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Publicado em 26 de março de 2025 às 05:00
Em um mundo interconectado como o nosso, as decisões políticas e econômicas tomadas por uma nação podem reverberar além de suas fronteiras, impactando diretamente economias locais. Já parou para pensar como as políticas internacionais, especialmente as adotadas pelos Estados Unidos sob a administração do presidente Donald Trump, podem afetar os negócios na Bahia? >
Desde a sua posse, Trump tem promovido uma agenda protecionista, com a implementação de tarifas sobre produtos importados. Embora, por enquanto, o Brasil não seja diretamente alvo dessas tarifas, o impacto indireto pode ser significativo. Como segundo maior exportador de aço para os EUA, o Brasil enfrenta a possibilidade de uma redução na demanda e queda nos preços, afetando a indústria siderúrgica nacional e, por extensão, a economia baiana. >
As tarifas planejadas para produtos como aço e alumínio ainda não entraram em vigor, mas a expectativa é que as empresas americanas reduzam suas importações, preferindo produtos locais a preços mais baratos. Isso pode resultar em uma diminuição nas exportações brasileiras. O mesmo acontece com a possibilidade de impostos sobre importação de alimentos, que impactaria negativamente setores chave da Bahia, como o agronegócio. A soja, o cacau, o café e as frutas, principais produtos de exportação do estado, podem enfrentar concorrência mais acirrada de produtores americanos. >
A Bahia tem no agronegócio sua principal fonte de exportação, com mais da metade das vendas externas do estado oriundas deste setor. Além disso, a indústria de transformação também é uma parte fundamental para o desenvolvimento da economia local. Por isso, as tarifas americanas podem representar desafios para esses setores, exigindo adaptações estratégicas por parte do empresariado baiano.>
Diante desse cenário, os líderes locais precisam adotar estratégias proativas. A diversificação dos mercados de exportação e o investimento em inovação são caminhos fundamentais para mitigar os efeitos das tarifas. A antecipação das vendas externas, aproveitando o período anterior à implementação total das tarifas, pode minimizar os impactos negativos .>
Apesar das dificuldades, os Estados Unidos devem continuar sendo um parceiro comercial importante para o Brasil e a Bahia. A relação pode passar por ajustes, mas não deve sofrer uma queda drástica. Em um cenário dinâmico, a vigilância constante sobre as políticas globais e a busca por informações atualizadas são essenciais para que os empresários baianos possam se preparar para os obstáculos e aproveitar as oportunidades emergentes.>
Marcela Kawauti é economista-chefe e sócia na Lifetime Investimentos, palestrante em assuntos relacionados a Educação Financeira e speakers do evento Plano de Voo da Amcham Bahia>