O político arrependido, o novo escorregão de Rui com o inglês e o surgimento do Centrão baiano

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  • Coluna Pombo Correio

Publicado em 14 de junho de 2024 às 05:00

Pré-candidato do MDB a prefeito acumula arrependimentos
Pré-candidato do MDB a prefeito acumula arrependimentos Crédito: Paula Fróes/Correio

Se arrependimento matasse...

O dito popular acima cai como uma luva para o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) em sua pré-campanha. Nos meios políticos ele já está sendo chamado de Geraldinho, o Arrependido. Diz ter "arrependimento mortal" do voto declarado em Bolsonaro. Diz também arrependido dos elogios que, durante os últimos 8 anos, proferiu efusivamente ao ex-prefeito ACM Neto e o prefeito Bruno Reis, ambos do União Brasil. O Arrependido-Mor da Primeira Capital do Brasil lamenta-se ainda de, num passado recente, ter liderado articulações para aprovar medidas contra o meio ambiente de Salvador. Será que ele vai se arrepender também de ser candidato a prefeito?

Soltando a mão

Por falar em Geraldinho, o Arrependido, tem gente graúda do Governo do Estado que, nos últimos dias, resolveu “soltar a mão” do candidato do MDB. Alguns assessores muito ligados ao ex-governador Rui Costa (PT) dão sinais que vão cruzar os braços na campanha que se aproxima. Só não se sabe, ainda, se estão orientados pelo antigo chefe.

Novela da esplanada

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, tem dado risadas e feito comentários ácidos em mais um capítulo da disputa dele com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). O novo episódio foi motivado por mais uma derrota do governo no Congresso, desta vez com a medida provisória que propõe mudanças das regras para créditos do PIS/Cofins, que caiu no colo de Haddad. Rui não esconde de ninguém e diz abertamente que defende a saída do ministro da Fazenda. Essa novela, que se estende desde o começo do governo Lula, promete mais capítulos eletrizantes.

Rice

Mas, por falar em Rui, a coisa também não anda boa para o lado do chefe da Casa Civil de Lula. Depois de deixar o cargo por causa da suspeita de conflito de interesse no polêmico leilão para compra internacional de arroz, o ex-secretário de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura, Neri Geller, jogou a batata quente no colo do ex-governador da Bahia. Disse em alto e bom som que o leilão foi “decisão da Casa Civil”. O caso fez muita gente lembrar da compra mal-sucedida de respiradores na pandemia, que foram negociados com uma empresa que vende maconha (Hemp Care) e que nunca chegaram à Bahia. Na época, Rui disse que fechou negócio de quase R$50 milhões sem reparar o nome da companhia porque não tem “domínio da língua inglesa”. E o leilão de agora, era de “Rice”?

G15 de Coronel

O senador Angelo Coronel (PSD) soltou o verbo nesta semana em Brasília e disse aos quatro cantos, para quem quisesse ouvir, que de fato romperia com o grupo do PT no estado se não tivesse garantida a sua vaga na chapa para a reeleição em 2026. Vendo o movimento para rifá-lo, o senador está criando na Assembleia Legislativa o chamado "G15", que vem sendo apelidado de novo "centrão" da Casa, para se impor ao PT daqui a dois anos. O grupo era "G10", como tem sido noticiado, mas nos bastidores já corre a conversa de que mais cinco deputados vão aderir à articulação de Coronel, que pretende reunir força para exigir ao governo que, pelo menos num primeiro momento, cumpra os compromissos assumidos.

Tic tac

Em Brasília corre o burburinho de que está para ser deflagrada uma grande operação da Polícia Federal no Judiciário baiano a partir de investigações e diligências do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Como antecipado pela coluna há alguns meses, o processo está avançando e o comentário no CNJ é que a operação está cada dia mais próxima. A expectativa, dizem interlocutores, é que a força tarefa tenha um alcance maior, inclusive, do que a operação Faroeste.

Em alta

Nos últimos dias, houve um claro crescimento da candidatura do deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil) à presidência da Câmara dos Deputados, na sucessão de Arthur Lira (PP). Alguns fatores corroboram para o avanço. O primeiro foi o apoio do PSB, que teve como pano de fundo a aliança com o União Brasil no Recife, onde o prefeito João Campos (PSB) vai disputar a reeleição. Além disso, Elmar já tem sinalizações fortes de apoio do PDT e, mais recentemente, tem tido uma aproximação com a direita mais ligada a Bolsonaro. O próprio ex-presidente falou a alguns interlocutores que, diante do quadro atual, o melhor caminho é apoiar Elmar.

Negacionista

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) deu mais uma prova nesta semana que o combate à violência não é prioridade em sua gestão. Mesmo diante do cenário de crescimento da criminalidade, com ônibus incendiado em Salvador e avanço de uma nova facção no estado, não houve sequer uma declaração ou providência anunciada pelo petista, que só aparece em eventos políticos no interior ao lado de aliados. O clima de insegurança e o avanço das facções parecem mesmo ter sido normalizados por Jerônimo, que começa ser chamado de negacionista da insegurança.

Dupla dificuldade I

As duas pré-candidaturas do grupo petista em Vitória da Conquista estão enfrentando dificuldades para avançar. Por um lado, o deputado federal Waldenor Pereira (PT), mesmo já tendo anunciado sua vice, segue ainda com problemas para engatar. Na semana passada, durante a Exposição Agropecuária da cidade, o petista andou pelo parque de exposições praticamente sozinho, ao menos do ponto de vista político, e foi tratado como um estranho no ninho na Jóia do Sertão. Raro foi ver alguém chegando perto para conversar ou tirar uma foto, o que é não é normal para quem está na vida pública há mais de 30 anos. O petista deve sentir falta da Fligê, que acontece em Mucugê, onde é sempre assediado pelo público.

Dupla dificuldade II

Por outro lado, a vereadora Lucia Rocha (MDB) tem tentado emplacar a narrativa de que é a herdeira política do saudoso ex-prefeito Herzem Gusmão, que faleceu em 2021. Contudo, ela tem sido massacrada pela aliança com o PT no estado. Nas redes sociais, chovem imagens de Lucia fazendo o "L" e ao lado de caciques do PT, como o governador Jerônimo Rodrigues. Herzem, vale lembrar, era um fervoroso adversário do PT.

Ponto de interrogação

O governador Jerônimo prometeu autorizar nesta sexta-feira (14) o início das obras do VLT do Subúrbio, mas, se assim o fizer, fará debaixo de uma interrogação gigante: de onde virá o dinheiro para a execução? A pergunta mora nos próprios editais publicados pelo Governo, que estimam uma despesa inicial superior a R$ 3 bilhões, mas não especificam qual será a fonte de recurso, o que é uma determinação legal.

Projeto piloto

E vejam só o absurdo! Quem acompanha a situação do Hospital Estadual Luís Eduardo Magalhães, em Porto Seguro, imagina até que a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) esteja usando a unidade como plano piloto para converter a unidade num hospital veterinário. Basta ver a quantidade de ratos que frequentam o local.