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Osmar Marrom Martins
Publicado em 11 de janeiro de 2025 às 05:00
Além das vozes marcantes de Aloísio Menezes e Portella Açúcar, outro personagem se destaca no Cortejo Afro, bloco criado pelo artista plástico Alberto Pita. Seu nome: Veko Araújo.
Também conhecido como 'o homem do sombreiro', ele faz performances durante os ensaios no Pelourinho. O que pouca gente sabe é que Veko é sobrinho de uma das figuras mais conhecidas na área da culinária baiana: o Firmino do Bacalhau cujo Restaurante ‘Bacalhau do Firmino” é referência quando se fala desse típico prato da culinária portuguesa e funciona atualmente no Cabula. O local continua sendo bastante frequentado.
De vez em quando, é comum encontrar Veko no Restaurante, ajudando suas primas e atuando como uma espécie de anfitrião. O que surpreende muita gente. Eu mesmo, antes de saber desse parentesco, quando o encontrei pela primeira vez fiquei surpreso. Todas as quartas ao lado de Portella Açúcar, Veko Araújo & a Outra Banda dABOCA se apresentam no Coletivo ABOCA -Associação Baiana e Observatório de Cultura e Arte, no Santo Antônio Além do Carmo.
Em conversa com o Baú do Marrom, Veko Araújo revelou quem é 'o homem do sombreiro' que se destaca no Cortejo Afro. Confira a conversa:
BAÚ DO MARROM - Desde quando você faz parte do Cortejo Afro?
VEKO ARAÚJO – Eu entrei em 2004, portanto já estou indo para 25 anos no Cortejo.
BAÚ DO MARROM - Qual a importância do Cortejo Afro em sua carreira?
VEKO ARAÚJO – Como eu venho do Movimento de Teatro de Rua, o Cortejo Afro vem reafirmar minha porção artista, “um apara-sol e chuva prenunciando a poesia pelas ruas”, disse José Carlos Capinam sobre Veko Araújo. O Cortejo Afro vem consolidar o meu lugar de Mestre da Cultura Popular no Estado da Bahia.
BAÚ DO MARROM - Como surgiu a ideia de se apresentar com esse sombreiro?
VEKO ARAÚJO - Tudo isso aconteceu na Celebração Dionisíaca (Carnaval). Eu como folião do Cortejo Afro, como num transe carnavalis, uma espécie de diálogo entre o mortal e o imortal, tomei o sombreiro (alegoria do Cortejo) da mão de uma mulher grávida que estava trabalhando, emblemática resistência daquela operária da alegria. Acredito que um raio alado de Zeus tocou no ventre daquela mãe e, naquele instante, já não era Veko Araújo, mas um Baco-Exu que sob os olhos visionários de Portella Açúcar e Alberto Pitta, vendo a farra baquiada de “ sátiros e mênades” numa orgia plena sob o Sombreiro-Afro, decretaram Veko Araújo como o Homem do Sombreiro, o Alá de Oxalá.
BAÚ DO MARROM - O que representa para você a história de seu tio Firmino do Bacalhau, uma figura muito conhecida dos baianos?
VEKO ARAÚJO - A história de meu tio-pai, que me deu régua e compasso, representa Superação, Determinação, Empreendedorismo e Contemporaneidade nos anos 1970, um Sucesso, meu eterno ídolo.
BAÚ DO MARROM - Já lhe encontrei algumas vezes no restaurante Bacalhau do Firmino no Cabula. Você vai sempre?
VEKO ARAÚJO - Sim, sempre que posso vou dar a minha contribuição às minhas primas-irmãs Ivani e Eliana Araújo, que movimentam a engrenagem, ponto de parada dos apreciadores da cozinha afro-portuguesa, como você Marrom, gratidão, Jorge Aragão, Ricardo Ismael, Luís Caldas, Paula Magalhães, Caetano Veloso, Marieta Severo, Reginaldo Farias, Angélica, Lan Lan, o saudoso Juca Chaves era habituê, como “ todo artista tem de ir aonde o povo está”. Cresci turbinado de ômega 3, rsrs, bolinho de bacalhau, diferenciado. O Bacalhau do Firmino (salada de bacalhau misturado à farinha de mandioca e azeite de oliva) é o carro chefe da casa, enfim, está na minha corrente sanguínea, comida boa e o amor incondicional dessa grande família. Recomendo.
BAÚ DO MARROM - Fale um pouco sobre você: quem é Veko?
VEKO ARAÚJO - Nasci na Vila Brandão, aquela comunidade cravejada entre a Igreja da Vitória e Santo Antônio da Barra, filho da enfermeira Maria Helena, irmã mais velha da minha tia e mãe Vanda, a esposa guerreira de Firmino, que amo de paixão, que me leva pra passar férias no Cabula e acaba me acolhendo e junto com Firmino me dão régua e compasso do ensino médio até ingressar na EBA-UFBA.
BAÚ DO MARROM - Além do Cortejo e do Restaurante, você tem outras atividades?
VEKO ARAÚJO - Entre Bacalhau (atendimento) vida com meus nove irmãos veio a arte pulsante, Teatro de Rua, Corais, Opera, Banda Rock, Cortejo Afro onde eu quebro a quarta parede, o que parece loucura tem uma lógica, como um divisor de águas, Poesia Pura. Dessa inquietação, Portella me convida pra ser Mestre de Cerimônias do “Templo do Imprevisível “ no Coletivo ABOCA -Associação Baiana e Observatório de Cultura e Arte, nasce o Dublê de Possibilidades.