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Eduardo Dias
Publicado em 16 de abril de 2020 às 13:53
- Atualizado há 2 anos
A prefeitura vai promover testes rápidos para a identificação de contaminação da covid-19 em pessoas em situação de rua em Salvador. Os testes serão aplicados nos distritos sanitários de Brotas, Itapagipe e do Centro Histórico, que são territórios da cidade com maior índice de pessoas em situação de vulnerabilidade. A iniciativa faz parte do projeto Girassóis de Rua, que vai circular por essas áreas da cidade com profissionais de diversas áreas da saúde à disposição dessas pessoas.
O projeto vai atender e acompanhar de perto, durante o período de enfrentamento à pandemia, essa parcela da população soteropolitana, que é a mais vulnerável à contaminação pelo coronavírus, segundo a prefeitura. Ainda não há prazo para a realização dos testes rápidos, nem um número de testes que serão feitos.
O lançamento oficial do projeto ocorreu nesta quinta-feira (16) pela prefeitura. Os detalhes da iniciativa foram apresentados pelo prefeito ACM Neto e pelo vice, Bruno Reis, ao lado do secretário municipal da Saúde (SMS), Leo Prates, e da secretária de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre), Ana Paula Matos, em solenidade na Praça Municipal. (Foto: Eduardo Dias/CORREIO) Para garantir uma atenção permanente, o prefeito afirmou que a prefeitura disponibilizou profissionais como médicos, enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes socais, dentre outros especialistas para fazerem parte da equipe do Girassóis de Rua.
“É um projeto mais amplo, que envolve uma série de ações. Mas, tão logo superemos essa situação mais urgente, vamos dar segmento a esse projeto com suas outras vertentes futuramente. São equipes completas e plenamente consistidas com profissionais diversos que farão trabalhos complementares porque a gente sabe que cada pessoa vai precisar de um tipo de apoio diferente. Temos que levar o serviço para perto de onde essas pessoas estão”, avaliou o prefeito, que revelou ainda que a prefeitura vai realizar testes rápidos da covid-19 na população de rua. “Nada melhor do que entregar aos médicos e profissionais de saúde, às pessoas qualificadas e preparadas, a condução de todo esse trabalho de assistência, apoio, amparo e abordagem a esse contingente grande de pessoas em situação de rua da nossa cidade. Vamos fazer a testagem, com testes rápidos, assim que houver a quantidade suficiente para todas essas pessoas. Quem tiver o resultado positivo, será imediatamente encaminhado para tratamento”, completou Neto.Para Victor Rodrigues, que é coordenador da Missão Salvador da Obra Lumen de Evangelização, uma comunidade católica que possui casas de acolhimento para pessoas em situação de rua, a medida adotada é “extremamente positiva. Trata-se de dar assistência a uma população que, via de regra, não tem acesso aos cuidados básicos que são essenciais, como higiene e alimentação adequada. Alguns ainda são idosos e possuem outras comorbidades, o que os colocam no grupo de risco da doença”, disse.
Victor lembrou ainda que a medida reflete o papel do poder público em fornecer um sistema de saúde que chegue a toda população. “Nós já percebemos que muitas pessoas em situação de rua evitam procurar atendimento em unidades públicas de saúde, pois eles têm medo de sofrer algum tipo de preconceito. Com essa medida, o sistema se antecipa e vai ao encontro dessas pessoas”, disse.
Censo De acordo com a titular da Sempre, a prefeitura trabalha com um número de 5,9 mil pessoas em situação de vulnerabilidade na cidade, que já são cadastradas no sistema. Segundo ela, um convênio com o Projeto Axé fechado para a realização de um censo para contabilizar o número exato e detalhado dessas pessoas.
“Estávamos previstos para realizar esse censo antes da pandemia chegar, mas foi suspenso por causa do coronavírus. Iríamos contabilizar todas essas pessoas para poder passar números mais precisos e ofertar um atendimento mais específico. Estamos investindo juntamente com a Secretaria de Saúde, uma série de ações para essa parte da população. Muitas delas já passaram por vários processos de encaminhamentos e chegaram a conseguir empregos e serem reinseridos na sociedade”, explicou a secretária Ana Paula Matos.
Para o coordenador da Missão Salvador da Obra Lumen de Evangelização, a realização do censo é outra medida necessária, já que a quantidade de pessoas que vivem na rua pode ser maior do que o número trabalhado pela Prefeitura. “Já tive acesso a estudos que mostram um número de mais de 17 mil pessoas em situação de rua em Salvador”, disse.
Para acolher essa população, a Obra Lumen mantém em Salvador uma casa na Avenida Vasco da Gama e uma outra na Federação, que está em reforma. Em outras cidades brasileiras, há mais 13 casas do tipo. Todas, atualmente, estão lotadas e não podem realizar mais acolhimentos para evitar contaminação interna. “Quando percebemos a chegada da pandemia, fizemos um esforço para acolher o máximo de pessoas possíveis. No total foram 150 novas vagas abertas em topo país”, disse Victor.
*Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro