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Osmar Marrom Martins
Publicado em 2 de setembro de 2023 às 08:30
Aos 43 anos e depois de 28 anos de carreira, o músico, o cantor, compositor e ator, Pedro Pondé passou do inferno ao céu em apenas 15 dias. Desde que passou a disponibilizar conteúdo erótico num site adulto, ele começou não só a ganhar dinheiro como segundo ele, “nem participando de um programa da Globo tive tanta atenção’. E haja atenção e curiosidade. E eu como o conheço e tornei seu amigo desde que produzi com Tio Bill o disco Kaya no Reggae, recebi muitas ligações querendo saber afinal quem é Pedro Pondé.
Para revelar esse artista que considero o melhor de sua geração, o Baú do Marrom conversou com Pedro de forma franca e bem aberta, E ele, como bom sagitariano, não fugiu da raia. Respondeu a tudo. Do seu começo no teatro na peça Saltimbancos; das entradas, saídas e retorno da Banda Scambo; da experiência com a Banda Círculo e dos problemas de saúde que passou a ter depois dos 40 anos.
Pedro também revelou que teve uma infância trágica com a morte do pai, assassinado e a convivência com a mãe alcóolatra. Os vários enfrentamentos da vida o fizeram superar esses traumas e agora ele vislumbra um novo momento com vários projetos à vista. A entrevista está muito interessante e a partir de agora você não terá mais dúvida em saber quem é Pedro Pondé.
BAÚ DO MARROM - Muita gente passou a lhe conhecer recentemente, depois de sua entrada no site adulto Privacy. Mas poucos sabem quem é Pedro Pondé, o músico, o cantor, compositor e ator. Como começou sua carreira nas artes?
PEDRO PONDÉ - Realmente, tem um monte de gente me conhecendo por causa do Privacy, os conteúdos vem sendo compartilhados em grupos de WahtsApp e páginas da Internet, e de certa forma viralizou, tá chegando gente do Brasil inteiro, nem participando de um programa da Globo tive tanta atenção, o interessante é que as pessoas também tão se interessando pelo meu trabalho musical, pelas minhas ideias, pela minha forma de ver a vida. Eu sou um cara simples, durante a maior parte do tempo cuido do meu filho e da casa, minha companheira trabalha viajando bastante e a base das minhas atividades é essa, o trabalho como compositor e cantor se realiza nos pequenos intervalos que tenho durante o dia.
Eu comecei no teatro, é a minha formação, comecei cedo e era o único branco de um grupo extremamente politizado, aprendi a pensar e ver a sociedade desse ponto de vista, aprendi a cantar no teatro também, quando interpretei o Jumento no musical Os Saltimbancos, sempre fui apaixonado por música, mas foi ali que as pessoas me perceberam como cantor e me incentivaram a continuar cantando, depois disso aos.. 22 anos, entrei pra Banda Scambo e ela se popularizou e ganhou muitos prêmios num curto espaço de tempo, saí da Scambo por divergências pessoais e profissionais, formei a Banda o Circulo, saí da banda porque o empresário era uma pessoa muito desonesta, voltei pra Scambo, gravamos mais discos, fomos um dos destaques do Programa Super Star da Rede Globo e depois saí novamente pra começar minha carreira-solo.
BAÚ DO MARROM - Você se sente no auge, agora?
PEDRO PONDÉ Hoje tô no melhor momento da carreira, nunca fui tão ouvido, minhas músicas também viralizaram e todos os dias vejo gente do mundo todo postando vídeos com elas. Meu pai foi assassinado com onze tiros aos 34 anos, eu tinha onze anos, minha mãe era alcóolatra e nossa condição financeira sempre foi desesperadora, perdi minha mãe também aos 49 anos. Isso tudo me quebrou todo por dentro.
BAÚ DO MARROM - Você me falou que há um ano sua vida estava numa bad total e quase entra em depressão. De repente o jogo virou. Como você analisa tudo isso?
PEDRO PONDÉ - Cara... eu já tinha problemas com depressão e ansiedade, minha infância foi uma tragédia, meu pai foi assassinado com onze tiros aos 34 anos, eu tinha onze anos, minha mãe era alcoólatra e nossa condição financeira sempre foi desesperadora, perdi minha mãe também ao 49 anos, isso tudo me quebrou todo por dentro, aí.. Aos 40 anos começaram as questões físicas, problemas nos joelhos, passei um tempo andando de bengala com muita dificuldade e muita dor, depois desenvolvi uma doença no ombro que me paralisou e me mostrou que a dor não tem limites, capsulite adesiva é o nome dá doença, a ciência ainda desconhece a causa e não existe cura, pensei que tivesse no fim da carreira, pensei que ia viver me arrastando até o fim, o que me salvou foi virar vegetariano, a partir disso .e recuperei rapidamente, tudo melhorou, sono, humor, disposição, tudo.
Paralelo ao meu sufoco acompanhei o sofrimento da minha sogra, ela teve câncer, cuidei dela durante três anos e a perdi há um ano, isso também me abalou muito, ela morreu segurando minha mão. A carreira também não tava indo bem e com a pandemia terminei me endividando muito pra manter o básico. Isso tudo junto me fez pensar em desistir. Tudo mudou há menos de 15 dias, e realmente parece mágica, saltei do pior pro melhor momento da minha vida abruptamente.
