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Pombo Correio
Publicado em 21 de março de 2025 às 05:00
Tiro pela culatra >
Caciques do grupo petista na Bahia começaram a observar que a estratégia de tentar atrair de maneira desenfreada prefeitos da oposição tem gerado pelo menos três grandes problemas. O primeiro é que, ao fazer este movimento, o governo tem causado uma enorme insatisfação dos aliados do PT nas cidades, fazendo que com estes grupos, antes da base petista, passem para o lado da oposição ao governador Jerônimo Rodrigues (PT). A sensação, dizem influentes parlamentares governistas, é que Jerônimo despreza os aliados e privilegia quem não estava com ele. O segundo ponto é que o movimento de atrair prefeitos não tem resultado em aumento de apoio popular do governo. >
Desconfiança>
O terceiro problema, este considerado mais grave, é que o governo terá dificuldade para honrar as promessas faraônicas que estão sendo feitas para seduzir os prefeitos. Segundo parlamentares da base, a avaliação interna é que as contas estão apertadas, apesar dos 15 empréstimos feitos pelo governador, e que o governo Lula (PT) não tem ajudado da forma esperada. Se soma a essa desconfiança o fato de o governo não ter honrado com compromissos firmados durante a campanha de 2022, o que deixou sequelas entre aliados nos municípios. >
Pérola vermelha>
Que o PT é especialista em tirar o braço da seringa e transferir a responsabilidade dos problemas da Bahia todo mundo já sabe, mas essa semana o partido conseguiu se superar. Nesta semana, o deputado estadual Rosemberg Pinto (PT), ao comentar sobre as invasões de terra no Extremo Sul e sobre a violência que assola o estado, soltou a seguinte pérola para atacar o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil): “E a violência é uma construção feita a partir de diversos fatores, inclusive a construção que o grupo político ligado ao ex-prefeito tem há 500 anos no Brasil”. Ou seja, para o líder petista, ACM Neto é aliado de Pedro Álvares Cabral. >
Derrota >
O avanço na federação entre União Brasil e PP jogou um verdadeiro banho de água fria naquele que era considerado o principal movimento político do governador Jerônimo Rodrigues: as negociações para o retorno dos pepistas à base do PT. Líderes governistas não esconderam a frustração ao tratar do tema durante conversas reservadas nesta semana, após a cúpula do PP aprovar, por unanimidade, o avanço nas conversas com o União Brasil para a formação da aliança. O resultado é encarado no governo como uma derrota do grupo de Jerônimo, Jaques Wagner e Rui Costa. >
Pragmatismo>
A iminente federação com o União Brasil trouxe uma sensação de frustração para alguns deputados estaduais do PP, mas não para todos. Sob reserva, parlamentares admitem a possibilidade de deixar o partido na janela partidária do ano que vem para buscarem uma legenda alinhada a Jerônimo. Contudo, alguns deles admitem que o momento pede cautela e que a decisão de deixar a sigla só deve ser tomada em março do próximo ano, quando o cenário eleitoral estará mais claro. Para estes, bater o martelo de mudança de partido e apoio a Jerônimo na eleição agora é muito precipitado. Alertam que a federação será o maior partido do país e, consequentemente, terá o maior fundo eleitoral. A palavra de ordem é pragmatismo.>
Baque eleitoral>
O deputado estadual Niltinho (PP) anda preocupado com sua reeleição no ano que vem. O parlamentar apostou alto na cidade de Gandu, onde conquistou mais de 6 mil votos na última eleição, um desempenho expressivo, fruto da parceria com o então prefeito Léo de Neco (Avante). No entanto, o cenário mudou: Léo agora quer disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa, o que pode dividir a base eleitoral. Outra cidade que pode complicar a vida do deputado é Ipiaú. A ex-prefeita Maria das Graças também cogita disputar uma vaga na Assembleia, o que representaria mais um revés para o pepista. >
Pouco ninho >
Niltinho, inclusive, é um dos parlamentares que cogitam a saída do PP para integrar o Avante, movimento que deve se intensificar após a federação dos pepistas com o União Brasil. Além dele, há outros nomes que pensam em migrar para a sigla do ex-deputado Ronaldo Carletto com o objetivo de se manter na base de Jerônimo. O problema é que, por lá, a avaliação é que o Avante é pouco ninho pra muito pássaro. >
