Violência em escala: tráfico mira motoentregadores, comerciantes e moradores de Salvador

Confira os destaques da semana na coluna (IN)Segurança, de Bruno Wendel

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  • Bruno Wendel

Publicado em 22 de janeiro de 2024 às 05:00

Entregadora foi vítima do
"Tribunal do crime": entregadora morreu porque morava em bairro de grupo rival  Crédito: Reprodução

Quanto vale uma vida? A de um motoentregador custa os módicos R$ 6,50, valor de uma corrida na violenta Salvador. Em 2023, 60% dos 4 mil trabalhadores passaram por situações de risco, segundo associação da classe, a AMMMBA. No último dia 15, em Valéria, foi encontrado o corpo de Neiva Suelem Bastos, de 26 anos - ela foi vista com vida no dia 09, na Lagoa da Paixão, onde faria uma entrega. O comentário é que traficantes descobriram que Neiva era moradora de Fazenda Coutos, onde há um grupo rival, e, por isso, julgada no “tribunal do crime”. E na maioria dos casos é assim: viver ou morrer depende de quem está do outro lado da linha, normalmente em um presídio, que pode estar num dia cheio de ódio e, simplesmente, mandar “apagar” mesmo quem não tem nada a ver com a guerra.

"Pedágio do tráfico" em expansão

Agora são os comerciantes da Avenida Vasco da Gama que são obrigados a pagar taxa a traficantes. A cobrança começou a circular em grupos de WhatsApp no último dia 15 deste mês, com a justificativa de garantia de segurança - os valores variam do tipo de comércio e localização e alguns comerciantes pensam em fechar as portas. No dia 09 deste mês, o proprietário de uma oficia teve o carro de luxo incendiado porque recusou pagar o “pedágio”, conforme noticiou esta coluna. Em setembro de 2023, o dono de revendedora de gás foi executado pelo mesmo motivo em Cosme de Farias. A situação é tão da segurança está tão caótica, que tal prática do tráfico virou moda.

Avenida Vasco da Gama
Avenida Vasco da Gama Crédito: Jefferson Peixoto/Secom

Dias de terror

Rajadas que perfuram o silêncio e põe em risco a vida de moradores. A madrugada de sexta (19), foi de terror no Engenho Velho da Federação, quando traficantes do BDM e CV trocaram tiros na Baixa da Égua. Pelos 20 homens foram vistos com fuzis. Segundo o Instituto Fogo Cruzado, oito tiroteios foram registrados no local entre os dias 08 e 14 de janeiro, com dois mortos e dois feridos.

Engenho Velho da Federação registrou nove tiroteios em 15 dias
Engenho Velho da Federação registrou nove tiroteios em 15 dias Crédito: Marina Silva/CORREIO