BAÚ DO MARROM - Desde que eu lhe conheci na Scambo, quando produzi com Tio Bill o disco Kaya no Reggae me tornei seu fã e amigo. O que mudou daquele tempo para hoje?
PEDRO PONDÉ - Você sempre me apoiou, desde o início, sou muito grato a você, sou fã de Tio Bill, aprendi muita coisa com ele. De lá pra cá eu amadureci muito, durante muito tempo fui maltratado e não sabia me defender, aprendi a me defender, também era muito sensível a críticas, me derrubavam, hoje me conheço mais, me respeito mais, e me sinto mais forte.
BAÚ DO MARROM - Até que ponto sua entrada no site adulto ajuda ou atrapalha sua carreira?
PEDRO PONDÉ - A entrada no site só ajudou, antes disso ainda teve o perfil sem filtro no instagram, a ideia era só postar uma música que fiz, uma música com um conteúdo mais adulto, muitas crianças me seguem e não seria apropriado postar essa música no perfil publico. Aí postei num .perfil fechado, onde tenho controle de quem entra, depois postei umas fotos se suas pra criar um contexto e..de repente uma página que ti há 157 pessoas saltou pra 10.000 e virou mais do que um perfil sensual, é m ambiente onde as mulheres e a comunidade LGBTQIAPN+ se sente confortável pra falar sobre seus desejos, vontades, e no direct também recebo vários desabafos sobre traumas, abusos, e sobre como tenho ajudado algumas pessoas a se reconectarem com seu corpo, a elevarem sua auto estima, casais também tão reaquecendo a relação, senhoras na melhor idade também seguem e mostram que também existe vida e sexo na melhor idade, enfim, virou um ambiente de liberdade, de afeto, de cura. O ponto negativo seria incomodar homens heteros e uma legião de conservadores, mas incomodar essas pessoas pra mim é um ponto positivo também, é uma forma de forçar reflexões.
BAÚ DO MARROM - Como seus fãs reagiram à sua entrada no site adulto quando viram as fotos "picantes"?
PEDRO PONDÉ - A maioria dos fãs tá adorando, se divertindo junto, outra parte preferiu não acompanhar essa face da minha personalidade, mas não deixaram de me admirar ou seguir meu trabalho, me respeitam, também respeito os limites de cada um deles.
BAÚ DO MARROM - Como é Pedro Pondé em casa, o homem casado, pai de família?
PEDRO PONDÉ - Em casa eu sou um cara totalmente apaixonado pela melhor pessoa que eu já conheci: Mariana. A pessoa que me entende mais do que eu, que me apoia em tudo, são 20 anos de relacionamento, oito anos de casamento, temos um filho super inteligente, engraçado, carinhoso, Elis, minha filha, que já está com 21 anos é um grande orgulho pra mim, se tornou uma mulher incrível, e uma pessoa linda, ela não mora com a gente, mas tem uma conexão fortíssima com a gente. É isso, minha família é meu maior motivo pra tudo, vivo por ela, é minha prioridade sempre.
BAÚ DO MARROM - Essa fama de marrento que você tem é verdade ou as pessoas exageram?
PEDRO PONDÉ - Eu não sei muito bem de onde vem essa imagem de marrento que algumas pessoas tem de mim, tenho teorias, acho que o tipo de música que eu fazia, mais agressiva, de protesto, minha performance teatral no palco pode ter alguma influência nisso, eu também era muito inseguro, deprimido, ansioso, entrava em pânico antes de subir ao palco, ficava meio atordoado em ambientes com muita gente. Quem não conhece nossos problemas pode fazer uma leitura equivocada de quem somos. Agora meu público hoje me conhece bem e sabe que eu estou sempre acessível, que sou muito carinhoso com eles, que a marra fica no palco com o personagem. Outra coisa, minha auto-estima era péssima, só comecei a fazer conteúdo adulto porque hoje aprendi a gostar de mim, a me cuidar e desenvolvi essa coragem de me expor sabendo quem sou, sem temer críticas destrutivas.
BAÚ DO MARROM - Quais os próximos projetos do artista Pedro Pondé?
PEDRO PONDÉ - Tem um produto áudio visual muito bacana que já foi gravado e tá no processo de edição, uma parceria com a Join entretenimento, a Macaco Gordo e a UBAQUE, uma parceria de peso que tem tudo pra expandir ainda mais meu trabalho. Tem música nova prestes a ser lançada, EM VOCÊ, que chamou a atenção de Lucas de Fiori, Olodum, e do Saulo, o Saulo gravou um voz e violão lindo dela e parece que vamos gravar juntos, Saulo, Olodum e Pondé, parece sonho, mas é verdade. Também tô iniciando um projeto musical novo com artistas que admiro muito, e um coletivo democrático, onde todos tem o mesmo peso, onde todos, músicos e cantores são sócios igualitários, ontem fizemos o primeiro ensaio e foi lindo demais, certeza que a gente vai se divertir muito e o público também, ainda tá meio em segredo, mas em breve vai ser revelado.