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Paula Theotonio
Publicado em 3 de junho de 2023 às 11:00
- Atualizado há 2 anos
Sim, temos um dia só para celebrar essa bebida tão apaixonante. Comemorado no primeiro domingo de junho, o Dia Nacional do Vinho nasceu em 2003 de maneira regional, com projeto de lei restrito ao Rio Grande do Sul; e virou uma data especial para toda a nação com aprovação no Senado em 2017. Também citado por muitos como Dia do Vinho Brasileiro, o marco visa a celebrar, de maneira integrada, a cultura, a história e a produção vitivinícola em nosso país.
E há muito do que se orgulhar. Graças às distintas condições climáticas e os diferentes manejos aplicados às videiras, nosso país se tornou o único do mundo a abrigar três tipos distintos de viticultura: a tradicional, de climas temperados e subtropicais e presente em estados do Sul e Sudeste; a tropical, aplicada no Vale do São Francisco; e a de inverno, presente em áreas de altitude no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
A prova da distinção desses terroirs está no crescente número de Indicações Geográficas de vitivinicultura. São dez Indicações de Procedência (IP), sendo oito para vinhos finos e duas para vinhos de uvas híbridas e de mesa; e duas Denominações de Origem (DO). Enquanto a IP é abrangente, atestando características geológicas, fisiográficas e/ou humanas, a DO vai além e prova ainda qualidade, estilo e sabor.
Para que você viaje por esse Brasil vitivinícola com segurança, sugerimos conhecer o que tem sido produzido nessas indicações; além de regiões que vêm crescendo e já têm associações formadas. Conheça algumas:
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DO Vale dos Vinhedos (Aprovale/RS) – A primeira denominação de origem do país foi de vinhos e protegeu o estilo e o terroir do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul. Engloba áreas específicas dos municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul. A região é montanhosa e seus invernos rigorosos e verões quentes beneficiam a concentração de açúcar e a coloração das uvas. Para que o vinho receba o selo desta DO, precisa seguir uma série de requisitos. Entre elas, o uso obrigatório de determinadas uvas, como Chardonnay para brancos e Merlot para tintos; envelhecimento mandatório em carvalho para os vinhos tranquilos, entre outras orientações. Para saborear: Casa Valduga Chardonnay Gran Reserva e Miolo Íride Sur lie Nature.
DO Altos de Pinto Bandeira (Asprovinho/RS) – Aprovada em dezembro de 2022, esta é a primeira denominação de origem de espumantes fora da Europa. Abrange a cidade de Pinto Bandeira e áreas delimitadas de Farroupilha e Bento Gonçalves; as quais apresentam solos de origem vulcânica (comuns à Serra Gaúcha), temperaturas amenas e boa circulação horizontal de ar. Estão autorizadas as variedades Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico produzidas na área delimitada; conduzidas em espaldeira e com colheita manual; e vinificadas pelo método Método Tradicional. O tempo de guarda deve ser superior a 12 meses e quanto à classificação, podem ser Nature, Extra-Brut, Brut, Sec e Demi-Sec. Para saborear: Cave Geisse Brut e Valmarino Val & Churchill Extra Brut 2019.
IP Vale do São Francisco (Vinhovasf/PE) – É a primeira demarcação geográfica do mundo com vitivinicultura tropical e a primeira indicação geográfica de vinhos no Brasil a compreender municípios em dois estados: Lagoa Grande, Petrolina e Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco; e Casa Nova e Curaçá, na Bahia. São cidades com altitudes máximas de 400 m, solos franco-arenosos e argilo-calcários e clima tropical semiárido, com temperaturas elevadas. Isso viabiliza a produção de uvas e vinhos de janeiro a dezembro, com duas podas e duas safras anuais; e possibilidades de colheitas escalonadas ao longo do ano nas diferentes parcelas de vinhedos. Para saborear: Rio Sol Paralelo 8
IP Farroupilha (Afavin/RS) — Esta é a primeira indicação geográfica nacional exclusivamente de vinhos moscatéis, sendo que a área delimitada concentra o maior volume de produção de uvas da família Moscato do Brasil. Engloba espumantes moscatéis, vinhos finos tranquilos, frisantes, licorosos, mistelas e brandies elaborados em 99% do território da cidade de Farroupilha e em pequenas áreas em Caxias do Sul, Pinto Bandeira e Bento Gonçalves. Para saborear: Espumante Casa Perini Moscatel.
