I LOVE Elon Musk!

Ao contrário de nós, brasileiros, os americanos amam seus empresários. Com paixão!

Publicado em 15 de setembro de 2024 às 20:14

Nós temos poucos heróis no Brasil. Na política, os nossos bons exemplos são escassos e nenhum ao nível de um Churchill ou Lincoln. Sendo assim, aprendemos a admirar apenas alguns excepcionais esportistas.

A genialidade de Pelé e Ayrton Senna os tornam nossos únicos deuses. Méritos inquestionáveis de alguém “só Pelé! só Pelé!” que em 4 de fevereiro de 1969, uma terça-feira, fez o povo nigeriano parar uma guerra só para vê-lo jogar bola. Como não aplaudir um novato capaz de superar o grande Alain Prost pilotando uma lata velha como aquela Tolleman no GP de Mônaco de 1984 que ficou marcado pela grande exibição de Senna quando escalou o pelotão e assustou o mundo com sua extrema habilidade para pilotar na chuva.

Paramos por aí. Tampouco temos empresários nesse panteão de glória, o Barão de Mauá, depois promovido a Visconde, talvez tenha sido o nosso maior nome empresarial. Sua fortuna foi estimada em 115 mil contos de réis, valor maior que o orçamento do Império do Brasil, na época de 97 mil contos de réis. Mas ao falecer, em 1889, não tinha nem a sombra da riqueza que criou, tendo falido em função de sua postura pacifista com relação à Guerra do Paraguai e suas ideias visionárias que desafiavam e ameaçavam as elites políticas do Império, tornando o Visconde alvo de intrigas e sabotagens sistemáticas pelas forças do conservadorismo da estrutura econômica e social.

Ao contrário de nós, brasileiros, os americanos amam seus empresários. Com paixão! Andrew Carnegie foi um dos principais magnatas da indústria do aço no final do século XIX. Ele é admirado por suas contribuições filantrópicas, especialmente em bibliotecas e educação. John D. Rockefeller – fundador da Standard Oil Company - é lembrado por dominar a indústria de petróleo e criar uma das maiores fortunas da história. Sua fundação filantrópica também teve grande impacto em várias áreas, como saúde, ciência e educação.

Impossível não saudar o gênio de Thomas Edison, que, além de ser um dos maiores inventores da história, fundou diversas empresas, incluindo a General Electric, que se tornaria uma das maiores corporações do mundo. E, talvez o maior de todos, capaz de revolucionar a indústria do mundo todo com seu modelo de produção, o lendário Henry Ford, fundador da Ford Motor Company, tornou os automóveis acessíveis ao público em massa.

Modernamente, temos Steve Jobs e sua Apple, o Bill Gates da Microsoft, Walt Disney no entretenimento e o meu ídolo dos investimentos Warren Buffett - conhecido como o ‘Oráculo de Omaha’. Buffett é o CEO da Berkshire Hathaway e é admirado por sua abordagem disciplinada de investimento e filantropia.

Curiosamente, Elon Musk não é tão admirado nos Estados Unidos e muito menos fora dele. Talvez por não ser americano nato, nasceu na África do Sul, mas Einstein também nasceu na Alemanha e é considerado e amado como americano. Odiado por ditadores sul-americanos, já que, segundo Maduro, Musk é praticante do satanismo e, ademais, “hackeou o sistema eleitoral venezuelano” em prol da vitória oposicionista.

No Financial Times, em um artigo publicado em 2 de setembro de 2024, o editor de Assuntos Internacionais, Gideon Rachman, descreveu o bilionário Elon Musk como um “míssil geopolítico desgovernado”, cujas intervenções imprevisíveis e imensas capacidades tecnológicas e financeiras podem alterar os rumos dos assuntos mundiais. No Brasil, André Accarini escreveu no site da CUT que Elon Musk faz parte de “uma ofensiva da extrema direita em desestabilizar a ordem democrática no país”. Quanta imaginação!

Eu sou fã de carteirinha de Elon Musk. Para mim um gênio da inovação e do empreendedorismo. Acho que no fundo todos morrem de inveja de alguém que tem uma fortuna de aproximadamente 250 bilhões de dólares, o que seria suficiente para comprar a cidade de São Paulo, Rio de Janeiro e, de quebra, sobraria um troco para comprar toda a nossa amada Salvador.

A raiva encrustada contra Musk está na sua paixão absolutamente devotada à Primeira Emenda da Constituição Americana - parte do Bill of Rights ratificado em 1791, que protege várias liberdades fundamentais.

