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Os 65 anos dos Cavaleiros de Bagdá

Bloco carnavalesco foi fundado em 1953 e tinha Nelson Maleiro, o Gênio da Lâmpada, para confeccionar instrumentos de percussão, fantasias e alegorias

  • Foto do(a) author(a) Nelson Cadena
  • Nelson Cadena

Publicado em 15 de agosto de 2024 às 05:00

A Bahia já se encantou com a Lâmpada de Aladim e o Gênio da Lâmpada, a ficção da coletânea árabe das Mil e Uma Noites; desde 1953, quando fundado o bloco carnavalesco Mercadores de Bagdá e logo mais, em 1959, quando fundada a Sociedade Carnavalesca Cavaleiros de Bagdá, 65 anos transcorridos hoje. O Gênio da Lâmpada, em carne e osso, chamava-se Nelson Cruz, passou para história como Nelson Maleiro, participou do primeiro, fundou o segundo.

O gênio que habitava a lâmpada do conto árabe realizava desejos. Maleiro, também: confeccionando instrumentos de percussão, fantasias e alegorias, carros alegóricos, introduzindo efeitos estrambólicos de luzes, tocando saxofone, dentre outros instrumentos. E criando enredos para o desfile do bloco, ele próprio representando o personagem. Tocava o gongo dourado de ferro, um som estridente metálico, abre-alas do desfile.

O Cavaleiros de Bagdá nasceu na casa de Satu do Banjo, músico, pai de Ivan Lima, vice-presidente da Associação dos Amigos de Nelson Maleiro, na Baixa dos Sapateiros. Ivete Lima, sua irmã, a presidente. Dez amigos, oito deles afrodescendentes, bateram martelo para a provocação de Maleiro: “Estou magoado com Eduardo, vou fazer meu bloco”. Referia-se a Eduardo Lessa, recém-eleito presidente dos Mercadores de Bagdá. Integravam o grupo os irmãos Vavá Madeira e Armando Sá, carnavalescos protagonistas de respeito, na história do Carnaval de Salvador.

Vavá Madeira foi o fundador do bloco Primeiro Nos, na década de 1930 e mais tarde a principal liderança, dentre os fundadores dos Filhos de Ghandy, em 1949, foi ele quem sugeriu o nome. Depois, fez parte dos fundadores dos Mercadores e Cavaleiros de Bagdá. Armando Sá foi o criador do hino oficial do Carnaval baiano, em parceria com Miguel Brito, “Colombina”, gravado em 1957 e oficializado por decreto em 1970. Ainda hoje, interpretado pelas bandas de sopro, na Lavagem do Bonfim, Festa de Iemanjá, Desfile do 2 de julho: “Colombina eu te amei/ Mas, você não quis....”. Quem de nós não amou a Colombina?

Fundado o bloco, dissidência dos Mercadores, Maleiro e Armando Sá viajaram para o Rio de Janeiro, para encomendar o tecido das fantasias, prevaleceu a ideia de Armando, cores amarelo e preto, honrando sua paixão pelo Ypiranga. Maleiro desenhou os figurinos, Dona Estelita costurou na sua casa, no Jardim Cruzeiro. Os turbantes foram encomendados à mais badalada turbanteira da cidade, uma senhora, moradora na Rua da Independência. Um alfaiate fez os paletós da diretoria, com o mesmo tecido dos figurinos.

Desfilou com seis carros alegóricos, fez bonito na Avenida. Conquistou o primeiro lugar na categoria Pequenos Clubes, no concurso da Sutursa, o órgão de turismo da Prefeitura. Doravante, disputando primeiro, ou segundo lugar da categoria, com os Mercadores de Bagdá e os Filhos de Ghandy.

Nelson Cadena é publicitário e jornalista, escreve às quintas-feiras