Um fã do CORREIO no governo, os empresários descuidados e a fuga de um candidato

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  • Coluna Pombo Correio

Publicado em 28 de junho de 2024 às 05:00

Governador mostrou mais uma vez estar atento ao asteriscão
Governador mostrou mais uma vez estar atento ao asteriscão Crédito: Ana Albuquerque/Arquivo Correio

Fã número 1

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) se mostrou mais uma vez leitor fiel do CORREIO nesta semana após o periódico publicar as vaias recebidas pelo petista durante o São João de Amargosa. Em mais uma demonstração de desprezo pela imprensa, Jerônimo atacou o jornal, chamado por ele de “jornaleco”, e disse que foi vaiado por “meia dúzia de pessoas”. Ele só esqueceu de mencionar que outros veículos de comunicação também repercutiram as vaias, talvez por ser fã de carteirinha do asteriscão! Mas o fato é que quem estava in loco na festa garante que as vaias, inclusive, foram muito mais barulhentas do que as registradas pelas imagens que viralizaram nas redes sociais. Bom, gostando ou não do “jornaleco”, Jerônimo já demonstrou estar atento.

Bode expiatório

No episódio das vaias, sobrou para o prefeito de Amargosa, Julio Pinheiro (PT). Interlocutores dizem que Jerônimo colocou o episódio na conta do aliado, uma vez que a cidade tem sido um dos principais redutos petistas no Recôncavo.

Chamuscado

As vaias para o governador em Amargosa, por outro lado, geraram uma preocupação na base governista sobre o real proveito de ter Jerônimo como cabo eleitoral nas eleições municipais. Afinal, ninguém quer atrair para si a reprovação cada vez mais sonora que o petista enfrenta, inclusive em cidade administrada pelo seu partido, como é o caso de Amargosa.

Corra da Folha

O vice-governador Geraldo Júnior (MDB) passou longe da sabatina proposta pelo portal UOL e pela Folha de S. Paulo para os pré-candidatos a prefeito de Salvador. A avaliação interna dos próprios aliados da campanha do emedebista é de que falta a ele conteúdo para enfrentar uma hora de questionamentos práticos e objetivos sobre a cidade. Não custa lembrar que o governador Jerônimo Rodrigues já passou por poucas e boas quando foi entrevistado pelos dois veículos, não sabendo, inclusive, responder a perguntas simples, como por exemplo o piso salarial pago aos professores da rede estadual. Ciente do aperto, e de que o lero lero não seria o bastante, Geraldo Júnior pulou fora. Adaptando o que diz na resenha esportiva, “Corra do UOL” - “Corra da Folha”.

Qualquer semelhança...

O “escândalo do milho” do governo Jerônimo guarda semelhanças com o caso dos respiradores que provocou um prejuízo de R$50 milhões aos cofres da Bahia durante a gestão de Rui Costa (PT). Como mostrou o portal Se Ligue Bahia, o governo já realizou 19 pagamentos, que totalizam R$16,8 milhões, a uma empresa de locação de veículos para a aquisição de milho. No caso dos respiradores, o governo pagou antecipadamente à Hempcare, importadora de produtos à base de maconha. Nunca recebeu os aparelhos e não viu a cor do dinheiro de volta.

Esquemão

Uma dupla de empresários tomava café da manhã no começo da semana no Almacen Pepe, no Horto Florestal. Descuidados, eles não perceberam que na mesa ao lado encontrava-se um grupo de procuradores de Ministério Público Estadual. Ao notar o teor da conversa, o procurador mais próximo da mesa resolveu gravar o bate-papo com o seu celular. Quem ouviu a gravação afirma que as conversas, nada republicanas, dão nome e sobrenome dos esquemas que eles operam em um órgão estadual.

Dívida de milhões

No desespero para tentar eleger seu sucessor, a prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho (PT), já deixou claro que não vai ter nenhum pudor com as contas do município. Ela solicitou à Câmara mais um empréstimo, o segundo em menos de um ano, agora no valor de R$60 milhões. O problema é que Lauro tem classificação C na capacidade de pagamento (Capag) do Tesouro Nacional. Ou seja, o município tem situação fiscal considerada ruim e, inclusive, não pode ter garantia da União para operações de crédito diante do risco de inadimplência. Agora, o povo quer saber para onde está indo tanto dinheiro, porque os serviços e a zeladoria da cidade só pioram.

Baixas

Enquanto isso, o candidato de Moema, Antonio Rosalvo (PT), segue sofrendo baixas. Nessa semana, o PMB deixou o grupo petista e passou a apoiar a pré-candidatura de Débora Régis (União Brasil), que lidera com folga as pesquisas e tem conquistado novas adesões. Recentemente, Solidariedade e PRD também desembarcaram do grupo de Moema e migraram para Débora.

Pelotão da resistência

O cenário que era difícil ficou ainda pior para o PT em Juazeiro. Além de Zó (PCdoB) e Roberto Carlos (PV), outros dois pré-candidatos de partidos que integram a base de Jerônimo se recusam a endossar o nome do ex-prefeito Isaac Carvalho (PT), que não aceita recuar, apesar de inelegível. Junto com os dois primeiros, Andrei da Caixa (MDB) e Márcio Jandir (PP) formam um pelotão de centro que põe resistência à cruzada encabeçada a todo custo pelo senador Jaques Wagner (PT). O resumo do jogo é que o PT vai implodir as relações políticas em Juazeiro.

Contas no vermelho

Causou apreensão a declaração do governador Jerônimo Rodrigues de que não consegue mais administrar o Estado com a receita vigente. Por isso, diz ele, é preciso recorrer a empréstimos. “Eu não tenho condições de governar a Bahia com o dinheiro apenas da receita nossa e enviarei quantos forem preciso”. Na saída para o São João, o petista enviou à Assembleia Legislativa a oitava operação de crédito em apenas um ano e meio de governo.

Oposição ao povo

A oposição ao prefeito de Santo Antônio de Jesus, Genival Deolino (PSDB), parece ter decidido se posicionar contra a cidade. A PPP que vai qualificar e modernizar o serviço de iluminação do município está na pauta da Câmara Municipal após ter sido amplamente discutida, mas o presidente da Casa, Chico de Dega (MDB), que era da base do prefeito e mudou de lado, não coloca na pauta de votação. Na última tentativa, inclusive, após ser cobrado, o presidente simplesmente encerrou a sessão e caiu fora. Quem perde é o povo.