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Matheus Oliva
Publicado em 10 de março de 2024 às 07:58
Ética. Um valor pessoal e coletivo. Deveria amparar quaisquer decisões na vida. Difícil. Imprescindível. Etiqueta. Parece até uma ética pequena, de ações do dia a dia. Polarização política é uma luta vã, realidade calcificada em antagonismos sociais capazes de desnortear e cindir nações. Não inspira para melhores dias à frente. Há considerações acertadas na esquerda, há considerações acertadas na direita. Há erros e sofismas em ambas. A conquista do sucesso nunca se dará pela aniquilação de um viés pelo outro. Extremistas conduzem o Brasil ao fracasso, em detrimento de prosperidade e liberdade. Estão no poder há tempos. Populistas. O Brasil capturado.
Este fenômeno maléfico tem uma raiz profunda na falta de ética e um fruto latente na falta de etiqueta. O sucesso de uma nação reside nos princípios morais de valores humanos. Na ética. E avança nos princípios de civilidade cotidiana. Na etiqueta. Ética e etiqueta, tão básicos como água e sal, são os ingredientes para o sucesso. Quando se perde de vista esta condição, pode-se garantir que a ruína social, traduzida em violência banalizada, em deseducação generalizada e em precárias condições sanitárias e de segurança alimentar alastram-se, em maioria, em detrimento da prosperidade, da liberdade, da paz e do bem-estar social mínimo, porém digno, de toda nação. O Brasil arruinado.
Pensadores ao longo da história se dedicaram a construir o entendimento de que a busca pelo bem comum, o cumprimento do dever e a conquista da felicidade são mais do que ideais filosóficos, são princípios práticos que devem guiar ações e decisões, coletivas e individuais. A ética supera interesses narcisistas ou partidários, nutre o bem coletivo. O agora é um momento de divisões profundas e desafios sem precedentes dada a quantidade exponencial de seres humanos interconectados por tecnologia digital e de transportes, mas desconectados em propósitos e razão de existir. A etiqueta é atacada por líderes poderosos, que desmerecem protocolos com fanfarronice e calcificam o populismo ardiloso na sede pelo poder. E a ética? Ilustre desconhecida, politicamente defenestrada. O Brasil esgarçado.
A etiqueta cotidiana resguarda o valor do respeito à existência do outro, essência para manutenção de um ambiente de diálogo aberto e construtivo. Virtudes como polidez e gentileza são raras em lideranças políticas contemporâneas que deveriam praticá-las e pregá-las, isto sim, ao extremo, para o bem maior do coletivo. Mas, vociferam. Se atacam. Conspiram. Se anulam. A etiqueta é um lembrete da importância de ouvir, com respeito, aqueles com quem não há concordância. O Brasil desrespeitado.
Ética e etiqueta são caminho, são via de transição de divisões, são encontro de soluções benéficas para a sociedade, amparam-se na arte do possível, a essência da política. Polida. A ética, mais profunda e mais importante, precisa da etiqueta como método de diálogo entre desiguais. A etiqueta sem valores éticos será apenas o diabo gentil e bem vestido, a serpente sorridente e generosa transbordando de veneno. O Brasil enganado.
Para além das disputas ideológicas, religiosas, econômicas, esportivas, territoriais ou políticas, é preciso aplacar egos e encarar o fato de que os extremos são destrutivos. É preciso construir o futuro de paz, de prosperidade e de progresso social com tijolos e cimento de ética e etiqueta. O Brasil sonhado.
É possível?
Matheus Oliva é criador da MO - Movimento & Oportunidade /[email protected]