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Osmar Marrom Martins
Publicado em 23 de abril de 2025 às 12:19
Muita gente que hoje passa pela Avenida Centenário, com seus canteiros e edifícios por toda a sua extensão, não imagina que, nos anos 1960 e 1970, o local foi palco de disputadas corridas de automóvel. Sim, isso mesmo. Parece loucura imaginar o ruído de motores em alta velocidade, com uma multidão aglomerada nas encostas torcendo pelos pilotos. Salvaguardadas as devidas proporções, seria algo semelhante ao que acontece em Mônaco. Só que, nesse pequeno país entre a Itália e a França, há toda uma estrutura para que as corridas de Fórmula 1 aconteçam com segurança no meio da cidade, atraindo os fãs do automobilismo, que ainda podem desfrutar dos cassinos e de todo o ambiente luxuoso que Mônaco proporciona a quem tem dinheiro. >
O curioso nessa história é que essa competição automobilística acontecia nas ruas, em vez de pistas fechadas ou autódromos. Era muito comum, entre 1969 e 1970, a realização de algumas corridas em áreas diversas da cidade. Mas, pela sua localização, a da Avenida Centenário era a mais badalada e a mais destacada pelos órgãos de imprensa. Era um dos programas de lazer favoritos da população.>
O sucesso dessas corridas era tão grande que até havia um piloto que se tornou famoso: Lulu Geladeira. Seu nome de batismo era Luiz Pereira dos Santos, considerado o maior ídolo do automobilismo baiano de 1950 a 1972. Sua fama se estendeu a outras regiões, principalmente no Nordeste, em cidades como Fortaleza e Recife. Lulu Geladeira faleceu em 3 de junho de 2015.>
A importância de Lulu Geladeira foi tamanha que ele ganhou um documentário intitulado "Lulu Geladeira", feito pela jornalista Kátia Monteiro e produzido em 2010 como trabalho de conclusão do curso de Jornalismo da Estácio-FIB. O documentário aborda o início da carreira de Lulu, as competições das quais participou, os troféus que conquistou, entre outras curiosidades.>
Entre os destaques do vídeo, há um momento em que ele conta que sempre teve dom para a mecânica e revela que, desde muito jovem, trabalhava com o pai na área de refrigeração. “Montei os frigoríficos dessa Bahia quase toda”, relata. Por causa disso, ganhou o apelido de Lulu Geladeira, que carregou até a morte.>