A alfinetada de Lula em Jerônimo, a colheita negativa, o puxão de orelha e o abandono de Geraldo Jr.

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  • Coluna Pombo Correio

Publicado em 19 de janeiro de 2024 às 05:00

Jerônimo aparece dando
Jerônimo aparece dando "puxão de orelha" no ministro da Casa Civil Crédito: Reprodução

Tendência de queda

O quadro ‘pense num absurdo, na Bahia tem precedentes’ desta semana vai para o ministro Rui Costa (PT). Durante uma entrevista à imprensa, ele disse que “a Bahia durante muitas décadas carregou indicadores sociais ruins” e que os governos petistas reverteram essa tendência, “com investimento forte em educação”. Discurso bonito, é verdade, mas os fatos dizem o contrário. Após os 17 anos de gestões do PT, a Bahia tem o maior número de analfabetos e de pessoas na extrema pobreza do país, conforme o IBGE, tem a segunda pior taxa de desnutrição infantil do país e está nas últimas posições da educação. Talvez Rui quisesse dizer que a Bahia vinha bem e, após os governos do PT, reverteram a tendência e colocaram o estado nas últimas posições.

Alfinetada do chefe

As gafes do governador Jerônimo Rodrigues (PT) não passaram despercebidas nem pelo presidente Lula (PT). Em agenda na Bahia nesta quinta (18), o líder máximo petista disse que o governador “está muito espertinho” e que “melhorou demais do primeiro discurso” para hoje. Mas no final do discurso, ao falar do Parque Tecnológico Aeroespacial, Lula arrematou: “O nome é tão bonito que o Jerônimo nem conseguiu falar direito”. Arrancou gargalhadas.

Colheita negativa

Outra fala do presidente causou constrangimento aos petistas baianos. Ao falar dos 17 anos de gestões de seus correligionários, Lula disse que Jerônimo “está colhendo o que foi plantado ao longo dos anos”. A fala vem num cenário de nova crise de violência no estado, que lidera com folga o ranking de homicídios, além de ser primeiro também em desemprego, analfabetismo e de pessoas na extrema pobreza. Convenhamos que essa “colheita” não tem sido nada positiva para o estado.

Esqueceram de mim

Durante o discurso, Lula praticamente ignorou a presença do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) no palco do evento. O presidente fez referências ao governador, a Rui e ao senador Jaques Wagner (PT) e brincou com a rivalidade da dupla BA-VI ao se declarar torcedor do Vitória, mas não citou Geraldo, frustrando as expectativas do emedebista. Restou ao vice-governador postar em suas redes sociais fotos ao lado do presidente, que, diga-se de passagem, estava de cara amarrada para o lado dele. As feições de Lula já viraram meme e, nas redes, usuários comparam a foto com Geraldo a uma imagem ao lado do prefeito Bruno Reis (União Brasil), em que Lula aparece com um sorriso largo.

Mais que mil palavras

Ainda sobre a agenda de Lula, chamou a atenção de observadores da política baiana uma foto em que Jerônimo aparece com a mão no rosto de Rui. A imagem sugere um “puxão de orelha”, o que, para muitos, representa que a relação entre ambos não é das melhores, visto que o governador não é muito simpático aos 'ruizistas' de sua gestão.

Faz o pix

Notícias bem frescas chegadas de São Paulo e Brasília dão conta que uma grande emissora nacional não anda nada satisfeita com a postura de um de seus âncoras na Bahia. Há fortes comentários de bastidores sobre novas histórias de pix rolando com empresários locais. A grande novidade é que existem sinais de uso da posição televisiva, sem conhecimento nem autorização dos superiores, para proveito pessoal e financeiro.

Figurativo e caro

O caixa do Estado viu as despesas da vice-governadoria aumentarem significativamente no primeiro ano de Geraldo Júnior no posto. Apesar do papel figurativo, porque não exerce nenhuma função específica de trabalho no Governo, o gabinete do emedebista custou R$ R$ 8,6 milhões, mais que o dobro da despesa de 2022 (R$ 3,4 milhões). Se somar o custo de 2021 (R$ 3,5 milhões), ainda assim os gastos de Geraldo ainda são maiores. Em parte, o que explica a gastança é a quantidade excessiva de agentes militares que saíram das ruas e ficaram à disposição do vice, cujos salários e despesas variáveis passaram de R$ 4 milhões em 2023, segundo mostra o portal Transparência Bahia.

Mensageiro do caos

A desistência do ex-vereador Moisés Rocha (PT) de concorrer a uma cadeira na Câmara de Vereadores de Salvador foi recebida como uma mensagem cifrada de que a pré-candidatura de Geraldo Júnior (MDB) é um prenúncio de apocalipse para candidatos da esquerda, especialmente para a federação PT/PV/PCdoB. “Não me sinto à vontade e nem com disposição”, a declaração é uma síntese do que se ouve nos bastidores.

Jenial, com J de Jerônimo

Encontraram uma forma JENIAL de posicionar a Bahia no topo dos indicadores divulgados recentemente pela CLP (Centro de Liderança Pública): a sugestão foi virar a lista de cabeça para baixo. Só assim, a Bahia ficaria melhor posicionada nos rankings de estados com menores taxas de desnutrição infantil (26º) e aqueles com os melhores índices de Capital Humano (27º), que avalia o nível educacional dos trabalhadores. A Bahia também ficou nas últimas posições (25º) na lista dos estados com mais empreendimentos inovadores, como parques tecnológicos e científicos.

Contradição

Esta semana, mais um episódio da vida real deu um choque de contradição na retórica do governador Jerônimo Rodrigues sobre segurança pública. Enquanto ele dizia nas redes sociais que não daria trégua ao crime organizado, uma facção assassinava a sangue frio um morador do Engenho Velho da Federação, em Salvador, que não teria deixado os bandidos instalarem câmeras de vídeo monitoramento no poste da sua casa. A execução do rapaz foi filmada e divulgada pelos criminosos nos grupos de WhatsApp como um recado. Pelo jeito, a bandidagem se sente em trégua, contrariando a versão do governador.

Calote

Um prefeito de uma cidade do Recôncavo baiano, muito próximo de caciques do MDB, entrou na mira do Ministério Público por um suposto 'calote' contra um grande banco. O caso é que a prefeitura firmou um convênio com a instituição financeira e se comprometeu a passar a ela os descontos em folha de empréstimos consignados feitos por servidores. O problema é que os valores não foram repassados ao banco dentro do prazo. O rombo é de R$ 176 mil e, agora, o MP já investiga o caso.