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A falha de Jerônimo no combate à pobreza, a desorganização na educação e o silêncio diante da impunidade

Leia a coluna na íntegra

  • Foto do(a) author(a) Pombo Correio
  • Pombo Correio

Publicado em 6 de dezembro de 2024 às 02:00

Governador Jerônimo Rodrigues
Governador Jerônimo Rodrigues Crédito: Reprodução/Youtube

Jerônimo falhou

Nem mesmo o malabarismo publicitário do governo do estado consegue evitar que a realidade dos fatos venha à tona. Depois de passar o ano de 2023 prometendo enfrentar a fome e a pobreza, inclusive com o lançamento do programa 'Bahia sem Fome', o governador Jerônimo Rodrigues (PT) recebeu um extrato negativo do IBGE, cujo relatório divulgado esta semana, apontou que quase metade da população baiana vive em situação de pobreza e 8,8% em extrema pobreza. E pior: a Bahia foi novamente o estado com maior número de pessoas vivendo na extrema pobreza. O resultado não é fruto do acaso. Como já mostrou a coluna, em 2023 Jerônimo deixou de aplicar R$ 270 milhões no combate à fome, embora o recurso estivesse disponível no Fundo de Combate à Pobreza (Funcep). De acordo com o portal Transparência Bahia, o fundo arrecadou R$ 979 milhões, mas o petista só aplicou R$ 702 milhões. Ou seja, ficou dinheiro parado no caixa enquanto muita gente padecia.

Trio passivo

O relatório do IBGE também jogou um balde de água fria na pretensão do governo de celebrar o aniversário de um ano da sanção da lei que, oficialmente, criou o 'Bahia Sem Fome'. Fato é que Jerônimo chega à metade do seu governo sem apresentar bons indicadores nem mesmo na agenda social e manteve a Bahia com o segundo maior número absoluto de pessoas pobres do Brasil, atrás apenas de São Paulo, que tem o triplo da população baiana. Jerônimo pode compartilhar a posição inglória com seus antecessores Rui Costa e Jaques Wagner, ambos do PT, que foram igualmente passivos e ajudaram a montar esse ciclo dantesco de 20 anos.

Segundo plano

Outra área do governo Jerônimo que vai mal das pernas é a Educação. Para além dos índices negativos, como o último lugar no país em aprendizagem de português e matemática no ensino médio, medidas administrativas apontam para a desorganização e a falta de planejamento para a área educacional. Um caso evidente são as sucessivas prorrogações da data da prova do Sistema de Avaliação Baiano de Educação (SABE), que deveria ser realizada no começo de novembro, mas até agora nada. A avaliação, promovida pela Secretaria da Educação do Estado, é considerada um termômetro para medir a qualidade do ensino e, inclusive, impacta na distribuição da cota do ICMS para os municípios. O adiamento prejudica demais as prefeituras, que andam preocupadas com o calendário. Em algumas delas, a avaliação vai ser aplicada após o fim das atividades regulares da educação.

Insatisfação geral

Os sucessivos adiamentos na aplicação da avaliação SABE tem causado grande insatisfação em prefeitos e secretários da Educação pela Bahia. Em grupos de WhatsApp, muitos têm se queixado da situação e reclamado da postura do governo. São duas as preocupações principais: a primeira é que a avaliação deve ser realizada entre 9 e 13, ou seja, já na reta final do ano letivo na maioria das redes municipais e, com isso, pode não haver engajamento dos alunos. Esse ponto leva ao segundo problema: o impacto no desempenho dos municípios na avaliação, que é levado em conta na distribuição do ICMS. Ou seja: se a cidade vai mal no SABE, pode receber menos dinheiro.

Silêncio e fuga

A triste imagem da semana é do governador Jerônimo dando as costas para uma jornalista que o perguntava sobre o fato de a Bahia liderar o ranking de impunidade no país. Em 2022, apenas 15% dos 5.044 homicídios ocorridos na Bahia foram esclarecidos, o menor índice do Brasil, segundo revelou levantamento do Instituto Sou da Paz. O silêncio e o desdém do petista são a síntese de um grupo político que não reúne mais as condições mínimas para enfrentar os desafios da segurança pública. A cena também faz lembrar do famoso “fui!”, de Rui Costa, que fugiu de uma coletiva em Brasília ao ser perguntado sobre a onda de violência na Bahia. Nada é mais emblemático do que dois governadores do PT dando as costas para o assunto.

Locação máxima

Mesmo sem ter feito mudanças acentuadas na estrutura administrativa do estado, o governador Jerônimo Rodrigues quase que dobrou a despesa com locação de mão de obra através de empresas terceirizadas. O gasto, que em 2022 era de R$ 890 milhões, passou para R$ 1,090 bilhão em 2023 e chegou a novembro de 2024 com R$ 1,4 bilhão já empenhando, segundo mostra o Portal da Transparência. Não contam nessa fatura as terceirizações de hospitais e unidades prisionais, que amontoam um orçamento exclusivo. Não bastasse esse vão livre de contratações, Jerônimo ainda colocou na proposta orçamentária para 2025 a previsão de fazer mais de 6 mil novas admissões via Reda, regime especial de contração que hoje já comporta 35 mil pessoas.

Voos escassos

A situação da escassez de voos regionais na Bahia parece piorar a cada dia. A queixa é praticamente unânime e envolve deputados, prefeitos, empresários e população em geral, que no final das contas é a principal prejudicada. Uma comissão de parlamentares chegou, inclusive, a se reunir nesta semana com integrantes do governo do estado para pedir providências, o que não vem acontecendo ao longo dos últimos anos. Quem perde é o povo da Bahia.

Pegou ar

A atual prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho (PT), precisou vir a público para tentar explicar a situação do município nesta reta final de sua gestão. Em suas redes sociais, a petista bradou e atacou adversários, mas não conseguiu explicar os graves problemas que acontecem na cidade, com diversos serviços públicos em situação de colapso.

Movimento silencioso

Integrantes do PSD na Bahia acompanham bem atentos, embora silenciosos, às movimentações partidárias para a reforma administrativa no governo Jerônimo. Dos espaços do partido, uma mudança já é dada como certa, com a saída de Jusmari Oliveira (PSD) da Secretaria de Desenvolvimento Urbano. Ela deve assumir a cadeira de Eures Ribeiro (PSD), eleito prefeito de Bom Jesus da Lapa, na Assembleia Legislativa. Pessedistas dizem que esperam manter os espaços e, além disso, ampliar. Argumentam que se o Avante, que pleiteia mais cargos por ter eleito grande número de prefeitos, merece mais espaço, então o PSD, que elegeu a maior quantidade de gestores municipais, também deve entrar nessa conta.