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O desafio da liderança

Liderar gente é bem diferente de tanger gado,  mas em 2024 ainda dá pra contar no dedo quem já descobriu

  • M
  • Mariana Paiva

Publicado em 31 de agosto de 2024 às 14:44

Se tivesse tudo nos manuais de como ficar rico, Serasa nem existia. Mas as lideranças das empresas só leem isso, esquecendo - não à toa - da parte mais desafiadora, que é gerir pessoas. São elas que fazem a máquina rodar, o dinheiro entrar, porque monetizar é essencial e toda empresa precisa. Liderar gente é bem diferente de tanger gado, mas em 2024 ainda dá pra contar no dedo quem já descobriu. Infelizmente.

O que devia ser apenas um meio de vida pras pessoas vira, então, um suplício: gente doente o ano inteiro, com o coração palpitando na hora de bater o ponto de entrada, já antecipando as humilhações. Indo pro sacrifício pra pagar os boletos, o supermercado que tá cada dia mais caro, uma vida às vezes sem nenhum luxo mas muito cansaço. Tá todo mundo com ansiedade, com a pálpebra do olho tremendo do nada, com dor de barriga de nervoso só de pensar no trabalho. Eu sei que a gente normalizou, mas não era pra ser assim.

Por que? Porque as lideranças continuam toscas. Gente despreparada que não pede desculpa e que se comporta como o menino dono da bola quando não tá ganhando o jogo: toma a bola, fecha o campo e berra que NINGUÉM MAIS VAI BRINCAR. Falando sério, quantas vezes já vimos gente que chefia - porque liderar é outra coisa - dando piti quando fica sem argumento, repetindo "o chefe sou eu"? Tem até referência histórica (é até um pouco cômica), o rei Luís 14, da França, bradando "O estado sou eu". Pronto. Agora vá acalmar seu dedo de marcar, que eu sei que ele tá coçando pra botar aqui a @ de alguém.

Sim, gente, as histórias das pessoas às vezes são de superação, e manter uma empresa não é nada fácil. É o patrimônio de uma ou várias famílias em jogo, é equilibrar vários pratos ao mesmo tempo. Por que então não investir em lideranças treinadas para algo além de passar como um rolo compressor por cima das pessoas lideradas? Esse modelo de negócio ultrapassado pode até gerar receita imediata, mas ela escoa que nem areia na mão depois na justiça, em processos de assédio moral e outros tipos de violência. Adianta o que?

O que mais tem por aí é chefe, tipo o de Homer Simpson, o do desenho Os Simpsons. Sr. Burns, o dono da Usina Nuclear de Springfield, tirano de marca maior, a peste em forma de gente. Outro bom pra gente lembrar é sr. Richfield, terror de pessoa, chefe de Dino da Silva Sauro, lá da Família Dinossauro. Tanto exemplo famoso na ficção deve ser porque tem muito solto por aí, na vida real. Mas o décimo primeiro mandamento da boa educação (e do salário no dia 05 na conta) diz: não marcarás.

Isso tudo pra ocupar um lugar no organograma que era pra ser de alguém que soubesse cobrar as metas com respeito, monetizar o negócio sem esfolar ninguém. É possível? Sim. Mas a gente acostumou errado, a parecer que tá indo pra gravação de Rambo todo dia na hora do trabalho. É desviar de patada, berro, exposição pública, gente chamando gente de idiota. Vê se pode. Stallone, vem aqui ver um negócio.

Em nome de não mexer no time que tá jogando (e que muitas vezes nem tá ganhando), chefias tenebrosas vão sendo mantidas na empresa, ao custo do sacrifício das equipes que respondem a elas. Quem tá com a terapia e os boletos em dia sai na primeira oportunidade, na vaga que pode até pagar um pouco menos mas pelo menos não é no inferno. Como diz o dito por aí, trabalho é meio de vida, não é meio de morte. Fica a dica.

Mariana Paiva é escritora, palestrante, consultora em Pessoas e Diversidade na Awá Cultura e Gente, head de DE&I no RS Advogados e doutora pela Unicamp

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