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O que são os 'surubões' cariocas perto daqueles na Praça Castro Alves?

Desde que começaram a fabricar novelas, eles acham que lançam todas as modas do Brasil, mas isso não é verdade

  • Foto do(a) author(a) Flavia Azevedo
  • Flavia Azevedo

Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 11:00

A Praça Castro Alves é do povo
A Praça Castro Alves é do povo Crédito: Claudionor Junior

Depois de ler, se quiser comentar, me manda um zap - 71 99386-1490

Não tenho o menor problema com cariocas, adoro o Rio de Janeiro, inclusive tenho amigos e família lá. Porém, justiça se lhe faça: desde que começaram a fabricar novelas, eles acham que lançam todas as modas do Brasil, que são avant-garde em várias áreas, principalmente na comportamental. O que só é verdade pra quem não conhece a Bahia, onde sempre há precedentes, como disse aquele senhor. Nesse caso, nos anos 1990. Ou seja, tá longe de ser novidade.

De forma que na divulgação do primeiro surubão, aquele no Arpoador, eu percebi a pretensão, porém deixei passar. Lançaram o projeto no Ano Novo, mas saiu no O Globo que o evento já está praticamente calendarizado, acontecendo até em dois turnos, ali nas pedras, com público crescente. Sucesso tamanho que expandiram para Búzios e ocorre que estão divulgando, outra vez, como tendência e contemporaneidade. Aí já é demais. Vamos dar o crédito para quem tem a autoria real.

De vez em quando, meus 50 anos me salvam de ser enganada. É o caso. Pois me lembro claramente que, nos Carnavais dos anos 1990, ali na Praça Castro Alves, em Salvador da Bahia, na direção do braço direito da estátua do poeta, surubão de homem já era um negócio inventado. Não sei se ainda acontece, se acabou ou se mudou de lugar. Não faço ideia. Mas lhe garanto que na época da cerveja de garrafa, das mesas de madeira e dos inesquecíveis encontros de trio, o bicho pegava.

Não, eu nunca participei. A brincadeira era só entre rapazes que, bem tarde da madrugada, sacavam suas partes de dentro dos shorts ou fantasias e disponibilizavam para que outros rapazes se deleitassem. Era a festa dentro da festa, sob o céu de Salvador e o domínio de Baco. Ao lado, a gente tomava cerveja, cravinho e “ligante”. Ninguém incomodava o pessoal que também não incomodava quem não quisesse participar. Até onde eu sei, era tudo consensual, de certa forma discreto e ocorria na mais perfeita paz.

Não estou aqui pra exaltar nem atacar, apenas para narrar fatos esquecidos e reivindicar para o Carnaval da Bahia a criação do que eles, agora, estão “lançando” por lá. Nesses casos, cabe à polícia reprimir porque é proibido, tô ligada. Autoridades tomam as providências que devem tomar. Nada disso é da minha alçada, eu só gosto da verdade. Então, estou aqui apenas pra combinar: o samba nasceu na Bahia, a maior festa profana do mundo é nossa e surubão não é um evento que nasceu na Zona Sul carioca. Ponto final.