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Redes Sociais como palco de liderança

Líderes que encaram a vulnerabilidade como parte da construção de relevância encontram nas redes um campo fértil para exercitar liderança moderna

Publicado em 19 de fevereiro de 2025 às 05:00

Em 1984, distopia publicada em 1949, George Orwell descreveu as “teletelas”, dispositivos capazes de monitorar e compartilhar detalhes das vidas humanas. Embora acertasse na previsão do surgimento de tecnologias que conectam pessoas e moldam redes de valores e opiniões, Orwell errou ao imaginar que apenas um líder totalitário, o “Grande Irmão”, controlaria tais tecnologias. A realidade hoje é muito mais complexa: todos somos observadores e observados, especialmente em redes sociais onde likes e dislikes ditam dinâmicas sociais e organizacionais.

Para executivos e líderes, as redes sociais representam tanto um desafio quanto uma oportunidade. A exposição a públicos diversos exige habilidade para gerenciar crises em tempo real, além de manter a coerência entre discurso e prática. Em um mundo digital onde erros podem ser perpetuados indefinidamente, como transitar nesse ambiente sem comprometer reputações?

Alguns líderes enxergaram as redes sociais como ferramentas poderosas para influenciar, inspirar e inovar. Jacinda Ardern, ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, ficou mundialmente conhecida na gestão da pandemia, ao usar as redes sociais para comunicar decisões políticas de forma clara e acessível, criando uma conexão direta e empática com a população. Tim Cook, CEO da Apple, usa as mídias sociais para reforçar valores corporativos como privacidade e sustentabilidade. Cook se posiciona de maneira consistente em questões sociais, ampliando a influência da Apple e conectando-se com diferentes públicos ao redor do mundo.

Por outro lado, as redes também expõem lideranças mal preparadas. Um exemplo é o do ex-CEO da CrossFit, Greg Glassman, cuja declaração insensível sobre o movimento Black Lives Matter nas redes sociais gerou uma grande repercussão negativa, prejudicando a reputação da marca e levou à sua demissão.

Há ainda aqueles que optam pelo silêncio absoluto em momentos de crise. Recentemente, a ausência de comunicação por parte de altos executivos da rede varejista H&M durante um escândalo interno relacionado às condições de trabalho em suas fábricas resultou em danos significativos à imagem corporativa.

Estar nas redes é opcional, mas manter coerência entre discurso e prática é essencial. Líderes que encaram a vulnerabilidade como parte da construção de relevância encontram nas redes um campo fértil para exercitar liderança moderna. Em tempos de hiperconexão, a transparência não é apenas um diferencial, mas uma exigência.

Como as “teletelas” de Orwell, as redes sociais registram tudo. Mas, ao contrário de seu universo distópico, elas oferecem a oportunidade de dialogar e construir relações autênticas. Líderes que souberem navegar nesse cenário complexo conquistarão não apenas relevância, mas também a confiança de seus públicos.

Patrícia Marins é gestora de crises de alto risco reputacional , sócia-fundadora da Oficina Consultoria e do WOB - Women on Board, Conselheira do MeToo Brasil e coautora do livro Muito além do Media training – O porta-voz na era da hiperconexão.