Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Flavia Azevedo
Publicado em 31 de março de 2025 às 05:00
Bom dia Flávia, >
Amanheci hoje com a triste notícia de que você foi desacatada por um sobrinho meu. Muita, muita tristeza, fiquei verdadeiramente arrasada, tão estomagada quanto ontem ao saber da soltura do Daniel Alves. Sobre a prisão do Daniel Alves, já escrevi numa crônica contando da alegria que esse ato de justiça me deu. Como você bem disse, em palavras lindas sobre minha família, em casa somos todos pela mulher e contra qualquer tipo de abuso. Mamãe foi uma mulher a frente de seu tempo, se desquitou em 1945, foi chamada de puta, perdeu a guarda do filho, que sofreu alienação parental e a tratou muito mal. Ela manteve a cabeça erguida, cabeça de mulher forte, e teve a seu lado um homen que sempre lhe segurou a mão com o maior respeito. Aliás, nunca conheci um homem mais lutador da causa feminina que meu pai. Eu sou mãe de duas mulheres maravilhosas, uma, a Cecília, sua amiga. Minha filhas foram criadas pela igualdade e contra o abuso, a dominação perversa, e assim criaram seus filhos, dois homens de bem.>
Não posso pedir desculpas por meu sobrinho, ele é o dono de sua cabeça, uma cabeça que se alinha com a direita radical. Por que? Nunca entendi.>
Mas posso, e devo, agradecer por suas palavras lindas e verdadeiras a respeito de meus pais. Venho aqui também para dizer a você que me orgulho de saber que a comunicação baiana conta com uma jornalista formidável como você.>
Peço que mostre esta carta a seu chefe, para que saiba de minha posição, e se quiser publicá-la, fique a vontade, ela é sua.>
Receba, querida Flávia, meu abraço carinhoso e solidário.>
Paloma Jorge Amado>