A internet vai ter seu primeiro santo

Millenial italiano ganhou fama por fazer site para divulgar milagres e ficou conhecido como influencer de Deus

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  • Flavio Oliveira

Publicado em 1 de junho de 2024 às 16:00

Morto aos 15 anos, Carlo Acutis tem dois milagres reconhecidos, um deles no Brasil Crédito: reprodução

A internet está prestes a ganhar um padroeiro oficial. Pode-se dizer que a devoção a Carlo Acutis viralizou depois que o Papa Francisco reconheceu o segundo milagre atribuído ao candidato a santo. Igrejas e exposições relacionadas a ele registraram aumento de frequência nos últimos dias.

Filho de pais italianos, Carlo nasceu em Londres (Inglaterra) em 3 de maio de 1991. Ainda quando criança, mudou-se com sua família para Milão. Aos 7 anos, começou a frequentar missas diárias e a se destacar por doar dinheiro para moradores de rua. Com 15 anos, nos meses anteriores a sua morte (12 de outubro de 2006, de leucemia), Carlo usou suas habilidades digitais autodidatas para criar um site que arquivava milagres e ficou conhecido como 'Influencer de Deus'.

O trabalho com o site lhe rendeu fama mundial e pessoas de todo o mundo passaram a pedir sua intercessão. Sua família, na Itália, passou a receber diversos relatos de milagres atribuídos a ele, incluindo curas de infertilidade e câncer.

Um desses relatos veio do Brasil e é o primeiro milagre do jovem italiano reconhecido pela Igreja Católica. Em 2010, uma criança foi curada ao tocar em uma roupa usada por Carlo. "A criança, me lembro bem, estava raquítica e tinha problemas de pâncreas anular. Ela não comia nada, não ingeria nem sólido nem líquido e teve a cura logo depois", afirmou o padre Marcelo Tenório, da Paróquia São Sebastião, em Campo Grande (MS) ao g1 MS em novembro de 2019, quando o Vaticano reconheceu o milagre.

O segundo milagre de Carlo envolveu a recuperação de uma estudante universitária da Costa Rica que sofreu grave traumatismo craniano após cair de bicicleta em Florença (Itália). A mulher precisava de uma cirurgia cerebral importante, e os médicos alertaram que as taxas de sobrevivência eram baixas. A mãe da mulher viajou para Assis para orar por sua filha no túmulo de Carlo e a jovem rapidamente começou a mostrar sinais de melhora. Dez dias depois da visita da mãe ao túmulo, uma tomografia computadorizada mostrou que a hemorragia no cérebro havia desaparecido sem qualquer explicação médica.

Beatificado em 2020, ainda não há data para que Carlo seja reconhecido como o primeiro santo da geração Z (também chamada de millennials, formadas pelos nascidos entre 1985 e 1999). O jovem italiano pode ser um personagem interessante para romper bolhas e tocar o coração de católicos desengajados, além de atrair novos fiéis que hoje se ajoelham no altar das redes sociais e CEOs de big techs. Segundo a mãe de Carlo, Antonia, a vida de seu filho "pode ser usada para mostrar como a internet pode ser usada para o bem, para espalhar coisas boas".

No Brasil, até a menstruação vira uma indignidade

Enquete aponta que pobreza menstrual persiste no Brasil Crédito: Reprodução

Não tem nada de esquisito. Aproximadamente a cada 28 dias, a partir de determinada faixa etária, a menstruação desce em meninas, mulheres, homens e meninos trans e pessoas não binárias. Mas o que era para ser normal, ainda está envolto em tabus e preconceitos que à luz do século XXI só devem têm a sobrevivência justificada apenas como cortina de fumaça para esconder desigualdades que persistem no Brasil desde a invasão portuguesa.

Na terça (28), para marcar mais um Dia Internacional da Dignidade menstrual, foram divulgados os resultados de uma enquete com 2,2 mil participantes realizada pela plataforma U-Report Brasil – ligado ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) -, em conjunto com a Viração Educomunicação. Curiosidade: a maioria das respostas, 325 questionários, foram enviados da Bahia.

Do total de respondentes, 19% (uma pessoa que menstrua em cinco) já enfrentaram a dificuldade de não possuir dinheiro para comprar absorventes e 37% (arredondando: duas em cinco), tiveram dificuldades de acesso a itens de higiene em escolas e outros locais públicos. 33% (uma em cada três) já deixaram de ir à escola ou ao trabalho várias vezes por causa da menstruação; 56% afirmaram que deixaram, várias vezes, de praticar esportes e atividades físicas por estarem menstruadas. 45% várias vezes deixaram de sair para se divertir por causa da menstruação; 45% também afirmaram que já se sentiram constrangidas na escola ou em outro local público por conta da menstruação.

Ainda: 47% garantiram que nunca tiveram aula ou palestra ou roda de conversa sobre menstruação na escola e 9% disseram que começou a aprender sobre menstruação na internet. À exceção desse último item, que é a segunda opção mais citada no formulário (a primeira é com minha mãe ou outras mulheres da minha família, que marcou 75% das respostas), todas as outras proporções citadas ficaram em primeiro lugar entre as demais opções apresentadas.

Esses e outros dados fizeram o órgão das Nações Unidas alertar que a pobreza menstrual ainda persiste no Brasil, uma vez que pessoas que menstruam têm necessidades de saúde e higiene menstrual negligenciadas devido ao acesso limitado à informação, educação, produtos, serviços, água, saneamento básico, bem como a variáveis de desigualdade racial, social e de renda.

Oficial de participação do Unicef no Brasil, Gabriela Monteiro disse que a “pobreza menstrual contribui para manter ciclos transgeracionais de iniquidades, principalmente a de gênero. Uma vez que crianças e adolescentes não têm seus direitos à água, saneamento e higiene garantidos, também são violados outros direitos, como o direito à escola de qualidade, moradia digna e saúde, incluindo menstrual, sexual e reprodutiva”.

Já Ramona Azevedo, da Viração Educomunicação, afirmou: “Precisamos desmistificar a menstruação e criar um ambiente acolhedor para pessoas que menstruam. Os dados da enquete reforçam a necessidade de fortalecer as práticas de educação menstrual, sobretudo nas escolas, e construir políticas que promovam a dignidade menstrual para combater desigualdades”.

Meme da semana

null Crédito: Reprodução

Não existem respostas fáceis para questões complexas. As mais difíceis de achar não estão nos livros, filmes, séries. Muito menos com pais e professores. Elas estão dentro de cada um, como se sopradas pelo vento. Bob Dylan não deu a pesca, mas passou a dica.

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