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Pombo Correio
Publicado em 5 de março de 2025 às 05:00
Soltinho na folia >
Teve um influente figurão do governo do estado “soltinho, soltinho” no Carnaval de Salvador. Entre olhares nada republicanos e galanteios, o rapaz estava “pra jogo” e fez questão de deixar isso claro por onde passou, seja nos circuitos do Campo Grande e da Barra-Ondina. Algumas cenas causaram constrangimento para as moças que eram alvo da figura, diante da postura indecorosa do galanteador. >
Choque>
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) levou um verdadeiro choque de realidade ao andar pelas ruas de Salvador durante o Carnaval. Na Barra, enquanto atravessava um corredor cercado de seguranças, o petista ouviu coro de vaias e saiu com cara de poucos amigos. A missa de corpo presente jogou um balde de água fria na empolgação que o governador nutria com sua aprovação de 61%, revelada pela pesquisa Quaest/Genial divulgada semana passada. Às ruas, pelo menos em Salvador, deram um recado oposto. Aí, vale aquela máxima: “alguma coisa errada não está certa”.>
Repercussão >
Surpreendeu a cúpula governista a repercussão das vaias contra Jerônimo. Nas redes sociais, somente em três perfis observados, foram quase 4 milhões de visualizações até esta terça-feira (4). E ainda tem liderança do interior do estado compartilhando as vaias, o que tem feito o alcance ser ainda maior. >
Frustração>
A apresentação do cantor Igor Kannário no Campo Grande causou bastante frustração para caciques do governo do estado. A expectativa era que a passagem do cantor em sua tradicional pipoca, bancada pelo governo, ajudasse a alavancar Jerônimo com o público. Kannário até tentou levantar a bola do governador, mas a reação do público foi muito tímida. Para completar, o artista voltou a causar polêmica com a polícia e abandonou a apresentação no meio do trajeto após acusar agentes de segurança de violência contra sua pipoca. O resultado, avaliam fontes do governo, foi trágico.>
Ausente>
Conhecido por sempre invocar discursos de identidade e resistência, o governador Jerônimo Rodrigues ignorou solenemente a saída do Olodum e do Ilê Aiyê, dois dos maiores símbolos da cultura afro na Bahia, no Carnaval deste ano. Na sexta, Jerônimo trocou o Olodum por uma agenda no interior do estado. No sábado declinou do Ilê, apesar de estar na capital baiana. Em ambos os eventos, os aliados notaram e torceram o bico para a ausência. Pelo visto, o discurso identitário de Jerônimo não se traduziu em prestígio. >
Desprestígio>
Em compensação, Jerônimo escalou o vice Geraldo Júnior (MDB) para representá-lo nas duas situações, o que também não ajudou muito, dada sua desconexão genuína com os blocos afros. Pelo contrário, a passagem do emedebista, que também carregou a nomenclatura de coordenador do Carnaval, ficou aquém da relevância cultural dos blocos. No Ilê, por exemplo, Geraldo saiu antes da hora e sequer prestigiou o ritual religioso que abriu o desfile dos tambores na ladeira do Curuzu. E o pior, ao que parece a indelicadeza não foi nem percebida. Acabou passando como um ilustre desconhecido. >
Fantasia>
Por falar em vice, um integrante do governo ironizou e disse que o adereço de coordenador do Carnaval vestiu bem em Geraldo Júnior: “Tudo a ver, Carnaval é uma verdadeira fantasia mesmo”. >
Freio de mão>
Integrantes do PP avaliam que o retorno do partido para a base do PT na Bahia começou a emperrar. Embora parlamentares negociem a retomada da aliança, rompida em 2022, pepistas dizem que o movimento nacional do partido, que ensaia um distanciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de questões relacionadas às negociações com parlamentares, travam as conversas. Integrantes da cúpula petista seguem, no entanto, publicamente, dizendo que acreditam no retorno. Por outro lado, deputados estaduais do PP, que integram a base de Jerônimo na Assembleia, já admitem, em conversas reservadas, que o movimento de retorno oficial do partido à base tem se complicado.>
O preço>
Petistas baianos começaram a apontar o dedo contra a continuidade da federação com o PV e o PCdoB porque alegam ter tido prejuízo nas eleições proporcionais de 2022 e 2024, mas logo foram advertidos a moderar o tom porque o momento é de fragilidade política e não permite o capricho de expurgar aliados. Valmir Assunção, deputado federal, disse sem cerimônias à imprensa que não tem a menor simpatia com os federados, mas “se isso for o preço de continuar governando a Bahia e Brasil”, vai engolir seco e seguir o baile mesmo com o descontentamento escancarado.>
Opções>
A notícia de que a cúpula petista anda querendo acabar com a federação com PCdoB e PV provocou dor de cabeça aos verdes baianos. Na Assembleia Legislativa, os quatro deputados estaduais disseram que já é difícil continuarem no partido mesmo com a federação e, sem ela, devem mesmo mudar de legenda. Já começou o burburinho de que os parlamentares começaram a sondar possibilidades em outras legendas. Contudo, a avaliação na base governista é que eles podem ter dificuldades para encontrar siglas que os acolham devido ao peso eleitoral deles.>