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Nilson Marinho
Publicado em 17 de novembro de 2024 às 22:15
A médica veterinária Ana Carla Sampaio Lima abriu um pet shop com consultório veterinário e serviço de banho e tosa em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), em 2008. Manteve-se à frente do negócio durante seis anos enquanto fazia pós-graduações. Durante as aulas, ouvia frequentemente de um dos professores sobre manipulação de medicamentos para animais, o que despertou sua curiosidade. Percebeu que ali havia uma oportunidade de negócios.
"Fui perguntar onde poderia fazer isso, pois já havia tentado manipular algumas coisas, mas encontrava muitas limitações. As farmácias de manipulação humana ofereciam apenas sabores de xarope de morango e baunilha, e havia uma grande limitação de princípios ativos. Eu sabia que os ativos que ele mencionava não estavam disponíveis nas farmácias humanas que conhecia", conta.
O professor explicou à aluna empreendedora que havia farmácias dedicadas exclusivamente à manipulação de medicamentos para pets. Ana Carla respondeu afirmando que desconhecia empreendimentos desse tipo no estado, e ele sugeriu: "Então, abra uma, porque a demanda vai surgir", lembra.
Aquela ideia ficou na cabeça de Ana. Durante suas buscas, a veterinária encontrou uma rede de farmácias de manipulação veterinária com matriz em Curitiba, no Paraná: a DrogaVET. “Decidi conhecer a matriz, fui com meu esposo, fiz a entrevista presencial e fui aprovada como franqueada. A partir daí, começamos a buscar financiamento”, conta. A primeira unidade surgiu em 2013.
O negócio é uma solução para pessoas que têm dificuldade em medicar seus pets, já que muitos animais tomam cápsulas, mas outros rejeitam os comprimidos e se tornam agressivos durante o processo. “Por exemplo, se tenho um gato agressivo que precisa tomar o medicamento todos os dias de manhã e à noite, mas adora a textura de patê e sabores doces, posso manipular o medicamento em formato de pasta oral com sabor de leite condensado”, explica a empreendedora.
Atuando há 11 anos em Salvador, fornecendo medicações manipuladas de forma individualizada e personalizada — sendo 95% dos casos prescritos por médicos veterinários e direcionados especificamente para cada paciente —, agora Ana pretende expandir a DrogaVET para Lauro de Freitas e para outras cidades, como Feira de Santana e Vitória da Conquista.
Análise de mercado
Para aqueles que pretendem apostar no setor, assim como ela fez, a empreendedora orienta a estudar o setor e o ramo em que desejam atuar, conhecer os concorrentes, avaliar as possibilidades e o local onde desejam instalar a empresa.
“Pergunte-se se aquela é realmente a área adequada para o seu negócio, se sua presença será necessária naquela região. Esse é um fator decisivo para o sucesso ou o fracasso de uma empresa. Além disso, invista em boas pessoas para estarem ao seu lado, principalmente no início. Não precisa de muita gente, mas de gente boa e comprometida com você”, finaliza.
André Faim, empresário do setor pet e co-fundador da Lobbo Hotels e da plataforma de gestão de equipes e treinamentos Trabalhe pra Cachorro, reforça a importância de investir em qualificação.
“Hoje, o tutor busca mais do que um simples banho ou tosa. Ele quer saber que o profissional está preparado para cuidar do seu pet da mesma forma que ele cuidaria”, explica Faim.
Ainda de acordo com ele, o mercado pet, tradicionalmente informal e pulverizado, está passando por uma transformação com o crescimento de grandes redes e marcas. Esses novos players impõem padrões mais altos de atendimento, pressionando os pequenos empreendedores a se adaptarem.
É incontestável que os pets trazem felicidade para os lares e, em alguns casos, ajudam no apoio emocional de seus tutores. No entanto, eles requerem planejamento, principalmente financeiro. Uma pesquisa realizada pela Quaest, encomendada pela empresa Petlove, mostrou que sete em cada dez pessoas no Brasil possuem um animal de estimação. Além disso, 55% dos tutores tendem a gastar até R$ 300 por mês com seus pets. O levantamento foi feito com 1.001 pessoas entre os dias 17 e 20 de junho deste ano.
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o mercado pet brasileiro faturou R$ 68,7 bilhões em 2023, representando um aumento de 14% em relação a 2022. "É um mercado aquecido e que só tende a crescer cada vez mais, especialmente em um momento em que as pessoas pensam menos em ter filhos e optam por ter, principalmente, cães e gatos como companhia", avalia Nilvan Fraga, economista especializado no setor de consumo.
De acordo com o especialista, a expansão cria novas oportunidades de negócios. “Os animais estão cada vez mais humanizados, o que gera uma demanda crescente por serviços exclusivos para eles, com destaque para alimentação, saúde e bem-estar. Destaca-se quem inova”, completa.