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Pombo Correio
Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 05:00
Corre corre >
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) decidiu ressignificar de vez a alcunha de “Correria” dada ao seu antecessor, o ministro Rui Costa (PT). Com Jerônimo, a ‘correria’ se transformou em, literalmente, fuga de assuntos delicados para o governo, principalmente a segurança pública. No último final de semana, em Nova Ibiá, o governador foi questionado por um profissional de imprensa sobre casos de insegurança na área rural na região. No meio da pergunta, o petista simplesmente dá as costas e começa a correr. O repórter ainda tenta acompanhar Jerônimo, mas acaba ficando para trás. A cena seria cômica se não fosse trágica. Ao ver o vídeo, que viralizou nas redes sociais, um observador da política baiana brincou: “Depois do Correria, vem aí o Fugitivo”. Convenhamos, Jerônimo podia dormir sem essa.>
Da verborragia à corrida>
A ‘correria’ parece ser a nova estratégia adotada por Jerônimo para lidar com os assuntos problemáticos do seu governo. Vale lembrar que, recentemente, o governador já tinha se esquivado de uma repórter em Salvador ao ser questionado sobre o fato de o estado ter o pior índice de esclarecimento de homicídios dolosos no país. Como a estratégia de dar declarações se mostrou ineficiente, visto que as falas dele geravam muita dor de cabeça para o governo (vide a comparação da onda de violência com uma “gripezinha”), agora Jerônimo decidiu, literalmente, correr dos problemas.>
O povo não perdoa>
Nas redes sociais a turma também não perdoou a correria de Jerônimo com uma onda de comentários hilários. As reações começaram com “essa culpa eu não carrego”, enquanto os bem humorados viram a cena como uma piada. “Ele acabou de passar aqui em Cajazeiras", disse um seguidor. Um terceiro ironizou que até o final do mandato Jerônimo perde uns dez quilos de tanto correr da responsabilidade na segurança pública. No resumo da ópera, Jerônimo ficou com o selo de governador fujão.>
Wagner x Rui>
O senador Jaques Wagner (PT) venceu mais uma queda de braço na disputa com o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), por espaços no governo Jerônimo Rodrigues (PT). Com a primeira parte da reforma anunciada por Jerônimo, foi confirmada a saída de André Curvello da Secretaria de Comunicação (Secom), posto que é objeto de desejo do senador. Remanescente do governo Rui Costa, Curvello vinha passando, já há algum tempo, por um processo de fritura interna, principalmente por aliados próximos de Wagner, que quer agora indicar o sucessor. Entre os nomes cotados estão o do atual presidente do PT, Eden Valadares, o chefe de gabinete da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), André Ferraro, e o diretor-geral do Irdeb, Flávio Gonçalves, todos com aval do senador petista. Contudo, o martelo sobre o escolhido só deve ser batido em janeiro, segundo interlocutores. >
Conquista de território>
De acordo com fontes governistas, esse caso mostra que Wagner tem superado, e muito, Rui Costa em termos de influência no governo. Inclusive, pelo que se comenta, há uma ligação maior do próprio Jerônimo com o senador do que com o ministro. Além da troca na Secom, outra mudança que aponta para vitória de Wagner é o comando da Secretaria de Relações Institucionais (Serin), pasta responsável pela articulação política do governo. O escolhido foi o ex-chefe de gabinete de Jerônimo, Adolpho Loyola, mais uma cria de Wagner, que, segundo interlocutores, tem conseguido “sufocar” cada vez mais a influência de Rui na gestão.>
Nem ele nem eu>
Para tentar dar o troco, de acordo com fontes governistas, Rui Costa quer o comando da Embasa, hoje presidida por Leonardo Góes, indicado por Wagner. O ministro quer um nome ligado a ele para o posto, mas o senador tem tensionado. Vale lembrar que, no final de 2022, a dupla de caciques do PT teve uma disputa acirrada nos bastidores pela indicação pela Embasa. Na época, Wagner ganhou.>
Tiroteio>
Já é grande, inclusive, a disputa interna pelo comando da Embasa, do sindicato que representa trabalhadores em água até a alta cúpula do governo Jerônimo. No tiroteio, sobrou para Carlos Mello, presidente do Conselho da Embasa, que virou alvo de uma campanha agressiva de uma ala de petistas por ser visto como um sucessor natural ao posto. Enquanto a turma se estapeia internamente a Embasa encalhou o volume de investimentos mesmo com bilhões em caixa e segue marcada pela péssima prestação de serviço à população. Quem não tem uma reclamação contra a Embasa que levante a mão.>
Sinal vermelho>
A nova pesquisa Quaest confirmou a queda na aprovação e aumento na rejeição do governador Jerônimo Rodrigues (PT). O levantamento apontou uma redução de 9 pontos na aprovação (de 63% para 54%) e crescimento de 3 pontos na desaprovação (de 32% para 35%). O governador baiano foi o único a ter queda na aprovação acima da margem de erro e o único a ter aumento na rejeição, dentre os avaliados pela pesquisa. O ponto mais rejeitado do governo Jerônimo é, justamente, a segurança pública, com 42% de avaliação negativa. A tendência já vinha sendo registrada até mesmo em levantamentos feitos pelo próprio governo, segundo parlamentares. Agora, o sinal de alerta que estava no amarelo foi para o vermelho.>
Ensaio de rebelião>
Setores do PSD reagiram mal ao movimento insistente de alas do PT que defendem antecipadamente uma chapa majoritária puro sangue, colocando o partido de Otto Alencar como mero figurante na posição de vice em 2026. Prefeitos fiéis ao PSD já começaram a ensaiar uma rebelião contra o que chamam de tirania petista. Um deles aponta que não bastando estar no poder por quase 20 anos, a legenda ainda quer sufocar os aliados a essa altura do campeonato. A reeleição do senador Angelo Coronel começou a virar uma questão de honra para o partido.>
Fermento>
Não se sabe se, por desatenção com a gestão ou por vontade própria, o governador Jerônimo Rodrigues tem renovado sucessivos contratos com uma empresa que inflacionou seu faturamento desde o final do governo Rui Costa. Não se sabe exatamente qual área de atuação da empresa, já que seu nome é genérico, mas ela conseguiu a façanha de participar de diferentes projetos do governo fazendo saltar de R$ 700 mil em 2021 para R$ 57 milhões em 2024. A escalada com crescimento avassalador em menos de três anos se deu com pagamentos vindos em sua maioria a partir de indenização, ou seja, sem contrato prévio. E mais ainda, com origem no gabinete do governador.>