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Quem é o baiano Zé Virgílio, do Instituto Arte no Dique, que atua em Santos (SP) há mais de 20 anos

Produtor e agitador cultural desenvolve um trabalho importante numa das maiores favelas do Brasil

  • Foto do(a) author(a) Osmar Marrom Martins
  • Osmar Marrom Martins

Publicado em 19 de outubro de 2024 às 08:00

Zé Virgílio
Zé Virgílio Crédito: Divulgação

O baiano Zé Virgílio, nascido em Salvador e atualmente com 73 anos, é formado em Administração de Empresas na Universidade Católica (Ucsal). Casado com Nice Gonçalvez, fotógrafa do Instituto Arte no Dique, tem uma filha chamada Mel. Os outros filhos dos vários casamentos são: Gabriel, Roberta, Udá, David, Vitória e Nani.

Ele sempre foi um agitador cultural em Salvador, onde ficou conhecido e respeitado pelo seu trabalho. Isso até o ano de 1999, quando foi para São Paulo, na região do ABC, trabalhar para a empresa Caco de Telha, de Ivete Sangalo, com os amigos Jesus Sangalo e João Clemente e uma pessoa de Santo André. Apesar de ser a produtora de Ivete Sangalo, ele não teve nenhuma relação profissional com a cantora.

Dessa parceria, nasceu o ABC Folia, uma micareta de sucesso em parceria com o Coco Bambu. Na época, o então prefeito Celso Daniel pediu um projeto social e, como ele tinha trabalhado anos no Olodum e no Ipac, ligou para João Jorge e criou o projeto chamado Régua e Compasso junto com alguns meninos do Olodum.

Missão cumprida, ele foi parar em Santos, onde foi trabalhar num local extremamente vulnerável, o que o motivou a fazer alguma coisa para mudar esse quadro. Isso coincidiu com as políticas públicas da gestão de Gilberto Gil, no Ministério da Cultura, complementadas por Juca Ferreira que o incentivaram na construção da sede do Astroging.

O Instituto Arte no Dique, que atende a comunidade da maior favela de palafitas do Brasil no Dique da Vila Gilda, em Santos, surgiu através da percussão e das políticas públicas e fez parte da primeira reação de cultura. “O trabalho que o Arte no Dique desenvolve é principalmente de cidadania, de formar oportunidades para essas pessoas terem direitos e, infelizmente, pela questão financeira, não têm. Os cursos que a gente oferece, as possibilidades de intercâmbio internacional e também o nosso projeto chamado O Som das Palafitas” explica Zé Virgílio.

Os cursos são direcionados para essa comunidade, incluindo geração de emprego, capacitação, formação e cidadania. “O carro-chefe foi a percussão com o samba reggae, na época, com o apoio também do Olodum. Vieram os meninos do Olodum com a percussão”, explica Zé, que não perdeu o contato com a Bahia que ele tanto ama.

A segunda oficina foi a do teatro e depois foi expandindo e alcançando todas as faixas etárias: jovens, crianças, adultos, idosos. Tudo isso para dar oportunidade de desenvolvimento às pessoas. Ao lado do Arte no Dique, tem um restaurante que serve refeições a preços populares.

"A minha atuação na Bahia, no aspecto cultural, foi a minha formação no serviço público, no Ipac. Depois que eu senti que o meu limite tinha chegado para alcançar outros objetivos, se eu tivesse algum desejo de assumir uma secretaria no Ipac, eu teria que me submeter a algumas situações que eu não tinha interesse e eu também era muito jovem ainda. Resolvi trabalhar na área de produção musical”, comentou.

Com o passar do tempo, ele percebeu que precisava fazer esse trabalho em outras partes do mundo. “Na época, em 2010, eu recebi uma ligação de uma jovem franco-brasileira e ela ganhou uma bolsa de estudos na cidade de Santos. Segundo o relato dela, ela viu uma entrevista que eu tinha dado e aí me procurou e começou a trabalhar comigo. Ela ganhou outra bolsa de estudos, e eu disse a ela: 'Eu tenho um projeto de internacionalizar o Arte do Dique e eu acho que isso é possível porque lá na Bahia eu vi muita coisa. E aí a gente foi ganhando o mundo.”

Mesmo com todas as dificuldades Zé Virgílio percebe “a transformação das pessoas que saem de uma situação muito delicada para ter uma qualidade de vida melhor com tudo aquilo que a instituição oferece. Para mim, isso é extremamente gratificante. É uma missão".

Perguntei quais são os próximos projetos do Instituto Arte no Dique: “Nós vamos inaugurar em novembro um consultório médico para atendimento de saúde mental. A depressão tá aí, muitas daquelas pessoas não sabem o que é depressão".

Antes de encerrar a conversa com o Baú do Marrom, Zé Virgílio fez questão de ressaltar: “Quem é da Bahia jamais vai esquecer a Bahia. Eu acho que é um braço do estado aqui. A Bahia está enraizada dentro de mim”.