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A tesoura de Moema em Lauro de Freitas, o 'enxuga gelo' de Jerônimo na violência e a manobra dos números do PT

Leia a coluna na íntegra

  • P
  • Pombo Correio

Publicado em 1 de novembro de 2024 às 05:00

Prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho
Prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho Crédito: Antonio Queirós/GOVBA

Demissão em massa

Aconteceu o que todo mundo já esperava após a eleição em Lauro de Freitas: a prefeita de Moema Gramacho (PT) vem promovendo uma verdadeira demissão em massa nos últimos dias. Fontes da coluna garantem que a leva de demissões já chegou à casa dos milhares, tanto em secretarias quanto de funcionários terceirizados por meio de cooperativas. Como a estratégia do empreguismo às vésperas das eleições não deu certo, visto que o grupo da prefeita perdeu para Débora Regis (União Brasil), agora Moema decidiu botar todo mundo para fora.

Olha o Gelo!

A fábrica de memes do governador Jerônimo Rodrigues (PT) atacou novamente. Após comparar, recentemente, a crise de violência a uma “gripezinha”, o petista disse nesta quinta-feira (31), na reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com governadores para discutir segurança pública, que tem o sentimento de que está “enxugando gelo”. Ele citou investimentos realizados na área, mas afirmou que “os resultados são menores do que esperávamos”, o que representa uma contradição, já que o próprio governador vem comemorando os índices de segurança no estado. A dúvida é se os governadores dos estados que conseguiram reduzir drasticamente as taxas de violência, a exemplo de Goiás, também têm a sensação de que estão enxugando gelo.

Prioridade petista

Se o governador Jerônimo Rodrigues se esforçasse tanto para mobilizar as forças de segurança pública para combater o crime organizado, como fez nas eleições em Camaçari, talvez a Bahia não fosse disparada o estado mais violento do Brasil. Nos últimos dias do segundo turno na cidade, o petista mobilizou seus comandantes, mas não para combater o crime e sim perseguir adversários políticos, como denunciou a oposição. Na delegacia da cidade, dezenas de pessoas, todas vestidas de azul, foram detidas.

Farda constrangida

Em Camaçari, vale ressaltar que os policiais militares envolvidos na operação de guerra montada por Jerônimo estavam visivelmente constrangidos. Em conversas entre eles, os agentes não esconderam a insatisfação por terem sido submetidos a situações como as vistas na cidade.

Piada parental

Virou motivo de piada na Câmara Municipal a indagação da vereadora Marta Rodrigues (PT) contra a aprovação do empréstimo para a prefeitura de Salvador renovar a frota de ônibus da cidade. Isso porque o seu irmão, governador Jerônimo Rodrigues, vive uma verdadeira farra de empréstimos no governo do estado, com operações de crédito que sequer apontam qual será a destinação dos recursos. Em termos de comparação, o valor requerido pela prefeitura e aprovado na sessão na última quarta-feira foi de R$ 264 milhões, enquanto Jerônimo já chegou à casa de R$ 13 bilhões em menos de dois anos de governo.

Democracia relativa

Ainda sobre Camaçari, a frase “a democracia venceu” dita por Jerônimo Rodrigues após seu grupo vencer a disputa na cidade pegou muito mal até mesmo entre os petistas mais raízes. A avaliação, até mesmo na ala mais à esquerda, é que a declaração do governador beira o despotismo, já que, na visão dele, só é democracia se o seu candidato for o vencedor do pleito.

Ressuscitador

Ainda sobre os empréstimos de Jerônimo, uma coisa mais grave chama a atenção: em pelo menos dois projetos enviados à Assembleia Legislativa, ele pede para “ressuscitar” operações de crédito feitas por Jaques Wagner e Rui Costa, ambos do PT, sendo R$ 800 milhões e US$ 400 milhões em 2014 e 2015, respectivamente. Na prática, Jerônimo queria usar a carta de autorização que seus antecessores tinham na gaveta, mudando a destinação do objeto. A manobra deixou no ar uma suspeita profunda: os empréstimos aprovados dez anos atrás nunca foram usados?

Manobra nos números

Após as eleições, o grupo petista no estado tem feito manobras e mais manobras para tentar dizer que saiu vitorioso. A celebração é que, segundo as contas do governo, Jerônimo elegeu 309 prefeitos, considerando os partidos de sua base. O problema é que, em muitos casos, prefeitos eleitos por partidos do grupo tiveram a oposição de Jerônimo durante a campanha eleitoral. Entre as maiores cidades, vale citar os exemplos de Brumado, Bom Jesus da Lapa e Itapetinga, onde os vencedores integram legendas do arco de alianças do PT, mas o governador fez campanha contra eles. Ou seja: o próprio Jerônimo os considera adversários. Há quem diga que são dezenas de casos parecidos. Na prática, os números não são bem os divulgados pelo PT.

Balanço positivo

O fato é que, apesar da derrota em Camaçari no segundo turno, a oposição conseguiu manter muitos espaços e até avançar em grandes e médias cidades, a exemplo das vitórias em Lauro de Freitas, Ilhéus, Casa Nova e Santo Estêvão. Até mesmo em Camaçari, a disputa foi muito mais acirrada do que a cúpula governista imaginava. Entre médias e grandes cidades onde a eleição foi estadualizada, o grupo do PT acabou sendo derrotado. O balanço da disputa, avaliam lideranças oposicionistas, é muito positivo e evidencia o desgaste de Jerônimo e do próprio modelo do PT, que vai chegar a 20 anos de governo em 2026.

Grito de liberdade

Voltando a Bom Jesus da Lapa, o deputado estadual Eures Ribeiro (PSD), eleito prefeito, deu um verdadeiro grito de liberdade. Em entrevista à imprensa, o pessedista disse que o PT “quis acabar comigo”, avisou que vai voltar para “consertar a desgraça que o PT fez na Lapa” e cobrou respeito do governo com os aliados. O recado foi dado.

Buraco

O alívio pelo fim do contrato de concessão da ViaBahia não demorou muito. Vários municípios perceberam que pode ocorrer um verdadeiro buraco existencial nos termos de compromisso que foram rascunhados com a concessionária prevendo intervenções que impactam diretamente a infraestrutura de suas cidades. E até agora não se sabe se o governo federal também assumirá o que a empresa havia pactuado com os municípios. Alguns desses termos envolviam a seção de terrenos públicos para viabilizar a realização de tais investimentos, que agora estão mais no campo da dúvida do que da certeza. Um prefeito bem-humorado ironizou a situação: “até saindo a ViaBahia deixa um buraco”.