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Publicado em 16 de abril de 2025 às 05:00
Quando falamos em economia do mar, falamos de uma indústria oceânica que, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), pode dobrar seu valor, atingindo US$ 3 trilhões até 2030, gerando 40 milhões de empregos em todo o mundo. Na Bahia, estima-se que a economia do mar movimente R$ 80 bilhões anualmente. >
Mas, nada grande acontece de forma muito rápida. No entanto, se o trabalho for de excelência e estiver em sintonia com os anseios do mundo, basta continuar fazendo, que uma hora os objetivos são alcançados. Um bom exemplo disso é o Corais de Maré, um dos projetos da Carbono 14, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e o Instituto de Pesca Artesanal de Ilha de Maré (IPA), e patrocínio da Braskem, empresa que apostou na iniciativa.>
O projeto promove a recuperação de corais nativos da Baía de Todos-os-Santos (BTS) através de uma tecnologia inédita que utiliza o plástico e outros materiais para potencializar o crescimento da espécie de coral Millepora alcicornis. Em três anos, o projeto implantou 2.285 sementeiras de corais em 6 mil m² na BTS.>
Neste período o Corais de Maré se tornou uma referência tão grande, que serviu de inspiração para um projeto de lei executivo que cria a Política Municipal de Incentivo à Economia do Mar, determinando os parâmetros para atividades praticadas nos mares, exploração ou reaproveitamento de recursos aquáticos que gerem emprego e renda.>
Acredito que nossa principal contribuição é de engajarmos as comunidades. O Corais de Maré não é um projeto cientificista - a academia acompanha, orienta e avalia -, mas é uma iniciativa que envolve as comunidades que dependem dos serviços ecossistêmicos para a segurança alimentar e econômica de dezenas de milhares de famílias que vivem na BTS. Realizamos capacitações com eles sobre ecossistemas com foco em manguezais e recifes de coral, além de debates sobre economia circular, reciclagem, empreendedorismo e consumo consciente.>
Hoje existe um grande serviço de recuperação oceânica que precisa ser feito e, por isso, empresas e governos demandam iniciativas com esta finalidade. E agora, com o projeto de lei, as comunidades que já realizam estes serviços terão acesso, por exemplo, a assistências, editais e recursos. Estamos criando uma nova cadeia produtiva sustentável.>
Com toda humildade, não há hoje um projeto tão pragmático para a recuperação do oceano, e com uma visão tão social, quanto o Corais de Maré. É a academia, comunidade, poder público e empresas trabalhando juntos. Meu apelido, Zé Pescador, não é à toa. Para mim, restaurar os recifes de coral é como restaurar a mim mesmo. Este trabalho mudou minha vida, a maneira como me relaciono com a natureza e com as pessoas. Com isso, me veio a missão de vida que é mudar o mundo, através da conservação dos corais. E para mudar o mundo, basta começar. >
Zé Pescador é CEO da Carbono 14, startup de Salvador que realiza serviços de desenvolvimento e conservação ambiental em áreas costeiras>