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Sonho de ligar região central ao litoral baiano está próximo

Projetos da Fiol e do Porto Sul vão transformar a logística do país

  • D
  • Do Estúdio

Publicado em 15 de junho de 2020 às 18:10

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Imagem: Casa Civil Bahia/divulgação

O sonho de conectar a região central do Brasil ao litoral é antigo. Os primeiros esboços do que hoje se conhece como Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Complexo Intermodal Porto Sul tinham nomes, composições diferentes e datam da época da construção de Brasília. Mas o fato é que só agora, 60 anos depois, os planos do ex-deputado federal Vasco Neto estão próximos a se concretizar. 

O novo presidente da Valec, o engenheiro civil André Kuhn, conta que uma das principais missões que ele recebeu ao assumir o cargo foi a Fiol. “É uma ferrovia importantíssima para a logística do país, principalmente para a Bahia, então o ministro decidiu fazer uma visita junto comigo ao trecho para demonstrar o empenho na conclusão da obra. Eu acho que isso deixa clara a importância que está sendo dada para a obra neste momento”, avalia.  Perspectiva do Porto Sul A ferrovia está dividida em três grandes lotes. A Fiol I, entre Ilhéus e Caetité, já está em processo de concessão. “Nossa expectativa é de que no ano que vem esta concessão já tenha sido realizada”, pondera Kuhn. O processo atualmente está em análise no Tribunal de Contas da União (TCU), numa das últimas etapas antes do processo de licitação. O TCU informou em nota que ainda não há informações disponíveis sobre o processo porque ao mesmo ainda está em andamento. As expectativas são de que a liberação aconteça entre julho e agosto, o que viabilizaria a licitação ainda este ano. 

O segundo trecho da Fiol, entre Caetité e Barreiras, está 40% concluído e a expectativa da Valec é que dentro de dois anos também esteja pronto para ser licitado. Ainda tem a Fiol III, que vai ligar Barreiras à cidade de Figueirópolis, em Tocantins. “O projeto já está concluído e o Ministério da Infraestrutura estuda a possibilidade de encaixar em um projeto de concessão também. Acredito que, em breve, toda a Fiol estará em concessão”, projeta. 

André Kuhn explica que a Fiol tem algumas vantagens em relação a outras ferrovias brasileiras. Como ela nasceu do zero, sem adaptações de projetos antigos, foi possível trabalhar com uma bitola larga, o que permite um maior volume de cargas, definir rampas e curvas adequadas para dar mais velocidade às viagens e aumentar o número de vagões. Com essas condições, a Valec projeta chegar até 2045 com a capacidade de movimentar até 68,8 mil toneladas de carga por ano. “Todas essas condições que a Fiol vai oferecer são muito importantes porque vão permitir uma redução muito grande nos custos de frete. A gente consegue viabilizar um aumento de vantagens para a produção agrícola e de minérios também”

André Kuhn, presidente da ValecSegundo Kuhn, já foram investidos mais de R$ 1 bilhão na Fiol II e existem mais R$ 300 milhões aportados para este ano do orçamento e há expectativas de conseguir um volume maior de recursos ainda este ano. Para o ano que vem, a ordem de grandeza é de R$ 700 milhões. “Isso deve tornar viável a concessão do segundo trecho”, acredita. 

Idas e vindas  O coordenador de infraestrutura da Casa Civil do governo da Bahia, José Carlos Valle, acompanha os projetos da Fiol e do Porto Sul desde que foram lançados pelo governo baiano em 2010. “Existe uma expectativa para a gente de que ainda este ano saia a licitação para a escolha do operador ferroviário do primeiro trecho”, destaca. Isso vai permitir a conclusão do trecho que ainda não está finalizado. “Nós queremos alinhar os calendários para iniciarmos as obras do Porto Sul de modo que fiquem prontas junto com a ferrovia”, explica. 

“A ferrovia já nasce com um grande cliente, que é a Bamin, com 20 milhões de toneladas. Com isso, tendo a infraestrutura, você consegue arregimentar outras cadeias”, explica Valle. O governo do estado é parceiro da Bamin. Segundo o coordenador de infraestrutura da Casa Civil, para evitar atrasos nas obras do Porto Sul, o governo estadual já solicitou ao Ibama as renovações de licença da obra, que vencem dentro de seis meses. “O projeto está bastante adiantado. O parceiro privado pretende iniciar a obra no segundo semestre”, diz, em relação à construção dos acessos à área e de uma ponte sobre o Rio Almada, com investimentos acima dos R$ 100 milhões. Ao mesmo tempo, conta Valle, o estado está retomando os processos de desapropriações necessárias.  Perspectiva do Porto Sul Demandas ambientais  Parte das modificações no projeto do Porto Sul se deram pela necessidade de adequações a demandas ambientais. Segundo Valle, as mais importantes foram na localização do projeto, que saiu da área da Ponta da Tulha para a região de Aritagua, para reduzir o impacto ambiental, e a mudança no tamanho do quebra-mar, que seria de 2,4 mil metros mas foi reduzido pela metade. “Com a adequação do projeto e sensibilidade ambiental, conseguimos reduzir o impacto de erosão”, conta. 

Com a mudança de localização, o projeto diminui o impacto para famílias que vivem na região. “Reduzimos a área do porto, o que diminuiu em 60% os impactos nas comunidades que vivem atualmente na região e nas que ainda viverão”, destaca. 

Para o presidente da Bamin, Eduardo Ledsham, as mudanças mais significativas no Porto Sul foram as que fizeram com o projeto se tornasse capaz de atender as necessidades de diversas atividades econômicas diferentes. “As mudanças mais significativas são aquelas que vão permitir operações multicargas”, destaca.“O porto vai manusear o minério da Bamin, mas vai também movimentar cargas de terceiros. Será fundamental para o agronegócio, terá espaço para movimentar combustível, para receber insumos de produção. Sem dúvidas a multimodalidade é um diferencial transformador do Porto Sul”

Eduardo Ledsham, presidente da Bamin----

Este conteúdo integra o "Trilhos para o progresso", um projeto sobre a Fiol, realizado pelo Jornal Correio, com o patrocínio da Mineração Caraíba S/A, BAMIN, Vanádio de Maracás S/A, SINDIMIBA – Mineração na Bahia e RHI Magnesita e apoio institucional da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM).