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Bruno Wendel
Publicado em 26 de março de 2025 às 10:39
O delegado Nilton Tormes e Araújo não é mais o coordenador do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom). Sua exoneração do cargo foi publicada nesta quarta-feira (26), no Diário Oficial do Estado da Bahia. A notícia foi antecipada pelo CORREIO no dia 22 de março, após o nome do delegado ter sido vinculado a uma denúncia de sumiço de fuzis apreendidos numa operação e nas mortes de informantes. >
A saída de Tormes do alto escalão da Polícia Civil não o impede de exercer a função, conforme revelou uma fonte ao CORREIO. "Ele será afastado apenas do cargo de comissão e continuará exercendo a função de delegado. Só não sei para onde ele vai", conta a fonte, em entrevista no último dia 22. Ainda na sexta, após a denúncia do desaparecimento de arsenal de fuzis, além de duas execuções, foram cumpridos mandados de busca e apreensão no Depom e na casa dele, no bairro da Pituba. Agentes levaram o computador e um pen drive. Já na residência, recolheram um celular. >
A investigação contra Tormes foi iniciada pela Corregedoria da Polícia Civil, ainda sob o comando da então delegada-geral Heloísa Brito. O delegado passou por unidades importantes em Salvador, com a 12ª Delegacia (Itapuã), 16ª DP (Pituba) e 4ª DP (São Caetano), além da Região Metropolitana, como a 20ª DP (Candeias). >
Além de Tormes, um cabo da Polícia Militar lotado no Departamento Estadual de Trânsito (Detran-BA), também alvo da denúncia, teve os mandados cumpridos em sua residência. A Corregedoria da Polícia Militar também participou da ação. >
Em nota, a Polícia Civil da Bahia disse que" confirma ter realizado o cumprimento de um mandado de busca visando apurar denúncias sobre conduta irregular de policiais". "As investigações continuam em sigilo visando total esclarecimento dos fatos", diz a nota. >
O CORREIO tentou falar com Tormes através de ligações e mensagens, mas sem sucesso. >
Fuzis >
A operação investiga o desvio de parte de um arsenal de fuzis durante uma ação policial em julho de 2024, no bairro do Caji, em Lauro de Freitas. Na ocasião, foram apresentados seis ao Depom, mas, segundo uma denúncia, haveria, pelo menos, 20 fuzis - embora não conste o processo, o relato está atrelado às mortes de dois informantes cuja investigação já tinha sido iniciada pela Delegacia Especializada em Antissequestro da Polícia Civil (leia abaixo). >
Após tomar conhecimento de que ar armas estavam escondidos num matagal, uma equipe do Depom e do CORE (Coordenação e Operações e Recursos Especiais), autorizado pela delegada-chefe, foram até o local. No total, oito agentes, incluindo o delegado. Naquele momento, PMs também participaram desta ação. "Quem passou as informações para o delegado foi o cabo (do Detran). Ele conhecia Nilton e fez a 'ponte'. Ele conhece outros policiais militares, que passaram o 'informe'", conta a fonte. >
Além dos fuzis, foram apreendidos uma submetralhadora e 10 kg de pasta-base de cocaína. "O CORE afirma que o que foi recolhido é o que foi apresentado. A operação foi à noite, numa mata fechada e ninguém sabia ao certo a quantidade de fuzis", pontua a fonte. >
Mortes e extorsão >
Ainda segundo a denúncia, dois homens, que informaram à PM a localização das armas, foram sequestrados e mortos, numa "queima-de-arquivo". As vítimas são Jeferson Sacramento Santos e Josenal Santos Souza e teriam envolvimento com a criminalidade. >
Logo depois, a mulher de um deles procurou a Delegacia Especializada em Antissequestro da PC. Segundo ela, estava sendo vítima de extorsão por parte dos PMs. A partir daí, foi iniciada a investigação nas corregedorias das polícias Civil e Militar. >
No dia 29 de agosto do ano passado, um capitão do Departamento Pessoal, um soldado da 37a CIPM/Liberdade e PM da reserva, investigado pela prática de extorsão mediante sequestro, foram presos durante cumprimento de mandados de busca e apreensão e prisão nos bairros de Brotas, Nova Brasília, Itapuã, e em Caji, no município de Lauro de Freitas. >