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Rodrigo Daniel Silva
Publicado em 18 de janeiro de 2025 às 05:00
Na segunda quinta-feira de janeiro ou no dia 2 de fevereiro, basta ligar a televisão para se deparar com uma cena marcante: uma multidão ocupando as ruas da Cidade Baixa ou do Rio Vermelho, em Salvador. São pessoas vindas de todas as partes, reunidas para celebrar a fé.
Sempre que posso (e quase sempre posso), também marco presença - seja para acompanhar a Lavagem do Bonfim, seja para reverenciar a Rainha do Mar.
Já sei o que me espera: um sol de rachar, a multidão apertada e o trânsito tradicional. E não poderia ser diferente. Só na Lavagem do Bonfim deste ano, mais de um milhão de pessoas participaram, um verdadeiro espetáculo de devoção. Para colocar em perspectiva, isso representa cerca de um terço da população da cidade reunido em um único local.
Essas festas são tão a cara da nossa cidade que é impossível pensar em Salvador sem associá-la a elas. A mobilização nesses dias é impressionante: mesmo quem não participa fala sobre os festejos, e até aqueles de outras crenças acabam envolvidos de alguma forma. Por isso, proponho uma ideia simples e necessária: transformar um desses dias em feriado municipal.
A proposta é simples. Em 2023, o presidente da Câmara de Salvador, Carlos Muniz (PSDB), que foi reeleito para o cargo no início deste ano, trouxe uma sugestão interessante: tornar o Dia da Consciência Negra feriado municipal, seguindo o exemplo de outras cidades.
Pela lei federal nº 9.093/95, o número limite de feriados municipais é quatro e a capital baiana já conta com os seguintes: Sexta-Feira Santa, Corpus Christi, São João e Nossa Senhora da Conceição da Praia.
Na ocasião, o vereador propôs retirar a Sexta-Feira Santa da lista de feriados municipais, já que ela é feriado nacional, para abrir espaço para a nova data. Contudo, com a sanção da lei federal que tornou o Dia da Consciência Negra um feriado nacional, essa mudança não foi necessária.
Agora, aproveito o projeto do vereador Carlos Muniz para sugerir que a Sexta-Feira Santa, que já é feriado nacional, deixe de ser feriado municipal para que possamos incluir a Lavagem do Bonfim ou a Festa de Iemanjá no calendário oficial de Salvador. Afinal, ambas as celebrações são ícones culturais e religiosos da cidade, e o reconhecimento como feriado seria um passo natural.
Além do impacto cultural, a medida traria outros benefícios práticos. O trânsito, que já fica sobrecarregado nesses dias, poderia ser reduzido. Trabalhadores e estudantes não precisariam enfrentar a correria de sair de casa para professar sua fé e retornar às pressas para cumprir obrigações.
Com o feriado, as pessoas poderiam vivenciar a festa com mais tranquilidade - seja para celebrar, seja para descansar. Há ainda a possibilidade de atrair mais público, o que fortaleceria a economia local, com a geração de trabalho e renda.
Quanto à escolha entre a Lavagem do Bonfim e a Festa de Iemanjá, deixo essa decisão para os nossos legisladores, que devem debater o que melhor representa a alma da cidade. O que importa é que Salvador reconheça a importância dessas manifestações populares e religiosas.