Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Roteirizo, logo existo

De 12 a 14 de março, o Coletivo4 Audiovisual promove, na ABI Bahia, quatro palestras com os seguintes temas: Elaboração de Projetos, Inteligência Artificial e Figurino

Publicado em 8 de março de 2025 às 06:04

O cinema é composto de imagens e sons, mas imagens e sons também estão presentes no campo literário. A imaginação, aliada à arte da escrita, é capaz de criar novos mundos e surpreendentes deslocamentos de perspectivas. Construir narrativas, inventar personagens e situações nos faz protagonistas da nossa história, nos faz refletir sobre a sociedade em que vivemos.

Por outro lado, mergulhar no mundo da escrita de roteiros nos ajuda a entender e a reagir às onipresentes e sutis narrativas manipuladoras. Criar roteiros é um desejo e uma necessidade daqueles que não se permitem estagnar, são eternos aprendizes em meio à alucinante rapidez de transformações técnicas e políticas típicas do nosso tempo.

O poeta baiano Damário Dacruz, num de seus poemas, afirma que “a possibilidade de arriscar é que nos faz homens”. Por isso, não nos é permitido recuar de nossas convicções diante de uma nação oca de valores. Ler e escrever sempre foram dispositivos eficazes de mudança, janelas de ação e reflexão fundamentais. Nos faz mais perspicazes e críticos diante da avassaladora tempestade de signos que nos impõem interpretações contínuas e velozes.

Parafraseando Mário de Andrade, afirmo que roteiros não se escrevem para a leitura de olhos mudos. Roteiros cantam-se, urram-se, choram-se. Nesses últimos anos, estive envolvido em projetos de difusão da técnica de escrita de roteiros para o audiovisual, lidando com públicos de classes sociais, formações culturais e faixas etárias diferentes. Destaca-se, também, a diversidade étnica e de gênero. Essa jornada de formação fez-me sentir vivo e realizado, interagindo com novos interlocutores e integrando redes criativas de grande potência transformadora.

Tudo começa em 2021, sob a égide da famigerada pandemia de Covid 19, quando um grupo de artistas, jornalistas, cineastas e produtores culturais, da Bahia e do eixo sul-sudeste, que até então desenvolviam iniciativas isoladas, resolveu encarar o desafio de trabalhar coletivamente em ciclos de oficinas prático-teóricas de roteiro audiovisual para além do circuito cultural já estabelecido, seja na capital ou no interior do estado da Bahia.

Se por um lado, produzir filmes custa caro, depende de equipamentos inacessíveis à maioria das pessoas e de uma gama de profissionais qualificados, escrever roteiros não. Com papel e caneta, conhecimento técnico, alguma inspiração e muita transpiração, é possível engaiolar ideias e publicá-las em forma de livro. Esse é o objetivo encampado pelo Coletivo4 Audiovisual através de oficinas presenciais e online denominadas “Dos filmes que ainda não fizemos”.

De 2021 até agora, foram finalizados quatro livros todos com histórias inéditas. Enfim, este acervo de roteiros revela muito do imaginário do povo baiano, seus interesses e opiniões. Todos os roteiros tiveram o acompanhamento cuidadoso de profissionais qualificados e apaixonados pela arte de contar histórias através de textos, imagens e sons. O primeiro passo de uma longa jornada foi dado. A Bahia pode comemorar esse feito: são 90 roteiros prontos para virar projeto e ganhar o mundo.

Entre os dias 12 e 14 de março teremos um encontro formativo e comemorativo com a realização do Lab Bahia na sede da Associação Bahiana de Imprensa. Serão três dias de atividades intensas, proporcionando aos roteiristas-autores mais uma oportunidade de ampliar conhecimentos no campo audiovisual. Serão quatro atividades de formação sob a batuta de profissionais experientes da Bahia, de São Paulo e de Pernambuco. Na pauta temas como Inteligência Artificial, Figurino, Elaboração de Projetos e um exercício de Pitching.

Após a folia momesca, o ano começou com força. É hora de arregaçar as mangas e trabalhar duro. “Passarinho que se debruça — o voo já está pronto!”, falou Guimarães Rosa.

Kau Rocha é jornalista e documentarista

Kau Rocha
Kau Rocha Crédito: Divulgação