IP Monte Belo (Aprobelo/RS) — O município de Monte Belo do Sul é o maior produtor per capita de uvas de variedades de Vitis vinifera da América Latina, com 16t per capita/ano. Em comparação com o Vale dos Vinhedos tem menos altitude e amplitude térmica mais acentuada, o que favorece a maturação de uvas brancas. Essa IP, concentrada em 80% no município de Monte Belo do Sul e 20% em áreas de Bento Gonçalves e Santa Tereza, certifica espumantes finos, espumantes moscatéis, vinhos finos tranquilos e secos brancos e tintos. Para saborear: Capoani Pinot Noir
IP Altos Montes (Apromontes/RS) — Esta é a delimitação que apresenta as maiores altitudes das indicações geográficas da Serra Gaúcha, com picos que chegam a 885m. Está restrita aos municípios de Flores da Cunha e Nova Pádua; e suas temperaturas amenas resultam em colheitas mais tardias em relação à média da Serra Gaúcha. Tem como produtos os espumantes finos brancos e rosados, o espumante moscatel e os vinhos finos tranquilos brancos, rosados e tintos secos. Para saborear: Viapiana Cabernet Franc
IP Campanha Gaúcha (Vinhos da Campanha Gaúcha) – Localizada em meio ao bioma Pampa, no Rio Grande do Sul, é a região produtora mais quente e com menor volume de chuvas do Sul brasileiro. Tem uma amplitude térmica bastante alta e seus vinhedos estão entre 100 e 360m acima do nível do mar. Faz fronteira com a Argentina e o Uruguai, e engloba 14 municípios da região. Tem como produtos os vinhos finos tranquilos brancos, rosados e tintos e os espumantes naturais. Para saborear: Rastros do Pampa Cabernet Sauvignon
IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina (Associação Vinhos de Altitude) – Esta indicação reúne vinhos finos tranquilos, nobres, licorosos, espumantes naturais, moscatéis e brandies elaborados em 29 municípios da Serra Catarinense. O clima nesta região é frio, o solo é basáltico e os vinhedos estão concentrados em altitudes entre 900m e 1400m. Para saborear: TORII Sauvignon Blanc.
Não é IP, mas vale conhecer:
● Serra da Mantiqueira e sua viticultura de Inverno: Artesã Mar de Morros Sauvignon Blanc 2021 (MG) ● Campos de Cima da Serra (RS) e seus vinhedos de altitude: Capella dos Campos Alvarinho ● Serra do Sudeste (RS) com seu clima de transição entre a Serra Gaúcha e a Campanha Gaúcha: Espumante Chandon Blanc de Noir ● Chapada Diamantina: UVVA Microlote Chardonnay 2021 e VAZ Pinot Noir 2022, que trazem toda a complexidade e o frescor dos vinhos dessa nova região produtora baiana.
Para conhecer a amplitude de terroirs do Brasil:
● Livro Expedição Cultural Vou de Vinho: Uma experiência entre vinhos e vinhedos, da enóloga Michele Zanella Cordeiro e da sommelière Deisi da Costa. ● Site Brasil de Vinhos (www.brasildevinhos.com.br), que reúne informações sobre vinícolas e lojas onde encontrar vinhos brasileiros.
Para adquirir vinhos brasileiros:
● Loja Sala de Vinhos, em Salvador — https://www.instagram.com/saladevinhos/