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Os vinhos da capital: conheça a Vinícola Brasília

Hoje são plantadas em Brasília principalmente as castas syrah, sauvignon blanc e malbec

Publicado em 2 de junho de 2024 às 05:00

VINÍCULA BRASÍLIA
VINÍCOLA BRASÍLIA Crédito: DIVULGAÇÃO

Se você está planejando conhecer a capital brasileira, está na hora de adicionar ao seu roteiro pelo menos um dia de enoturismo. O Distrito Federal está repleto de vinhedos e vinícolas e o projeto mais recente, a Vinícola Brasília, abriu suas portas e seu receptivo há pouco mais de um mês. A iniciativa, fruto da união de 10 produtores de uvas finas na região, já atraiu mais de 1500 visitantes em seus primeiros 30 dias de operação.

Os enoturistas, que chegam curiosos para entender o que vem produzindo essa nova fronteira vitivinícola brasileira, são visualmente impactados com uma grande homenagem a um dos maiores atrativos de Brasília: sua arquitetura. O projeto arquitetônico, concebido por Ednilson Lazzeri e Renata Melendez, traz elementos brasilienses emblemáticos e clássicos do brutalismo tropical, como concreto aparente, rampas e espelhos d’água. Há, ainda, um pequeno vinhedo em frente à fachada.

O tributo à identidade arquitetural do Plano Piloto se estende à rotulagem dos vinhos. Hoje, são 5 rótulos e todos fazem referência ao design da cidade. São eles: Cobogó, um branco de sauvignon blanc intenso e de bom corpo; o Pilotis, um rosé com notas de frutas vermelhas e certa salinidade; Croqui, um blend tinto de malbec e syrah de corpo médio, boa acidez e bem fácil de beber, a linha Alvorada, com varietais de syrah e malbec encorpados, marcantes e com passagem por 12 meses em barrica, e o Monumental 1960. Este último, inclusive, foi reconhecido pela Avaliação Nacional de Vinhos como uma das 16 amostras mais representativas da safra de 2023.

Para a produção de cada um desses vinhos, inclusive os monovarietais, são feitos blends com uvas dos 10 vinhedos associados: Casa Vitor, Ercoara, Horus, Marchese, Miro, Monte Alvor, Oma Sena, Alto Cerrado, Vista da Mata e Villa Triacca. “E como todos esses sócios vêm de diferentes partes do país, destacamos que a Vinícola Brasília é um blend do Brasil”, destaca Artur Farias, gerente comercial e de enoturismo. Ele explica que 60% das uvas produzidas por cada um desses parceiros é direcionada para a elaboração da marca coletiva; enquanto 40% ficam com esses produtores para que façam seus rótulos de marca própria.

História, terroir & uvas

A Villa Triacca, que possui vinhedos e cave localizados a poucos metros da Vinícola Brasília, foi essencial para que esse projeto existisse. Segundo conta a pesquisadora Rebecca Piro, criadora do projeto Entusiastas do Vinho, 2016 foi o ano em que o produtor Ronaldo Triacca iniciou sua busca por parceiros para fazer vinhos brasilienses. “A colheita se deu em 2019, pela Villa Triacca; e a primeira vinificação ocorreu na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, em Caldas (MG). O primeiro vinho candango ficou pronto em 2020, antes da pandemia e recebeu o nome de Seu Claudino, em homenagem ao pai de Ronaldo Triacca”, explica a profissional.

A escolha do primeiro local para vinificação não foi à toa. É que em Minas Gerais foi aperfeiçoada uma técnica chamada dupla poda ou poda invertida, criada por volta dos anos 2000 pelo pesquisador e empresário mineiro Murilo de Albuquerque Regina. Com esse método, desvia-se a produção da videira para o inverno, quando há menos chuva e se consegue obter uma sanidade maior para as uvas, além de um período de maturação mais prolongado.

Uma mudança que vem permitindo a produção de vinhos de alta qualidade não apenas em Minas, como em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Bahia (Chapada Diamantina) e, mais recentemente, no Distrito Federal. “Brasília tem estações bem definidas, com clima seco no inverno e mais úmido no verão. A dupla poda, então, foi essencial para a elaboração de vinhos finos”, reforça Rebecca.

O terroir brasiliense é, ainda, formado por uma altitude média de 1000m acima do nível do mar, o que favorece a amplitude térmica com noites frias e dias quentes, desempenhando um papel crucial na produção da uva e, consequentemente, na elaboração do vinho. “O calor do dia promove uma maior concentração de açúcar e, consequentemente, na sua conversão em álcool; e as noites frias permitem preservar a acidez da uva. A amplitude térmica também favorece os compostos fenólicos, trazendo mais cor e estrutura ao vinho. Os solos, por sua vez, são arenosos e argilosos, com boa drenagem”, descreve a pesquisadora Rebecca Piro.

Essas condições do terroir geram vinhos mais potentes, estruturados e encorpados, “sejam eles brancos, rosés ou tintos; seja pelo teor alcoólico e acidez bem presente, sem ser agressiva”, adiciona Rebecca. Ela explica que não é incomum ver os tintos serem rotulados como “nobres”, categoria estabelecida em legislação para vinhos com teor alcoólico acima de 14%. O perfil aromático tende a variar, podendo exibir desde frutas frescas a frutas em compota ou secas.

Hoje são plantadas em Brasília principalmente as castas syrah, sauvignon blanc e a malbec; mas vêm surgindo microlotes interessantes com a cabernet franc, cabernet sauvignon, tempranillo, pinot noir, sangiovese, primitivo, chenin blanc e barbera. A vinícola urbana Vinícola Lacustre cultiva também a variedade merlot e produz o único espumante tinto da capital, elaborado com cabernet sauvignon e syrah.

Roteiro do enoturismo

Como visitar a Vinícola Brasília:  A Vinícola Brasília fica na BR-251, KM 07, na região do PAD-DF, sentido Unaí. Funciona das 9h às 17h30, de segunda à sábado; e de 9h às 13h aos domingos. As visitas podem ser feitas todos os dias, mas o tour guiado (R$ 150/pessoa) ocorre somente aos finais de semana. Essa modalidade inclui visitação em todas as áreas da vinícola e degustação de 4 rótulos, além de cesta de pães e azeite, queijos e salames artesanais. A reserva deve ser efetuada pelo WhatsApp, no número 51 9442-1975.

Outras vinícolas que possuem enoturismo e podem ser visitadas em Brasília:  Villa Triacca (https://www.instagram.com/villatriaccahotelvinicola), Ercoara (https://www.instagram.com/ercoara/) e Casa Vitor (https://www.instagram.com/vinicolacasavitor/). Em breve a Horus e a Oma Sena terão receptivo. A Marchese aceita eventos privados. A Vinhedo Lacustre (https://www.instagram.com/vinhedolacustre), que não faz parte do grupo da Vinícola Brasília, também recebe visitantes para minicursos, tours guiados e piqueniques.

Em quais locais de Brasília podemos degustar os vinhos locais: Os vinhos podem ser encontrados diretamente nas vinícolas, que fazem delivery; e em alguns restaurantes, como Don Francisco, Bloco C e no Modesto.