O novo capítulo do lero lero de Geraldo, Jerônimo semeia a discórdia e o fantasminha da Alba

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  • Coluna Pombo Correio

Publicado em 2 de agosto de 2024 às 05:00

Governado
Vice-governador Geraldo Júnior Crédito: Rafael Martins/GOV/BA

Fracasso do lero lero

Essa semana ficou claro porque o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) fugiu da sabatina promovida pelo UOL/Folha com candidatos a prefeitos das capitais. Durante encontro promovido por entidades do setor produtivo, o emedebista causou constrangimentos diante de seu despreparo. Na ânsia de descredibilizar a gestão municipal, Geraldo apresentou dados desconexos, se atrapalhou em diversos momentos ao analisar os números, expôs propostas genéricas em pouco tempo e terminou sua fala faltando ainda três minutos. Comentou também sobre a situação da segurança pública e disse que a oposição tenta “imputar responsabilidade” ao governo do estado, em tentativa frustrada de tirar o braço da seringa com a onda de violência na Bahia. Ao responder aos questionamentos elaborados por representantes, tentou enrolar e novamente se atrapalhou. Nos bastidores após o encontro, a avaliação dos participantes foi que a apresentação de Geraldo deixou muito a desejar.

Gasparzinho na Alba

O fantasma das rachadinhas, que outrora já assombrou alguns parlamentares, está rondando novamente a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Nos corredores da Casa, circula o burburinho de que a qualquer momento pode haver prisão de um deputado estadual. O tema, inclusive, já vem sendo tratado pela alta cúpula do Legislativo baiano.

Senhor da discórdia

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) vem causando insatisfação de lideranças políticas históricas do seu partido no interior do estado. Nesta semana, o petista reuniu lideranças da base de Teixeira de Freitas para anunciar que o governo dará apoio ao ex-deputado Uldurico Júnior (MDB), exigindo que todos os demais apoiassem o escolhido, o que irritou o ex-prefeito João Bosco, maior liderança petista da região. Ele avisou a Jerônimo que manteria a candidatura de sua esposa, Raissa Félix (PT), e rechaçou qualquer possibilidade de apoio a Uldurico. Já em Itabuna, o ex-prefeito Geraldo Simões ficou tão insatisfeito por ter sido limado da disputa eleitoral que já declarou apoio ao deputado estadual Pancadinha (Solidariedade), que vai enfrentar a reeleição do prefeito Augusto Castro (PSD), nome do governo. Tanto Simões quanto João Bosco andam criticando abertamente a postura do governador.

Acabou o amor

Por falar na reunião com a base de Teixeira de Freitas, o encontro teve a ausência de Eujácio Dantas, candidato do PSD, partido que integra a base do governador. Eujácio, que está em terceiro nas pesquisas, muito próximo de Uldurico, recebeu ligação até de Jerônimo para participar, mas avisou que jamais apoiaria o emedebista. A reunião, inclusive, foi marcada por muita tensão, palavrões e ameaças de Jerônimo, que, segundo interlocutores, avisou que quem não apoiasse Uldurico perderia todos os cargos no governo.

Pesadelo sem fim

O fantasma dos respiradores parece que ainda vai assombrar o ex-governador e ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), por muito tempo. Nesta quinta-feira (1º), uma operação da Polícia Federal relacionada ao caso voltou a atingir o petista, embora a força-tarefa não tenha sido contra ele. O alvo foi o empresário e lobista Cléber Isaac, que teria intermediado, entre o governo baiano e a Hempcare, a compra dos respiradores, que custaram quase R$50 milhões e nunca foram entregues. Delações premiadas apontam que Isaac se apresentava como amigo de Rui.

Cara amarrada

Rui Costa, inclusive, vem reclamando da atuação da Polícia Federal em relação ao caso dos respiradores. A pessoas próximas, não esconde a insatisfação pela continuidade das investigações e se queixa da relação do golpe com o seu nome, mesmo sendo ele o presidente do Consórcio Nordeste à época. A revista Veja publicou no mês passado que o ministro atribui à PF o vazamento de informações sobre a investigação. Talvez por isso o petista venha andando por Brasília com a cara amarrada, ainda mais do que o normal.

Entre a cruz e a espada

No próximo sábado (3), PT e MDB realizam suas respectivas convenções em Vitória da Conquista. As atenções estão voltadas para a Joia do Sertão Baiano por duas razões: a primeira é para saber como será a posição do governador Jerônimo Rodrigues, que afirmou em entrevistas que não ficará em cima do muro, mas até o momento mantém todo o aparato estadual a serviço de ambas as pré-candidaturas. Se o deputado federal Waldenor Pereira (PT), que é do partido do governador tiver força mesmo, vai exigir uma postura mais enérgica do cacique petista. Até porque, em todos os levantamentos sérios realizados de forma quantitativa e qualitativa, a situação se mostra muito desfavorável ao correligionário.

Gol de mão

Na reta final do prazo das convenções, o ex-prefeito de Juazeiro Isaac Carvalho (PT) quer a todo custo reverter a inelegibilidade que o acompanha desde que foi condenado por improbidade administrativa. A jogada mais recente é vista como uma tentativa de “gol de mão” e envolve um acordo com o Ministério Público para reativar seus direitos políticos em troca do pagamento de uma multa pelos prejuízos que causou aos cofres da cidade. Mas a manobra só pode ir adiante se for homologada pela Justiça, que por sua vez deu dez dias para o município dizer se topa os termos do tal acordo. Até lá, a janela eleitoral para inscrição de candidaturas já estará fechada.

Estelionato eleitoral

A nota nacional do PT referendando a reeleição controversa de Nicolás Maduro como presidente da Venezuela causou profundo constrangimento aos companheiros da Bahia, que tiveram de mergulhar fundo para esquivar repercussão negativa. Não bastasse o desconforto vindo de cima para baixo, petistas baianos ainda tiveram que lidar com a simpatia pública do secretário da gestão de Jerônimo, Davidson Magalhães (PCdoB), ao regime ditatorial de Maduro, com uma publicação celebrando a “democracia” venezuelana. Mesmo confrontado por aliados, o comunista dobrou a aposta e enfrentou muita gente nos comentários. Para quem dizia defender a democracia em 2022, pelo jeito há um flagrante estelionato eleitoral.

Combustível contra opositores

O governo estadual colocou na rua, no último final de semana, um lote de licitação prevendo obras de pavimentação em diversas cidades, num movimento interpretado politicamente como combustível eleitoral para aliados de Jerônimo. Barreiras, Juazeiro, Teixeira de Freitas, Itapetinga e Valença são algumas das cidades que entraram na mira do governador, que tenta remover de lá gestores que hoje estão no campo da oposição estadual.

Guerra fria na CCJ

A bancada do PT na Assembleia Legislativa da Bahia iniciou uma guerra fria entre os seus integrantes na disputa pela cadeira de presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que até então era ocupada pela deputada Maria del Carmen, agora licenciada para cuidar da saúde. Internamente, não abrem a menor possibilidade de o espaço ser ocupado por parlamentar de nenhum outro partido da base, ao mesmo tempo em que já descartam os nomes de Lucinha do MST e Radiovaldo, suplentes petistas recém-chegados à Casa. Quem também está na mira dos vermelhos mais radicais é Júnior Muniz, especialmente depois do episódio do “caderninho do governador” e o possível apoio à reeleição do prefeito Bruno Reis (União Brasil).