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Bruno Wendel
Publicado em 25 de março de 2025 às 15:39
Um dos delegados demitidos por envolvimento com o tráfico de drogas em duas cidades baianas, Josivânio da Rocha Araújo recebeu salário durante 6 anos e um mês, um total de R$ 951.368,12. Um processo administrativo de reparação de danos foi instaurado nesta terça-feira (25), conforme publicação no Diário Oficial. >
Josivânio era delegado de Monte Santo e foi demitido pelo então governador do estado, Rui Costa, em 09 de janeiro de 2019. Além dele, também foi exonerado o titular da delegacia de Cansanção, Carlos Roberto Botelho Vasconcelos. Ambos foram alvos da Operação Monte Santo, no ano de 2011. >
Mesmo fora da polícia, Josivâncio recebeu salário referente a 73 meses. Segundo o ranking salarial do Sindicato dos Delegados de São Paulo (Sindpesp), que é referência para outras associações da categoria, um delegado na Bahia ingressa ganhando R$ 13.032.44. De lá para cá, o delegado demitido recebeu por 2.244 dias não trabalhados. >
O pagamento indevido é investigado, conforme determinação da delegada Heloísa Campos de Brito, em um dos seus últimos despachos como delegada-geral da Polícia Civil.>
"Apurar e determinar os prejuízos causados ao erário pelo ex-servidor, que, mesmo após demitido do seu cargo público em 09.01.2019, continuou ativo na folha de pagamento e recebeu indevidamente remuneração até o mês de maio de 2022", diz a decisão. >
Tráfico>
À época, segundo as investigações em 2011, a quadrilha atuava em várias frentes, recebendo dinheiro de traficantes para beneficiar atividades deles. As apurações apontaram também que os criminosos extorquiam pessoas abordadas em blitze e vazavam informações de operações de combate às drogas. >
O grupo negociava a liberdade de criminosos e liberação de material apreendido mediante pagamento de valores que oscilavam entre R$ 2 mil e R$ 8 mil. Araújo foi apontado como líder da quadrilha. >
A “Operação Monte Santo” foi realizada em conjunto pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual e Polícia Civil. O esquema era liderado por Josivâncio, preso em Salvador e encaminhado para a Corregedoria da Polícia Civil. >
Além dos delegados, foram presos, na época, o advogado e ex-procurador do município de Cansanção Alexsandro Soares Andrade; o soldado PM Jullian Ross Dias Serafim, que era lotado no município de Senhor do Bonfim; além dos “X-9” Cleudson de Santana Campos, apelidado por Clayton e Lindon Johnson Salvador Lopes que, mesmo não recebendo salário de nenhuma instituição, tinham amplo acesso inclusive no Fórum, o que lhes dava condições de promoverem o vazamento de informações. Durante a operação foi preso em flagrante Gildemar Gomes da Silva, conhecido por "Burrego", motorista do advogado que atendendo pedido do patrão, ajudou a esconder armas.>