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Sobre Gol, Sobre Democracia

Ao legitimar democracia na Venezuela, rolar a dívida de Cuba, apoiar o Hamas e negar o assassinato de Navalny, o Brasil já fez um tremendo de um golaço… contra a  democracia

  • Foto do(a) author(a) Matheus Oliva
  • Matheus Oliva

Publicado em 24 de fevereiro de 2024 às 05:00

Em 1991, ao conceder entrevista no programa Roda Viva, o atual presidente do Brasil, disse que, no jogo global, o Brasil era apenas um gandula. Pegava a bola e via os outros jogarem. Afirmou com certa razão que, pelo tamanho e importância que tem, o Brasil deveria participar do jogo internacional ativamente. De 1991 para cá, pouco mudou na participação do Brasil no jogo internacional. Apesar de ser um dos principais exportadores de alimentos in natura do mundo, o Brasil talvez tenha saído da condição de gandula para ser um mero reserva. Mesmo assim, com todos os problemas internos, das mais diversas naturezas, com toda sua desigualdade, pobreza, violência, crise sanitária, desarranjo institucional e falta de um rumo que una a população brasileira em prol do coletivo, o presidente insiste em comentar e tentar participar mais do jogo externo do que do jogo interno, enquanto que, no Brasil, reforça a polarização e a divisão, as suas viagens ao exterior são frequentes.

O jogo global está mais do que tenso, está sanguinário. A invasão cruel, assassina e injustificada da Ucrânia completa dois anos. Há algo de digno no reino da Dinamarca. A primeira ministra do Estado Nação, Mette Frederiksen, tem sido a voz mais firme da Europa a alertar o mal que Putin representa e as consequências nefastas para toda Europa, caso derrote a Ucrânia. A Europa não pode subestimar a sede de poder de Putin. A primeira ministra da Dinamarca reforçou o apoio afirmando que doaria todo o arsenal militar para a Ucrânia e evocou as demais nações européias a fazerem o mesmo, em recente reunião de cúpula. Trata-se de uma guerra por valores democráticos, por liberdade e pela paz.

O opositor do presidente Putin, Alexei Navalny, foi assassinado dentro de uma cadeia de segurança máxima. No Brasil, é de dentro das cadeias que partem as ordens de assassinato na guerra pelo domínio do tráfico de drogas e outras atividades ilícitas e de lavagem de dinheiro. Alexei Navalny denunciava freqüentemente toda a corrupção do governo russo, os palácios, mansões, iates, todo o luxo extravagante de Putin e sua rede de amigos e amantes. Em uma semana, a ditadura russa prendeu cerca de 400 pessoas, que meramente manifestavam sua revolta solidária contra o assassinato do opositor. Um piloto de helicóptero, desertor da guerra, foi assassinado na Espanha, descoberto após se corresponder com sua namorada que estava sendo monitorada pelas forças russas. Dois agentes especiais foram à Espanha e mataram o jovem. Assim é o regime sanguinário e totalitarista de Putin.

No Oriente Médio, o grupo terrorista Hamas que tomou o poder em 2007, na Palestina, que tem como objetivo declarado a exterminação do povo judeu, fez o que fez no dia 07 de outubro de 2023. Provocou a ira de um líder de extrema direita radical, ao agir com tamanha crueldade contra civis inocentes judeus, impondo terror e crueldade abomináveis. O Hamas utiliza hospitais e a própria população palestina como escudo humano. A maioria das ações de Israel são militares, estudadas, para atingir o Hamas, logicamente há muitas vítimas inocentes, mas não são assassinadas a esmo, como foi feito pelos fanáticos terroristas do Hamas, apoiado pelo regime totalitário do Irã, que já assassinou meninas por se manifestarem contra a obrigação de se cobrir com panos.

Os líderes dos países que jogam o jogo geopolítico global estão em fase de extrema tensão e todo o cuidado, neste jogo que envolve diplomacia, respeito, conhecimento e cautela, é pouco. É preciso pensar muito no que se fala, bem como é preciso ter coragem para se posicionar a favor dos verdadeiros valores democráticos.

Pois bem, atualmente sob a liderança do Presidente em terceiro mandato, que evocava em sua campanha uma abstrata frente ampla democrática, o Brasil está no jogo. Ao legitimar democracia na Venezuela, rolar a dívida de Cuba, apoiar o Hamas e negar o assassinato de Navalny, o Brasil saiu da reserva para entrar no jogo internacional chutando forte e já fez um tremendo de um golaço… contra a democracia.