceirizada. >
Os dados são do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado da Bahia (Sinspeb). Segundo o vice-presidente da entidade, Fernando Fernandes, a maioria dos servidores que estão em atividade ingressou na função entre 1983 e 1994.>
“Fizemos um levantamento e notamos que muitos que entraram nesse período já têm idade para se aposentar. Alguns ingressaram com idade entre 30 e 35 anos, e hoje já estão na faixa dos 60. Eu tenho um colega que deu entrada na aposentadoria desde janeiro do ano passado e até agora não foi publicada”, declarou Fernandes.>
Segundo o sindicato, dois policiais penais já testaram positivo para a covid-19 - um deles atua na Cadeia Pública de Salvador e o outro em Teixeira de Freitas, no Extremo-Sul do estado. Além disso, uma médica e uma enfermeira que trabalham no Conjunto Penal Feminino também foram diagnosticadas com o novo coronavírus.>
Nesta segunda-feira (20), servidores que estão com sintomas da covid-19, lotados na Cadeia Pública de Salvador, realizaram exames para diagnóstico da covid-19 e aguardam o resultado. >
Do total de policiais penais no estado, 680 (50%) estão em Salvador, sendo 360 somente no Complexo Penitenciário da Mata Escura – os demais estão distribuídos na Colônia Penal Lafayete Coutinho, Hospital de Custódia e Casa de Albergados.>
Ação judicial O Sinspeb moveu uma ação judicial contra a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) desde o fim de março, solicitando o afastamento dos servidores com idade a partir de 60 anos, gestantes ou com doenças respiratórias, diabetes e cardiopatias, entre outras patologias que aumentam a probabilidade de mortalidade pela covid-19. Exigem ainda a obrigatoriedade do fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para a categoria, como máscaras, óculos, luvas e álcool em gel. >
De acordo com Fernandes, a justiça ainda não deferiu o pedido sob a alegação de que o possível afastamento dos servidores poderia inviabilizar a segurança do sistema prisional baiano. Por isso, o judiciário solicitou informações à Seap relativas aos servidores que encontram-se no grupo de risco e ainda não obteve retorno da Seap.>
"Realmente, temos um baixo efetivo. O ideal seriam 5 mil servidores. O sistema está operando quase que de forma automática, porque temos um quadro reduzido e que piora a cada dia por conta das aposentadorias e mortes”, declarou Fernandes. >
Ainda de acordo com ele, a solução para minimizar o problema quanto ao afastamento dos servidores que estão no grupo de risco é a nomeação imediata dos candidatos. Dos 1.751 aprovados no último concurso, em 2014, a Seap teria nomeado apenas 411. As outras pessoas que obtiveram aprovação no certame garantiram o direito à nomeação através de ações judiciais que já alcançaram o trânsito em julgado, ou seja, quando não há mais possibilidade de recurso por parte do Estado da Bahia.>
Seap O CORREIO procurou a Seap que informou, através de uma nota, que apenas dois policiais penais testaram positivo para o coronavírus, e receberam encaminhamento, tratamento e acompanhamento por parte da secretaria . "A barreira sanitária obedece ao plano de contingência, que foi apresentado em reunião interinstitucional, obedecendo ao padrão da Organização Mundial de Saúde (OMS). O Sistema Penitenciário esta obedecendo rigorosamente a legislação que esta sendo editada periodicamente por decreto do Governo do estado da Bahia", diz a nota.>
A pasta acrescentou ainda que os relatos sobre falta de EPIs "não condizem com a verdade" e que o material é fornecido diariamente em todas as unidades e para todos os servidores. "As máscaras estão sendo confeccionadas por internos, atendendo os padrões da Secretaria de Saúde, e esterilizadas em seguida. Além de usá-las pelo próprio sistema penitenciário, parte delas estão sendo doadas para hospitais e asilos", disse a secretaria. >
Ainda de acordo com a Seap, "a categoria de policiais penais, por ser considerada fundamental ao interesse público, não se pode aplicar a esses servidores o trabalho remoto. Desta forma, os casos estão sendo verificados isoladamente levando em consideração a saúde de nossos servidores".>