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Bruno Wendel
Publicado em 6 de março de 2025 às 14:06
A ação da Polícia Militar que terminou com 12 mortes de integrantes do Comando Vermelho no último dia de Carnaval (04), foi o resultado de cinco pontos de confronto na localidade de Thetônio Vilela, em Fazenda Coutos. As trocas de tiros ocorreram dentro de duas casas, em um beco, uma laje e em um matagal. >
De acordo com uma fonte da Polícia Militar que participou da ação, os embates com os traficantes ocorrem numa região da Thetônio Vilela conhecida também como Eixo 21. “O primeiro caiu no beco, alguns correram para o mato, onde houve outro confronto. Depois, outra parte invidiu duas casas, onde teve novamente troca de tiros. Por fim, teve um que foi pra laje e de lá continuou atirando e acabou baleado”, conta a fonte. >
Segundo o militar, dias antes, o CV realizou várias investidas na tentativa de ocupar a Thetônio Vilela, área do Bonde do Maluco (BDM). Tão certo assim, vídeos mostram a ação dos traficantes. Um mais recente, mostra um dos “soldados” na rua com uma arma longa. Já um outro, montra o “bonde” em progressão no território do inimigo: ao menos 13 suspeitos caminham encapuzados. >
Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (5) sobre a ação de intervenção da polícia, o secretário de Segurança Pública (SSPBA) Marcelo Werner confirmou que a informação de invasão surgiu há 48 horas e que imagens ajudaram o setor de inteligência a encontrar os suspeitos.>
"Houve, inicialmente, uma área de conflito entre as facções, na disputa que eles promovem em violência para o domínio de território, para tentativas de domínio de território", disse. Informações colhidas por denúncias e videomonitoramento comprovaram "o bonde chegando àquela localidade para provocar terror e morte", acrescentou o secretário, destacando que, além de moradores expulsos de casas, há possibilidade de vítimas sob cárcere privado por horas na mira dos bandidos.>
De acordo com a fonte, participaram da ação 16 policiais distribuídos em cinco equipes da Rondesp BTS. Na terça de Carnaval, os policiais, que já tinham sido informados pelo setor de inteligência sobre a presença do CV, foram acionados por populares, sobre a presença de homens armados.>
"Os marginais eram invasores e por isso a comunidade não estava fechada com eles, ou seja, não teve ninguém para avisá-los de que já estávamos lá. Então, quando os 12 foram para a pista, deram de cara com a gente”, conta o militar.>
No dia seguinte, uma moradora que teve a casa invadida pelos criminosos prestou depoimento no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), onde auto de resistência foi registrado. “Ela e toda a família foram mantidas em cárcere privado e só foram liberadas quando a filha passou mal", conta o militar.>
Identificados >
Logo após as mortes, as fotos dos 12 mortos foram compartilhadas nas redes sociais. Em algumas imagens eles aparecem armados. Nas fotos, mensagens lamentando os óbitos: “Fica com Deus, hermanos”, "Pra sempre serão lembrados. Guerrilheiros” e “Vai com Deus, novato”. >
Dos 12 mortos, 11 foram identificados – dois são adolescentes. São eles: Davi Costa dos Anjos, 17 anos; Douglas Campos da Silva Batista, 27; Félix de Oliveira Rodrigues, 19; Francisco Ariel Freire Santos, 27; Jackson Vitor Araújo dos Santos, 20; João Cledison Santos Souza, 18; Leidson Maxwel da Costa Silva, 27; Paulo Ricardo Santos Pereira, 17, Samuel da Luz Nascimento de Sousa, 24; Uendel Vitor Rodrigues dos Reis, 20 e Wendel Henrique Nunes dos Santos, 20. >
O caso é investigado pela Polícia Civil e acompanhado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA). Desde o dia das mortes, os ônibus pararam de circular. Ainda não há previsão de retorno do serviço. A Polícia Militar intensificou o policiamento no bairro após o episódio, que foi motivado por disputas entre facções rivais. Os moradores precisam caminhar por cerca de um quilômetro.>