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Jairo Costa Jr.
Publicado em 22 de agosto de 2023 às 05:00
As declarações em que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) admite a hipótese de cancelar o contrato para construção da Ponte Salvador-Itaparica, concedidas ontem à imprensa, foram recebidas por técnicos graduados da Secretaria Executiva das Parcerias Público-Privadas do Estado como forte indício de que a obra caminha para o naufrágio ou, no mínimo, continuará no papel por prazo indefinido. Como o custo atualizado do projeto, orçado inicialmente em R$ 5,4 bilhões, saltou para R$ 13 bilhões, a avaliação é de que o governo estadual não terá condições de bancar a contrapartida que lhe cabe na ponte e nem injetar o aporte exigido pelo consórcio chinês para iniciar as obras.
Maré contrária
Segundo líderes da base aliada ao Palácio de Ondina, Jerônimo esperava que o governo Lula incluísse a ponte no novo PAC. "Pelo que soubemos, houve resistência do ministro Fernando Haddad (da Fazenda) em usar bilhões do programa para uma obra considerada não prioritária pelo Planalto", disse um dos governistas ouvidos pela Satélite.
Na beira da praia
Desde que os custos da obra tiveram o primeiro crescimento exponencial, pulando para R$ 9 bilhões no fim do ano retrasado, a equipe responsável pelas PPPs do estado já havia sinalizado internamente a incapacidade financeira do governo baiano para cobrir a diferença do próprio bolso. Em 2 de dezembro de 2021, a coluna noticiou que a elevação dos custos levou o então governador Rui Costa (PT) a cogitar um aditivo ao contrato com os chineses. Contudo, a decisão não encontrou respaldo legal, já que a medida só é válida depois que a execução da obra foi iniciada, e não antes.
Fio de esperança
A única possibilidade de viabilizar a ponte, conforme fontes do próprio governo, é de que ela seja acrescentada à lista do PAC 3, caso Rui Costa, hoje ministro da Casa Civil, consiga convencer o presidente Lula a incluí-la no programa e vencer a queda de braço com Fernando Haddad. Para o chefe da Fazenda a prioridade devem ser obras inacabadas e projetos de infraestrutura viária com foco maior em grandes sistemas de transporte de cargas, a exemplo de ferrovias e rodovias federais. O que não se aplica à ligação entre a capital baiana e a Ilha de Itaparica.
Bola fora
O líder da bancada governista na Assembleia Legislativa, Rosemberg Pinto (PT), cometeu uma barbeiragem sem tamanho ao retirar o projeto de lei original relativo à nova parcela dos precatórios do Fundef para os professores estaduais e propor o regime de urgência sobre a segunda versão, apresentada ontem. É que Rosemberg apresentou o requerimento de urgência sem que a segunda proposta tivesse sido encaminhada à Casa.
Pé embaixo
Alertado de que era impossível votar o pedido sobre um projeto que, a rigor, ainda não existia, o deputado petista solicitou que o governo acelerasse o envio da proposta para a Assembleia. No fim da tarde, o segundo texto foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Legislativo e teve a urgência aprovada pelo plenário.
ACM Neto, ex-prefeito de Salvador, ao comentar as declarações em que Jerônimo Rodrigues sinaliza uma possível anulação do contrato com os chineses
Ex-prefeito de Salvador