Mau perdedor>
Soou, no mínimo, deselegante a ausência do ex-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Adolfo Menezes (PSD), no ato que oficializou Ivana Bastos em seu lugar, após sua saída determinada pelo STF. A ausência foi interpretada nos corredores da Casa como um sinal de que o ex-presidente ainda não desapegou completamente do cargo e ainda se comporta como mau perdedor. Em tempo, os funcionários do Legislativo não escondem a alegria pela troca na presidência. Dizem que os ares estão mais leves…>
De fiel a ausente>
Não bastasse a deselegância com a presidente Ivana, Adolfo também deu de ombros para a votação de projetos do governo na última terça, quando o governador Jerônimo Rodrigues (PT) pretendia ver aprovado o projeto que cria 63 novos cargos de livre nomeação na Casa Civil para abrigar aliados políticos que foram derrotados ou encerraram mandato em 2024. Se dependesse da presença de Adolfo para garantir o quórum de votação, o governador seria derrotado no plenário porque o ex-presidente não apareceu por lá. A matéria só pode ser apreciada porque o painel computou o registro de presença de um integrante da oposição. Todavia, a oposição votou contra a matéria. Para quem passou os últimos anos passando o rolo compressor e jurando lealdade ao PT, a virada de chave do pessedista foi muito ligeira. >
Solenemente ignorado>
O detalhe é que naquela mesma terça, o secretário de Relações Institucionais, Adolpho Loyola, almoçou com os líderes da bancada governista na Assembleia Legislativa e suplicou por quórum sempre que as matérias do Executivo estivessem na ordem do dia. A orientação foi que não houvesse agendamento nas secretarias no período que concorre com a sessão. A mensagem foi solenemente ignorada, entrou por um lado e saiu pelo outro, porque horas depois o líder da maioria, Rosemberg Pinto (PT), estava de cabelo em pé à procura dos liderados que simplesmente evaporavam e nem mesmo atendiam às ligações. >
A verdadeira face de Rui>
O vídeo em que o ex-governador Rui Costa (PT) faz menção à falecida mãe do prefeito Bruno Reis (União Brasil) é a pura síntese do jeito Rui de fazer política. Não é a primeira vez que o ministro ataca a família de opositores, inclusive citando relatos que não batem com os fatos. Mas nesse último episódio em especial, Rui Costa fez politicagem rasteira, ao usar o falecimento de uma paciente numa UPA de Salvador como gancho para uma disputa ideológica. Governador por oito anos, não há nos registros da imprensa nem do próprio governo uma manifestação sequer de Rui sobre os incontáveis casos de baianos que morreram enquanto aguardavam na fila da regulação do Estado. >
Rui fantasia>
Mas contraditório ainda foi ver Rui falar sobre oxigênio, sendo ele a personificação da emblemática compra milionária de respiradores que nunca chegaram à Bahia na época da pandemia. Pareceu uma piada de mau gosto, para dizer o mínimo. O rombo de mais de R$ 50 milhões nunca foi devidamente esclarecido, tão pouco o dinheiro recuperado. A agenda de saúde virou caso de polícia, com direito a queda de secretário, delação premiada e tudo mais. Pelo visto, Rui virou aquilo que ele mais temia: um virtual habitante da “Ilha da Fantasia” (nome que ele mesmo deu a Brasília) sem conexão com a vida real. >
Pedido e pressão>
Lideranças da microrregião de Irecê passaram a cobrar publicamente o governador Jerônimo Rodrigues (PT) sobre a realização de obras de infraestrutura antes da nova rodada eleitoral de 2026. Segundo eles, entre os quais está o deputado estadual Cafu Barreto (PSD), não há margem para reaquecer promessas que na verdade já deveriam ter sido cumpridas. Um dos principais pleitos é a ligação entre as cidades do território: de Central a Ubaí, Ubaí a Ibititá, Ibititá a Barro Alto, Canarana a Carfanaum, Gentil do Ouro a Ipupiara, além de conexões entre os povoados. O pedido vem em forma de pressão, afinal de contas as lideranças fazem questão de lembrar que a microrregião tem aproximadamente 400 mil eleitores, quantidade que representa a diferença numérica que garantiu a vitória de Jerônimo na última eleição.>