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Precisou um argentino vir pra Bahia resolver de vez o som alto nas praias

Bloqueadores de bluetooth devem ser instrumentos oficiais de combate à poluição sonora

  • Foto do(a) author(a) Flavia Azevedo
  • Flavia Azevedo

Publicado em 15 de janeiro de 2025 às 17:52

Poluição sonora gera violência
Poluição sonora gera violência Crédito: Shutterstock

Zap - 71 9 9386 1490

Em 2008, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que Salvador era a cidade mais barulhenta do Brasil. Depois de muitas vistorias, campanhas de conscientização e apreensões de equipamentos – trabalho conjunto entre Sucom, Prefeitura e Secretaria de Segurança Pública -, felizmente perdemos a pole position. Hoje, não somos mais “a cidade mais barulhenta”. Porém, ainda estamos entre as que produzem mais barulho e isso é gravíssimo.

Entre outras consequências, a poluição sonora é também um vetor de violência que acompanha o agravamento da escalada de insegurança na Bahia. Vivemos no estado brasileiro que, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, teve mais mortes violentas em 2022, 2023 e 2024. Pois, por aqui, fiscais de poluição sonora da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) usam colete a prova de balas, acredite.

Isso porque, além de violências contra vizinhos que reclamam de som alto, são também comuns ameaças e agressões dos infratores aos profissionais encarregados de fiscalizar os excessos. Pedir para alguém diminuir o volume do som, por mais incrível que possa parecer, virou atividade de risco na Bahia. Assustador para gente treinada e, principalmente, para quem não tem treinamento algum.

Tanto que o garçom da barraca na praia de Aleluia (Salvador) disse que era “proibido”, mas deixou rolar o som nas alturas da família na mesa vizinha à nossa, na semana passada. Com justificadíssimo medo de abordar aqueles clientes, apenas riu completamente sem graça. Nós, quando cansamos, agimos como os incomodados devem agir em ambientes com nível insuficiente de civilidade: mudamos de lugar. Eu sei, a situação é comum.

Ficamos, nós, chateados e com toda a razão. O garçom amedrontado, coitado. Dominando a praia, permaneceu a família que cometia crime e poderia ser punida com multa de R$1,2 a R$201,7 mil, a depender dos decibéis, caso fosse autuada. Dentro da lei estão 70 decibéis entre 7h e 22h e 60 decibéis das 22h às 7h em áreas públicas. Com qualquer celular, hoje, você consegue fazer essa medição e identificar o problema. Difícil, como pode ver, é encontrar a solução.

Porém, essa realidade pode ter começado a mudar. Depois que o turista argentino compartilhou um vídeo no qual mostra o uso de um bloqueador de bluetooth, inventado por ele, para silenciar uma caixa de som em uma praia, meu coração se alegrou. Ele não disse se a praia era no Ceará ou na Bahia e pouco importa. O que Roni Baldini faz é praticamente criar um marco civilizatório ao oferecer uma solução para que a lei seja cumprida sem enfrentamentos e violências dispensáveis.

Bloqueadores de bluetooth devem ser instrumentos oficiais de combate à poluição sonora. Precisamos comprar a invenção desse argentino. Daí, aumentar a abrangência do sinal do equipamento e distribuir esses dispositivos em lugares públicos. Eu sei, ainda existirão os pen drives, mas já é alguma coisa. O resgate definitivo do respeito, da civilidade, da paz, da educação, do Porto da Barra e dos espaços públicos - para o uso de todas as pessoas - precisa começar de algum lugar.

(Por enquanto, bloqueadores de sinais são proibidos no Brasil. A legislação permite o uso apenas em casos específicos, com autorização dos órgãos competentes, como a Anatel. De acordo com a Lei Geral de Telecomunicações (Lei nº 9.472/1997), o uso não autorizado de bloqueadores é considerado atividade clandestina, com penalidades de 2 a 4 anos de detenção.)

(Mas som alto também é crime. Pois é.)