Entre essas liberdades está o tópico de “liberdade de expressão” que garante o direito das pessoas de expressarem suas opiniões, crenças e ideias livremente, sem interferência ou restrições por parte do governo. Isso significa que o governo não pode censurar, punir ou restringir o que as pessoas dizem, seja em discurso público, manifestações artísticas, escritos, ou qualquer outro meio de comunicação. É o princípio da liberdade o grande delineador das conquistas em prol da autonomia nas escolhas individuais. Ser livre e igual, elementos essenciais à dignificação humana. Não é suficiente o tratamento igualitário entre homem e mulher se não há liberdade de se exercer as suas próprias escolhas, de se autodeterminar.

E quando alguém que tem a carteira tão recheada resolve usar a mais influente rede social para difundir os conceitos da Primeira Emenda começa uma grita geral. Por exemplo, quando assumiu o Twitter (atual X) demitiu mais de 5000 pessoas avisando que não gostava desse mimimi de diversidade e política de gênero. Queria focar em tecnologia e engenharia. Ao contrário do politicamente correto Zuckerberg, Musk fez troça com Kamala Harris usando IA quando compartilhou um vídeo satírico que imitava a voz da então vice-presidente Kamala Harris. No vídeo, a voz gerada por IA faz declarações humorísticas e depreciativas sobre Harris e o presidente Joe Biden, com falas como se ela fosse uma “contratação por diversidade” e que não sabia como governar o país. Musk posteriormente esclareceu que o vídeo era uma paródia, defendendo seu direito de fazer sátira. Os americanos esnobes do partido democrata odiaram.

No fundo, Musk é bilionário por uma razão muito simples. Existem consumidores dispostos a comprar seus produtos. No ramo de automóveis, em 2023, a Tesla vendeu cerca de 1,81 milhão de veículos, um aumento de 38% em relação ao ano anterior. A produção da empresa também cresceu, totalizando 1,85 milhão de carros fabricados. Já no segundo trimestre de 2024, a Tesla entregou aproximadamente 443.956 veículos, mantendo seu ritmo de crescimento no mercado de veículos elétricos.

A Starlink é um projeto da SpaceX, fundado por Elon Musk, que oferece internet via satélite de alta velocidade, especialmente em áreas remotas. Por meio de uma constelação de milhares de pequenos satélites em órbita baixa da Terra, a Starlink proporciona conectividade com latência mais baixa em comparação a satélites tradicionais, sendo útil para regiões rurais e em desenvolvimento que não têm infraestrutura terrestre adequada.

O ódio contra Musk é o ódio contra o empreendedorismo, a livre iniciativa e a inovação nos negócios. Desde Adam Smith, professor de filosofia moral, que delineou em 1776 conceitos revolucionários sobre o funcionamento dos mercados e a busca individual da autopreservação. Sua célebre metáfora da ’Mão Invisível’ descreve como as ações autônomas dos agentes econômicos convergem para o bem-estar coletivo, sem a necessidade de intervenção governamental direta. Essa tal mão invisível é a força que gerou o Elon Musk, o Bill Gates e o Steve Jobs. No Brasil gerou o meu amigo David Feffer e Abílio Diniz. Quem é contra a força dessa energia que gera riquezas, em geral, é a mente retrógada que crucifixa o Elon Musk.

Você imaginaria alguém capaz de criar um foguete que anda de marcha à ré e vai buscar astronautas perdidos na Estação Espacial pela incapacidade técnica da poderosa Boing? Pois é, Elon Musk salva!

Não quero entrar na discussão da treta entre Moraes x Musk, mas, infelizmente, no Brasil, estamos sem acesso ao X (Twitter). Uma pena. Mas isso só vale para alguns. Desde a última sexta-feira, 30 de agosto de 2024, dia em que o ministro Alexandre de Moraes mandou suspender a rede, pelo menos 12 parlamentares publicaram em seus perfis. Ex-juiz da Lava-Jato, o senador Sérgio Moro, por exemplo, escreveu em seu perfil na rede bloqueada que continuará postando conteúdos na rede porque entende que possui “imunidade material por opiniões, palavras e votos”. Já o deputado Marcel Van Hattem disse que continua postando porque “a decisão é ilegal e inconstitucional, portanto, não se cumpre”.

Cabra macho!

Jorge Cajazeira é Ph.D. em Administração pela FGV/EAESP e professor da Uefs.