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Priscila Natividade
Publicado em 27 de setembro de 2020 às 07:00
- Atualizado há 2 anos
Inicialmente, o chefe não acreditou muito na ideia quando ela propôs uma linha de produtos para cabelos a base de ingredientes naturais. Ao mesmo tempo, o seu marido ficou desempregado. Ela, que passava por uma transição capilar, decidiu então fazer seus cosméticos veganos. A cozinha de casa virou fábrica. Testou em amigas, familiares. E deu certo. Parece até um episódio de série, mas não é sobre a Madam C.J. Walker — que alguém pode até já ter maratonado na Netflix — que a gente vai falar.
Na verdade, a química Bárbara Batista passou tudo isso ao criar, há quatro anos com o marido e contador José Roberto Fiuza, a marca baiana de cosméticos veganos BetoBita (@betobitafeitoamao), que só este ano chegou a faturar R$ 1 milhão. Os R$ 400, que lá atrás seriam usados para pagar a escola da filha do casal, deram início ao negócio.
Na pandemia, as vendas cresceram 57%, como afirma a empresária. “A melhor decisão que eu tomei na vida foi deixar de pagar esses R$ 400 naquele momento. Trabalhava em uma fábrica de cosméticos no controle de qualidade. Não desisti. Comecei a fazer algumas coisas para que eu pudesse usar e aí eu falei com Roberto que íamos vender também. Quatro meses depois, saí da empresa e estamos aqui até hoje”, conta Bárbara.
Bárbara começou fabricando de 100g a 500g de cosméticos para o cabelo. A produção atual chega a 1,5 mil unidades por semana. Mesmo na crise do coronavírus, além de crescer em faturamento, a BetoBita conseguiu lançar uma linha corpo.“Não perdi a esperança, nem a fé. Começamos as vendas em grupos no Facebook, conversando muito sobre as necessidades delas, o que essas meninas precisavam”.Os cosméticos são livres de petrolatos, óleo mineral, com embalagem reciclável e sem testes em animais. Todas as fórmulas foram desenvolvidas por Bárbara, que conta que precisou pesquisar muito para chegar ao produto que queria. Linha de cosméticos leva nas embalagens os selos Eu Reciclo e Veganismo no Brasil (Foto: Divulgação) “Fui estudando as características de cada matéria-prima, das manteigas, dos óleos vegetais e o que eles traziam de benefício para os fios. Um dia, em um desses grupos, uma cliente buscava um finalizador de cachos. Roberto foi levar na nossa ‘cinquentinha’. O produto custava R$ 20 e íamos gastar R$ 15 só com o combustível, mas eu falei: e se ela gostar e divulgar?”. Passou uma semana, a cliente voltou no grupo. “Ela postou o antes e depois e todo mundo começou a me chamar. Eu sei que as meninas foram se aproximando e nós aumentamos a produção”, lembra. Ao todo, a BetoBita tem, atualmente, uma equipe com 13 distribuidoras e cerca de 500 consultoras pelo país. Nos últimos seis meses, a marca cadastrou 177 novas revendedoras, sobretudo, por conta da perda de renda destas profissionais na pandemia, como acrescenta Bárbara:
“Essas meninas formaram uma corrente de divulgação, passando uma para outra. A venda dos cosméticos BetoBita é acompanhada por uma consultoria capilar e, por esse motivo, o papel das revendedoras diretas é muito importante. Antes, elas vendiam para ter um ganho extra, porém, após serem demitidas, a BetoBita passou a ser a sua renda principal. Uma revendedora consegue tirar por mês, em média, cerca de R$ 2,5 mil”.
Cosmético verde Todo contato com o cliente começa nas redes sociais. As revendedoras também possuem uma loja própria no site oficial da BetoBita. O portfólio da marca vegana conta com 46 produtos para todos os tipos de cabelo, mais a linha corpo e custam, em média, R$ 40.“Não é só ter produto disponível, mas um atendimento para tirar dúvidas, orientar. É um atendimento personalizado. Isso fez com que nós crescêssemos muito. Nunca fizemos propaganda na televisão, nem colocamos outdoor. Tudo que conquistamos veio dessas vendas diretas”, revela a empresária.Para fortalecer ainda mais as vendas, além do trabalho das consultoras, a marca investiu em parcerias com influenciadoras digitais. “Precisamos de muita dedicação, organização e uma equipe muito unida. Somos parceiros na vida. O desafio é manter esse atendimento mais pessoal, mais íntimo. O auge, para mim, é ver essas clientes falando nas redes sociais sobre a BetoBita, que elas usaram e gostaram, que a consultora fez um bom trabalho. Ouvir isso é magnífico”, reforça.
Para Bárbara, o mercado dos veganos é cada vez mais promissor. Após conseguir comprar a casa própria, o sonho agora é exportar os produtos e tornar o Instituto BetoBita um centro de treinamento. “Conquistamos o selo Eu Reciclo nas nossas embalagens e o selo Veganismo no Brasil. Tudo isso agrega em um momento em que as pessoas estão mais preocupadas com os resíduos que produzem. Vamos começar a exportar para a Europa. Já conseguimos embarcar para a Holanda e Espanha. Outra meta é tocar para frente o projeto do instituto como um centro de formação para as profissionais da área. Não é só um serviço de salão, mas um lugar onde possam se reciclar e aprender mais”, completa.
OS CONSELHOS DE BÁRBARA
Tenha um propósito muito claro e bem definido para que os consumidores possam ‘admirar’ a sua marca, conquistando, assim, a fidelidade deles.
Estude bem o perfil e os hábitos de consumo do seu cliente. Avalie com frequência os resultados e ajuste as estratégias, além de estabelecer uma rede forte de parceiros, fornecedores e colaboradores.
Conheça todos os processos “Quando eu produzia os cosméticos na minha cozinha e não dava certo, eu ficava ali insistindo. Pesquisava, mudava fórmulas e concentrações. Sempre acreditei que o produto ia chegar no ponto que eu pretendia”, pontua Bárbara.
QUEM É
BetoBita Cosméticos Veganos É uma marca baiana criada pela química Bárbara Batista e o seu marido e contador, José Roberto Fiuza. Com um portifólio com 46 produtos para cabelo e corpo, são 500 consultoras espalhadas por todo o país.