Surto de vírus com até 75% de letalidade na Índia põe o mundo em alerta; entenda

Nipah não tem tratamento conhecido e está associado a uma letalidade de até 75% dos casos

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  • Flavio Oliveira

Publicado em 16 de setembro de 2023 às 16:00

Não existe tratamento para o Nipah; doença provoca forte inflamação no cérebro Crédito: Shutterstock

Vem da Índia a nova ameaça à saúde global. Ela atende pelo nome de Nipah. Trata-se de um vírus transmitido de animais para humanos. A infecção se dá pelo contato com alimentos contaminados e de humano para humano. Morcegos que comem frutas são os principais reservatórios do vírus, mas a doença também pode ser transmitida por outros animais contaminados. Os sintomas incluem grave encefalite (inflamação no cérebro), o sistema nervoso central pode ser afetado, alterando o nível de consciência, convulsão, febre, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Além disso, quadros de pneumonia podem surgir.

O período de incubação vai de 4 a 14 dias. No entanto, um período de até 45 dias já foi relatado. Existe dificuldades para diagnosticar. Os sinais iniciais são inespecíficos e a qualidade, quantidade, tipo, tempo de coleta de amostra clínica e o tempo necessário para transferir as amostras para o laboratório podem afetar a precisão dos resultados laboratoriais. Um diagnóstico mais seguro só seria possível com história clínica na fase aguda e de convalescença da doença.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima uma taxa de letalidade associada ao Nipah entre 40 e 75%. A variação decorre do tamanho do surto e das capacidades locais de vigilância epidemiológica e gestão clínica. A OMS classifica o Nipah como uma doença prioritária por causa do seu potencial epidêmico e por não ter tratamentos conhecidos, incluindo vacinas. A orientação é cuidar dos sintomas e evitar contato com animais, alimentos e pessoas infectados; higienizar as mãos após entrar em contato com animais; uso de máscaras e luvas quando em contato com uma pessoa contaminada.

O atual surto acontece no sul da Índia, no estado de Kerala, onde as autoridades decretaram, na quinta (14), o fechamento de repartições públicas, edifícios governamentais, escolas e instituições religiosas, além da suspensão do transporte público na área de risco. As medidas acontecem depois de cinco casos confirmados, incluindo duas mortes.

Este é o quarto surto de Nipah em Kerala desde 2018. O primeiro causou o óbito de 23 dos 25 casos confirmados. Os de 2019 e 2021 resultaram em duas mortes cada. A doença foi identificada pela primeira vez em 1999, na Malásia, entre criadores de suínos e outras pessoas em contato próximo com os animais. A tese da OMS é a de que a transmissão ocorreu através da exposição desprotegida às secreções dos porcos ou do contato desprotegido com o tecido de um animal doente. A Malásia contou 300 pessoas infectadas, mais de 100 delas morreram. Cerca de 1 milhão de porcos foram sacrificados. Os surtos são apontados como esporádicos e as infecções no Sul da Ásia foram atribuídas ao consumo de alimentos contaminados com excrementos de morcegos.

Especialistas garantem ser difícil que a doença chegue ao Brasil (alívio!). A explicação: o vírus está restrito às áreas onde os casos já foram identificados: Malásia, Indonésia, Bangladesh e Índia. Contudo, o cenário pode mudar caso ocorra uma forte onda de contaminação entre humanos.

Cabe aos brasileiros nos cuidarmos. A covid ainda está aí e o país passa por nova alta de casos. Na Bahia, em pleno 2023, foi registrada a média de uma morte por dia causada pelo coronavírus.

Além dos cuidados médicos, uma recomendação cada vez mais importante é a atenção ao meio ambiente. A OMS já advertiu que nas próximas década surtos, epidemias e pandemias de novas doenças serão mais frequentes por causa do crescimento populacional, devastação ambiental e mudanças climáticas, fenômenos que aproximam pessoas de animais silvestres. Especialistas da organização dizem que uma próxima pandemia pode nascer no Brasil, devido ao desmatamento da floresta amazônica.

meme da semana

O vencedor tinha que ser este, que uniu as gafes proferidas pelo advogado Hery Waldir Kattwinkel, representante de Thiago de Assis Mathar réu pelos ataques do 8/1. O causídico confundiu autores e trocou o nome do governador da Judeia. Se ainda não riu, leia mais livros e jornais.

Aliens invadem nossa semana

A existência ou não de seres extraterrestres voltou a ser um tema dominante nessa semana. E não se fala aqui dos advogados que fizeram a sustentação oral dos acusados – agora condenados - de participação nos atos de 8 de janeiro. E sim de duas apresentações, uma da Nasa, nos EUA, e outra no México, na Câmara dos Deputados.

No México, o jornalista e ufólogo Jaime Maussan apresentou na quarta (13) dois restos mumificados de supostos alienígenas encontrados no Peru. Ele também mostrou radiografias e palavras de especialistas, sob juramento, que um dos corpos parece ter "ovos" dentro, enquanto ambos teriam implantes feitos de metais muito raros, como o ósmio. Ainda de acordo com Maussan, os corpos estão sendo estudados por cientistas da UNAM (Universidade Nacional Autônoma do México) e teriam, segundo teste de carbono 14, mais de 1 mil anos. “São seres não humanos. Não foram recuperados em naves, eles foram encontrados em minas de diatomáceas (algas) e posteriormente fossilizados”, disse.

A aparência dos supostos aliens e o passado do ufólogo transformaram suas revelações em piadas. Maussan já foi associado a alegações de descobertas "extraterrestres" que mais tarde foram desmascaradas, incluindo cinco múmias encontradas no Peru em 2017, que mais tarde foram identificadas como crianças humanas.

O relatório da Nasa, divulgado na quinta (14) tem 33 páginas dedicadas aos fenômenos anômalos não identificados (UAP, na sigla em inglês), que incluem o avistamento de objetos voadores não identificados (Ufos, também na sigla em inglês). A Nasa define UAP como observações de eventos no céu que não podem ser identificados como aeronaves ou fenômenos naturais conhecidos do ponto de vista científico.

A conclusão é que não há dados que indiquem que os fenômenos tenham origem extraterrestre, mas que a hipótese também não pode ser descartada. O diretor da agência, Bill Nelson, anunciou a criação de uma diretoria específica para estudar os fenômenos anômalos.

Segundo ele, os relatos disponíveis de UAPs ou de avistamentos de Ufos não têm o rigor científico necessário. Para trazer mais critérios científicos para essas análises, a Nasa vai firmar parceria com pilotos comerciais e militares para a coleta de dados de boa qualidade científica. “Vamos mudar a conversa de sensacionalismo para a ciência”, disse Nelson.

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