Cinco locais repletos de natureza para conhecer a história da independência da Bahia

Ilhas, montanhas, cachoeiras e até destinos que ficam abaixo de três graus podem ser encontrados em meio a essas possibilidades

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  • Vanessa Brunt

Publicado em 29 de junho de 2024 às 11:00

Estadia de 40 minutos na Ilha da Pedra Furada custa R$ 5
Estadia de 40 minutos na Ilha da Pedra Furada custa R$ 5 Crédito: Divulgação

A batalha pela independência da Bahia foi significativa não apenas pela libertação do estado, mas também por consolidar a emancipação política do Brasil como um todo. Cidades e municípios do estado que participaram ativamente desse processo histórico hoje trazem roteiros nada clichês e possibilidades que podem ser consideradas não óbvias.

Ilhas, montanhas, cachoeiras e até destinos que ficam abaixo de 3°C podem ser encontrados em meio a essas possibilidades. Para quem deseja mergulhar na natureza e também na história baiana, essa seleção especial, que inclui uma curadoria sobre o que fazer atualmente nos destinos, pode ser a pedida ideal. Confira:

1. Cachoeira + Centro Histórico e Museu Regional

Considerado o 'Berço da Independência da Bahia', o município se tornou o epicentro de um movimento decisivo contra o domínio português, marcando o início da luta que culminaria na libertação da Bahia em 02 de julho de 1823.

Os moradores da cidade organizaram uma revolta que rapidamente ganhou força e apoio em outras localidades baianas. O evento em Cachoeira inspirou diversas outras cidades a se unirem à causa da independência, criando uma onda de resistência que desafiaria o poder colonial.

O local também foi um ponto estratégico durante os conflitos, servindo como base de operações e centro de comunicação entre as forças rebeldes. A resistência organizada em Cachoeira ajudou a coordenar ações militares e logísticas que foram essenciais para a vitória final em Salvador.

O QUE FAZER LÁ?

É possível fazer uma excursão educacional de 10h saindo de Salvador. Visite as igrejas de Carmo e Rosário, a Prefeitura e a antiga cadeia colonial. Vá também até uma fazenda próxima para um almoço tradicional brasileiro, com uma culinária muito própria.

O centro histórico de Cachoeira é um museu a céu aberto. Declarado Monumento Nacional, suas ruas de paralelepípedos e construções coloniais transportam os visitantes ao século XVIII. A Praça da Aclamação é um ponto de encontro que concentra vários edifícios históricos.

Na cidade, é possível conhecer também o Museu Regional de Cachoeira, que fica localizado no centro e abriga uma vasta coleção de artefatos históricos, incluindo mobiliário antigo, fotografias e documentos que remontam ao período colonial e ao Brasil Império.

2. Ilha de Itaparica + Ilhas de Camamu

Localizada estrategicamente na Baía de Todos os Santos, a ilha desempenhou um papel determinante ao oferecer refúgio seguro e base logística para as tropas que resistiam às forças portuguesas.

Durante os confrontos decisivos, Itaparica não apenas serviu como ponto de apoio militar, mas também como um símbolo de resistência e determinação para os baianos que lutavam por sua autonomia política. Controlar o acesso à baía era vital não apenas para fins estratégicos, mas também para o controle do comércio marítimo na região.

A Ilha de Itaparica não apenas contribuiu para as operações militares, fornecendo abastecimento e suporte logístico, mas também desempenhou um papel crucial no moral das tropas brasileiras.

O QUE FAZER LÁ?

Na ilha, é possível fazer o passeio de barco até Camamu, que oferece uma oportunidade única de explorar a beleza natural da Baía de Todos os Santos e da Baía de Camamu, proporcionando uma experiência inesquecível para os amantes da natureza e da aventura.

Partindo da Ilha de Itaparica, a travessia começa com a navegação pelas águas tranquilas da Baía de Todos os Santos, conhecida por suas paisagens deslumbrantes e rica biodiversidade marinha. Durante o percurso, é possível avistar diversos pontos turísticos, incluindo manguezais exuberantes, praias de areia branca e águas cristalinas que são perfeitas para um mergulho refrescante.

Em Camamu, dá para fazer o Passeio das Cinco Ilhas. O tour, que dura 6h no total, pode ser feito em um pacote com qualquer empresa de lanchas, escunas ou barcos, que ficam espalhadas por Barra Grande (o mesmo pode ser feito em Camamu). A Ilha da Pedra Furada é a única privada das cinco e custa R$ 5 para uma estadia de 40 minutos. O nome já diz muito: ali, estão diversas pedras com buracos, que deixam vistas emolduradas de um lado para o outro, gerando vários cliques criativos dos turistas.

3. Paulo Afonso + Raso da Catarina

Paulo Afonso desempenhou um papel significativo no contexto da independência da Bahia, especialmente devido à sua localização e recursos naturais. A cidade está situada ao longo do rio São Francisco, um elemento crucial tanto para a economia quanto para a infraestrutura regional.

