Trilhas: o mal do marquetingue

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  • Aninha Franco

Publicado em 27 de fevereiro de 2016 às 04:31

- Atualizado há 2 anos

A ditadura fazia um marketing hilariante para manter-se no poder. Suas peças levavam o país inteligente às gargalhadas quando cantavam “esse é um pais que vai pra frente”, provocando a memória de um passo atrás e um buraco que alimentava humoristas. Quando os militares sugeriram que os insatisfeitos pegassem o boné e fossem embora, e Ziraldo publicou no Pasquim que “o último a sair apagasse a luz do aeroporto”, Ziraldo foi preso e nós rimos disso até o fim da ditadura. Nós, essa geração que, hoje, está perplexa com o marketing contemporâneo ou presa à Lava Jato. Em 1989, o marketing político da Setembro Propaganda, do publicitário Almir Sales, fez de Collor um Perón brasileiro, e o elegeu - grande piada -, como o “amigo dos descamisados” e criador de um Brasil “collorido” em contraponto ao Brasil cinza de Sarney. Seu governo foi desastrado como o de Dilma, mas Collor falava menos loucuras que a presidenta.

Nos anos 1990, o baiano Geraldo Walker de Souza Filho, o Geraldão, implantou o marketing político moderno brasileiro pensando global.mente e agindo local.mente, e com ele elegeu Fernando Henrique Cardoso, em 1994, e José Eduardo dos Santos (Angola), em 1992. Duda Mendonça e João Santana Filho são seus discípulos, Santana com uma capacidade incomensurável de prometer o que não tem.Porque, talvez, sem a criatividade baiana, o PT não tivesse chegado ao poder nem se mantido nele por tanto tempo. É só ouvir Ruy Falcão ou José Dirceu falar pra entender que PT não existe sem marketing. É assistir a última propaganda do Partido, com Lula usando narrativas vencidas - criadas por João Santana? - de que rico não admite sentar com pobre em avião pra sacar o que o marketing político fez nos últimos anos com o eleitor brasileiro. O mote de que o PT é um partido interessado na melhoria e defesa dos pobres e oprimidos, que custa os olhos da cara ao Brasil, é falso como uma falsa baiana, criado por um baiano que, vendendo mentiras de um Lula honesto e pobre e uma Dilma boa gerente, construiu um patrimônio verdadeiro capaz de mexer olhinhos.Em 2007, quando o PT chegou no Estado baiano, quem tinha discernimento entendeu rapidamente que o marketing petista era falso. A posse de Jaques Wagner, popular e emocionante, esbarrou com uma de suas primeiras providências, a de comprar um helicóptero novo para uso da Governadoria, marcando as iniciais JW no prefixo do bem público. As iniciais saíram do helicóptero pós-denúncias, mas Wagner não saiu do helicóptero nem para fazer trajetos de três quilômetros.

Não era o início, era o modelo petista de ocupar o poder. João Santana elegeu péssimos gestores dos anos 1990 pra cá, como Fernando José (Salvador) e Celso Pitta (São Paulo), mas as últimas safras de Lula e Dilma e Hugo Chávez e Maduro e José Eduardo pela décima vez, recebendo pagas inimagináveis em conexões baianas na Petrobras (Gabrielli) e nas empreiteiras Odebrecht e OAS ultrapassaram o incomensurável. Quem tem discernimento sabe que o Brasil sobrevive de marketing há muito tempo, um país sucateado pela corrupção, pela incompetência e pela mentira, mas que marketing pode ser a alma do negócio, mas não da política.