Nova facção cresce nas cadeias e quer disputar o controle das ruas

Grupo conhecido como Povo de Israel domina 13 presídios do Rio de Janeiro e movimentou R$ 70 milhões em dois anos

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  • Flavio Oliveira

Publicado em 26 de outubro de 2024 às 16:00

Polícia apreendeu 120 telefones celulares usados por presidiários Crédito: Polícia Civil/RJ

Uma operação policial nos presídios cariocas jogou luz sobre uma facção criminosa até então pouco conhecida, mas muito poderosa. Em termos numéricos, e no interior das cadeias, a Povo de Israel tem um número maior de integrantes que o Comando Vermelho (CV), a irmã mais velha e famosa. Iluminou também que nenhuma política de segurança pública será digna deste nome se não equacionar a questão do encarceramento. Hoje, mais do que nunca, os presídios se tornaram a universidade do crime. É de lá que são convocados e treinados batalhões que servem ao crime organizado.

A operação 13 Aldeias foi deflagrada pelas polícias civil e penal do Rio, em parceria Corregedoria da Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap) depois de uma investigação de 10 meses. Foram emitidos 44 mandados de busca e apreensão, de bloqueio de contas e ativos financeiros de 84 investigados, bem como a determinação para afastar da função pública cinco policiais penais. Os mandados foram cumpridos em cidades do Rio de Janeiro, incluindo a capital, e do Espírito Santo.

Segundo relato da polícia, a facção Povo de Israel (PVI) surgiu em 2004, depois de uma rebelião de presos. O grupo criminoso estaria no comando de 13 cadeias cariocas e conta com cerca de 18 mil presos, o que equivale a 42% do efetivo prisional do estado. É um contingente de detentos maior que os do Comando Vermelho (CV) e do Terceiro Comando Puro (TCP).

De acordo com os investigadores, o grupo movimentou cerca de R$ 70 milhões ao longo de dois anos por meio do tráfico de drogas e de extorsões praticadas com o golpe do falso sequestro. Além desse golpe, o celular é usado pelos detentos para ameaçar e extorquir comerciantes, mesmo em áreas controladas por outras facções. Durante a operação, foram apreendidos 120 celulares que estariam em poder da membros da facção.

Com esse poder acumulado, a facção, ainda segundo a investigação, mantém planos de expandir seus domínios para além dos presídios, se tornando mais uma quadrilha a disputar o controle de territórios na guerra que já envolve CV, o Terceiro Comando, o PCC, milícias e narcomilícias. Fonte da polícia baiana garantiu ao CORREIO que não há qualquer indício da presença do PVI no estado.

Ainda segundo a polícia, em seu início, a facção foi formada por presos por estupro, como forma de se protegerem. Nas cadeias, aqueles que são condenados por violência sexual estão mais vulneráveis a ataques de outros presos e muitas vezes precisam ficar em alas isoladas. Com o passar dos anos, o grupo passou a cooptar detidos por outros crimes, como feminicídio, ou ameaçados por facções tradicionais.

Proteção é a palavra central na estratégia de cooptação do PVI. Nada de novo no front. O PCC também nasceu assim, a partir da percepção dos presos de São Paulo de que precisavam se unir para se protegerem de rebeliões e de ações policiais como a invasão do antigo Carandiru.

Uma promessa que seria desnecessária caso o estado brasileiro oferecesse, de fato, a segurança a seus cidadãos, dentro e fora das cadeias. Caso houvesse a garantia de uma ressocialização dos presos a lhes oferecer uma perspectiva de inserção no mercado de trabalho, o poder de sedução do crime reduziria, o que vale ainda mais para o lado de fora dos muros das cadeias.

A legislação também precisa mudar, para ser mais dura para crimes e criminosos de maior ofensividade. E a Justiça precisa ser mais célere e assertiva, para não segurar em presídios e penitenciárias aqueles que esperam décadas para ter seus casos julgados em definitivo. Essa lentidão faz aquele jovem que rouba um pote de manteiga no supermercado vulnerável à ação dos presos de maior periculosidade, ligados às facções. E, óbvio, as polícias precisam de maior eficiência para, no mínimo, evitar que celulares entrem nas celas.

Mulher fica  7 horas presa em fenda para tentar reaver samartphone

Matilda Campbell caiu e ficou de cabeça para baixo entre duas rochas Crédito: reprodução

O celular é um aparelho muito perigoso. E não só às crianças que acessam livremente redes sociais, pornografia ou plataformas de apostas online. O aparelho que guarda nossas memórias, amizades e dinheiro nos deixa cada vez mais dependentes. Que o dia a australiana Matilda Campbell. Ela ficou 7 horas entalada de cabeça para baixo entre duas rochas na região de Hunter Valley, em New South Wales. E tudo por causa de seu telefone móvel.

Segundo a imprensa local, Matilda fazia uma trilha no local, quando deixou o celular cair em uma fenda de aproximadamente 3 metros. Atordoada pela possibilidade de perder o aparelho, ela acabou caindo no buraco. As amigas que a acompanhavam tentaram tirá-la por cerca de uma hora, antes de chamarem o resgate. Ela ficou presa em uma curva apertada em forma de 'S' que impedia que fosse simplesmente retirada.

É um bom omento para lembrar que, entre 2008 e 2021, 379 mortes foram relacionadas em todo o mundo a tentativas de tirar a “selfie perfeita”. Existe até um termo (em inglês) para isso: Killfie (junção de killer com selfie, algo que pode ser traduzido como selfie mortífera). A idade média das vítimas foi de 24,4 anos, e a maioria das mortes ocorreu entre adolescentes de até 19 anos e jovens entre 20 e 29 anos. As principais causas de morte por selfies foram: Quedas de altura (49,9%), Acidentes de transporte (28,4%), Afogamentos (15,3%).

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