Com a eclosão das lutas pela independência, a localização geográfica de Paulo Afonso no Vale do São Francisco fez dela um ponto estratégico para a movimentação de tropas e suprimentos. A cidade serviu como uma base de apoio para as forças que lutavam contra as tropas portuguesas, facilitando a comunicação e logística entre as diversas frentes de batalha no interior da Bahia.

Uma das principais atrações da cidade é o Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso, um dos maiores do país. Visitas guiadas permitem que os turistas conheçam a estrutura das usinas, as barragens e o funcionamento das turbinas.

O QUE FAZER LÁ?

Os visitantes podem explorar ainda o Raso da Catarina, reserva ecológica com cânions profundos e paisagens áridas e um testemunho da rica biodiversidade. Além da riqueza natural, o Raso também tem um profundo significado histórico. Foi um refúgio para cangaceiros, como Lampião, e palco da Guerra de Canudos, liderada por Antônio Conselheiro.

Em meio aos paredões naturais, o espaço fica localizado na reserva indígena Pankararé. A origem do nome tem duas versões: a primeira uma homenagem a uma mulher indígena que morreu no lugar. A segunda devido a dona da Fazenda Catarina. Reza a lenda que a dona lutou contra a seca, mas foi derrotada por gafanhotos que acabaram com as plantações de milho e feijão. Por conta disso, a fazendeira enlouqueceu e ficou sozinha até o final de sua vida.

O local pode soar um pouco óbvio assim devido às grandes produções televisivas recentes terem utilizado suas paisagens para compor o cenário. É de lá que pertencem algumas imagens da novela Velho Chico e da minissérie Amores Roubados.

Raso da Catarina é uma reserva ecológica com cânions profundos e paisagens áridas
Raso da Catarina é uma reserva ecológica com cânions profundos e paisagens áridas Crédito: Divulgação

4. Piatã + Pico dos Barbados

Piatã é um município localizado na Chapada Diamantina. Para quem quer sair do óbvio, esse pode ser um destino imperdível para os amantes da natureza e do ecoturismo. Afinal, o local é conhecido por ser o mais alto e frio do estado.

O QUE FAZER LÁ?

Piatã oferece uma variedade de passeios e atividades para visitantes de todas as idades, sendo famosa por produzir alguns dos melhores cafés do Brasil. A Rota do Café é um passeio popular, onde os turistas podem visitar fazendas como São Judas Tadeu e Ouro Verde, conhecer o processo de produção e degustar cafés especiais. A Cafeteria Rigno é um ponto de parada obrigatório para apreciar uma xícara de café premiado.

As cachoeiras do Patrício e do Cochó são destinos ideais para os que buscam contato com a natureza. A primeira, com 32 metros de altura, é perfeita para a prática de rapel. Além disso, trilhas como as da Serra da Tromba e Serra da Santana proporcionam vistas deslumbrantes e a oportunidade de observar o nascer do sol no alto da montanha.

Fica, ainda, a indicação de conhecer o Pico do Barbado, que vem provar justamente a existência das misturas de temperaturas baianas, já que o espaço pode chegar a 3°C . Sua altura é tão impressionante que, de lá, é possível visualizar o Pico das Almas (1.958 m) e o Pico do Itobira (1.970 m).

5. São Félix + Píer Belmiro Peixe

A proximidade com Cachoeira fez de São Félix um ponto estratégico para as forças rebeldes. O município serviu como base de apoio, fornecendo recursos e facilitando a comunicação entre as tropas insurgentes. Sua localização geográfica permitiu o controle de rotas importantes, contribuindo para o avanço das forças que lutavam pela libertação baiana.

Durante os combates que se seguiram, São Félix foi palco de diversas escaramuças e ações militares que visavam enfraquecer as posições portuguesas na região. A colaboração estreita com Cachoeira permitiu uma coordenação eficaz das operações militares, criando uma frente unida contra o domínio colonial.

A importância de São Félix foi ainda mais destacada durante as batalhas navais travadas no Rio Paraguaçu, onde a cidade serviu como base para as forças brasileiras que combatiam as embarcações portuguesas. Essas ações navais foram essenciais para interromper o fluxo de reforços e suprimentos destinados às tropas portuguesas em Salvador.

O QUE FAZER LÁ?

Uma das principais atrações é a Fábrica de Charutos Dannemann. Além de ser um centro cultural, oferece visitas guiadas gratuitas, onde os turistas podem acompanhar o processo de produção dos charutos e até participar do plantio de árvores de tabaco.

Outro ponto de destaque é o Píer Belmiro Peixe, inaugurado em 2020, que se tornou um cartão-postal da cidade. O local oferece um espaço de lazer, ideal para piqueniques e esportes, além de ser um atracadouro para embarcações.

Outra indicação é ir até o Museu Hansen São Félix. Arte, uma linda residência do casal Hansen/Bahia e várias xilogravuras se encontram no espaço.

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