O fenômeno eleitoral Pablo Marçal causa impacto na política da Bahia?

Empresário subiu 7 pontos na mais recente pesquisa Datafolha e está empatado na liderança da disputa com Guilherme Boulos e Ricardo Nunes

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  • Rodrigo Daniel Silva

Publicado em 26 de agosto de 2024 às 15:59

EPablo Marçal
Empresário Pablo Marçal Crédito: Renato Pizzutto/Band

Zero impacto na Bahia. Essa é a avaliação de atores políticos e estrategistas da comunicação ouvidos pela coluna tanto ligados ao grupo ACM Neto (União Brasil) quanto de Jerônimo Rodrigues (PT) sobre o fenômeno eleitoral Pablo Marçal (PRTB). Candidato à prefeitura de São Paulo, o empresário subiu 7 pontos na mais recente pesquisa Datafolha e está empatado na liderança da disputa com Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB).

Um integrante da cúpula de ACM Neto ouvido pela coluna acredita que o fenômeno Marçal não influenciará neste momento na política baiana, mas avaliou que o empresário alterou o modo de fazer política. No entendimento dele, quem quiser chegar à Presidência em 2026 terá que adotar o modelo de comunicação usado pelo ex-coach.

É o que aposta também um estrategista da comunicação baiana. Para ele, o “modelo Marçal” não vai impactar no pleito deste ano, mas precisará ser copiado para as futuras eleições. O empresário ganhou popularidade digital com cortes de trechos de entrevistas, sabatinas, participações em debates que depois são postados em redes sociais. Ele ainda promove competições de cortes de vídeos com direito a remuneração aos seguidores, o que fez a Justiça Eleitoral suspender as plataformas digitais dele no final de semana.

Para um outro estrategista da comunicação do grupo de Jerônimo Rodrigues, este episódio do Judiciário fortaleceu Marçal. Na avaliação dele, o empresário sabe surfar em polêmicas. Este especialista entende ainda que Jair Bolsonaro (PL) permanecerá como força política do campo da direita, mas alguns eleitores cansados do ex-presidente vão migrar para o ex-coach.

A leitura de outro cardeal da política baiana é de que Marçal virou uma ameaça para Bolsonaro. E, para ele, o maior interessado hoje em destruir politicamente o empresário é o ex-presidente da República, com receio de perder o seu eleitorado. No entendimento dele, o empresário é um “Bolsonaro modernizado”. Enquanto o ex-chefe do Palácio do Planalto sempre colocou alguém para administrar suas mídias digitais, é o próprio Marçal quem produz e controla suas plataformas.

Para este cardeal, “ninguém sabe a força política deste novo fenômeno”. Embora hoje pareça improvável a vitória de Marçal, diz ele, não é impossível. Na avaliação dele, se permanecer forte, o empresário pode atrapalhar os planos do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de ser candidato à Presidência daqui a dois anos.