Jerônimo tira o corpo, a saia justa de Brito e Rui e a Guerra Fria baiana esquenta

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  • Coluna Pombo Correio

Publicado em 12 de julho de 2024 às 05:00

Governador dá sinais de que vai tirar o corpo fora em eventual derrota de Geraldo Júnior
Governador dá sinais de que vai tirar o corpo fora em uma eventual derrota de Geraldo Júnior Crédito: Paula Fróes/Correio

Desilusão

O jantar de aniversário de Elmar Nascimento (União Brasil) reuniu três vezes mais deputados do que o evento de Antonio Brito (PSD) - ambos os baianos são cotados para disputar a presidência da Câmara dos Deputados. Apesar da força política demonstrada por Elmar, o que mais incomodou Brito foi a presença do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), de quem o pessedista sempre foi muito fiel na região de Jequié. Quem participou do jantar saiu convicto de que Elmar é mais favorito que nunca para conquistar a presidência da Câmara no próximo ano.

Corpo fora

Numa única tacada, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) quebrou o discurso da nacionalização da eleição, muito propagado pelos petistas, e ainda deu sinais de que vai tirar o corpo fora em uma eventual derrota do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) em Salvador. Em entrevista nesta semana, Jerônimo disse que “nas eleições municipais a tendência é que o governador e o presidente percam esse protagonismo”, indo de encontro ao que pregam seus próprios aliados, que investem pesado no discurso do “time de Lula”. O staff do vice-governador, pelo que se comenta, não gostou nada da declaração.

Amigos, amigos, negócios à parte

Na mesma entrevista, Jerônimo ainda colocou na conta do ex-governador e atual ministro Rui Costa a conta pelos altos índices de violência na Bahia. Ao rebater críticas do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) em relação à crise na segurança pública, o petista disse que “ele insiste em ficar trazendo dados de 2022”. O problema é que Jerônimo parece ter esquecido que, naquele ano, a Bahia era governada pelo seu padrinho político e aliado Rui Costa.

Guerra Fria esquenta

Crescem os rumores de que Rui Costa vai tentar minar o governo de Jerônimo Rodrigues. O ministro e ex-governador intensificou a agenda da política baiana em seu gabinete e no Palácio do Planalto. Em tom de preocupação, interlocutores já comentam nos corredores que essa “guerra fria” pode resultar em muita dor de cabeça para o presidente Lula (PT).

Mantenha lonjura

Parte da campanha de Geraldo Júnior e Fabya Reis (PT) já defende a tese de se distanciar da imagem do governador Jerônimo Rodrigues, cuja reprovação em Salvador é de quase 60%, segundo mostrou a última pesquisa Real Time Big Data. Por outro lado, a ala mais ligada ao petista resiste à estratégia, sob o argumento de que ele pode ficar ainda mais isolado, sem ninguém para sair em defesa da sua campanha, que a propósito ainda não entrou nos trilhos.

O preço da distância

Por falar em lonjura, desde a confissão de que manterá distância da disputa em Salvador, o ministro Rui Costa virou alvo de uma artilharia ainda maior entre os seus. Mas uma das reações mais emblemáticas vem da dobradinha entre Otto Alencar (PSD) e Jaques Wagner (PT), que afinaram o discurso em defesa da reeleição do senador Angelo Coronel (PSD) em 2026, deixando de fora os planos de Rui de disputar uma cadeira no Senado. Sem isso, restaria a Rui torcer pela reeleição de Lula a fim de se manter no quadro ministerial, ou quem sabe até sair a deputado federal.

Respingo

Pelo menos na segurança pública, a rejeição de Jerônimo já está atingindo em cheio Geraldo. Nesta semana, com a divulgação de que Salvador e região metropolitana tiveram 103 pessoas baleadas em junho, Geraldo recebeu uma enxurrada de críticas nas redes sociais. Muito lembraram que o vice-governador tem, para sua segurança, 33 policiais, enquanto outros criticaram a falta de solução. “Violência tamanho G! Padrão Jero e Geraldinho!”, ironizou um usuário do Instagram.

Testado e reprovado

O pré-candidato do PT em Lauro de Freitas, Antônio Rosalvo, nome da prefeita petista Moema Gramacho, não tem encontrado vida fácil. Empacado nas pesquisas e enfrentando forte rejeição nas ruas, Rosalvo viu agora ganhar forte repercussão o resultado de sua eleição em 2020. Naquele ano, o então vereador, que tinha sido inclusive presidente da Câmara Municipal, tentou a reeleição e foi derrotado nas urnas, ficando apenas como suplente. Por lá, o povo anda dizendo que Rosalvo já foi testado e reprovado.

Barrado no baile

O ex-prefeito de Juazeiro Isaac Carvalho (PT) vem sofrendo sucessivas derrotas na Justiça e tem visto sua situação se complicar. Mesmo inelegível, o petista bate o pé que será candidato a prefeito, o que tem irritado a base aliada no município e até lideranças estaduais. A avaliação da base governista é que a insistência de Isaac, com o aval da cúpula do PT, enfraquece o grupo, visto que, segundo interlocutores, ele não conseguirá disputar a eleição.