Score baixo: na Bahia, 84,4% das empresas podem ter dificuldades para conseguir acesso a crédito

Cerca de 893 mil empresas na Bahia não estão com uma boa reputação

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  • Nilson Marinho

Publicado em 22 de julho de 2024 às 05:00

Renata Freire, de 42 anos, queria abrir sua segunda loja de roupas no ano passado. Ela sabia que sua empresa, que já emprega três pessoas, precisava ter um bom score para que as instituições financeiras pudessem lhe facilitar um empréstimo. Por isso, pediu para que o seu contador fizesse uma análise do histórico financeiro do negócio para saber como ela podia ser vista pelos bancos.

"Ele me disse que estava tudo em ordem, que meu score estava bom e que seria fácil conseguir o dinheiro que precisava. De fato, consegui, sem muitas burocracias e a loja foi aberta", conta a empresária.

Mas a maioria dos empresários baianos talvez não tivessem a mesma facilidade de crédito que teve a Renata, já que 84,4% das empresas têm score entre 0 e 600, de acordo com dados da Serasa Experian. De acordo com a própria empresa de informações de crédito e análise de um score é considerado bom para um CNPJ quando está entre 551 à 1000 mil.

"Nesta faixa de pontos, é possível notar a presença de empresas com mais de 5 anos e que mantém bons relacionamentos com parceiros. Porém, há possibilidade de outras tendências que possam estar ligados a estabilidade financeira da empresa", destaca o Serasa.

Mas a faixa representada pelos baianos, segundo os administradores de empresas, consultores de gestão empresarial e sócios fundadores da ARCOS Consultoria, Danhil Medeiros e Alexandre Bouzas, evidenciam ainda assim que as companhias baianas podem ter dificuldades para conseguir créditos com as instituições financeiras. E a recusa dos bancos, por sua vez, pode prejudicar os negócios.

“O score PJ é uma ferramenta de análise de crédito voltada para pessoas jurídicas que avalia o risco de uma marca se tornar inadimplente em um horizonte de até seis meses. Caso a pontuação esteja abaixo de 600, como é o caso da maioria das empresas baianas, o risco de inadimplência é considerado alto, o que resulta na negativa para as solicitações de créditos financeiros”, explicam os administradores.

Neste caso, de 1,06 milhão de empresas ativas na Bahia, cerca de 893 mil não estão com uma reputação financeira tão boa no mercado para conseguir acesso aos melhores produtos financeiros.

Conforme Danhil, uma das práticas que aumenta a pontuação do indicador de possibilidade de inadimplência é o pagamento das contas em dia. “É importante que a empresa pague as parcelas de seus empréstimos, financiamentos e faturas dos cartões de crédito no prazo certo. Isso a mantém em uma boa relação com mercado”, ressalta Danhil.

Negociar as dívidas é mais uma iniciativa que ajuda a melhorar o score, afirma Alexandre. Segundo ele, para melhorar a pontuação de crédito, é essencial eliminar as dívidas vinculadas ao CNPJ. “Isso porque, geralmente, em casos de inadimplência, o score tende a subir quando débitos são negociados e as primeiras parcelas começam a ser pagas”, diz Alexandre.

Um bom relacionamento no mercado também pesa na balança quando o objetivo da empresa é aumentar o score. Para isso, a Danhil sugere que as marcas sempre mantenham os dados atualizados para o Cadastro Positivo e evitem pedidos de crédito consecutivos.

“Esse comportamento mostra que a marca é responsável e transparente em relação às suas finanças, já que o Cadastro Positivo é um banco de dados utilizado para mostrar as informações dos comportamentos de crédito de pessoas físicas e jurídicas”, destaca Danhil.

Caso a empresa insista e solicite crédito de maneira consecutiva, Alexandre explica que o mercado pode entender que a marca passa por dificuldades financeiras, ou seja, pode ficar inadimplente em um curto prazo de tempo. “Isso vai reduzir, mesmo que levemente, a pontuação do score. Além disso, caso a empresa faça dívidas com os bancos e as prolongue, o mercado pode entender como uma sinalização negativa”, esclarece o administrador.

 Danhil Medeiros, consultor de gestão empresarial e sócio a Arcos Consultoria.
Danhil Medeiros, consultor de gestão empresarial e sócio a Arcos Consultoria. Crédito: Divulgação

Um score baixo de uma empresa em diferentes métricas pode ser influenciado por diversos fatores, por Danhil

- Problemas financeiros como, por exemplo, altos níveis de endividamento, baixa rentabilidade, fluxo de caixa negativo, falta de capital de giro.

- Gestão ineficiente que pode resultar em problemas como má alocação de recursos, falta de planejamento estratégico, tomadas de decisão equivocadas, falhas na execução de projetos, contribui para um baixo score.

- Governança Corporativa falha com falta de transparência, conflitos de interesse, má conduta ética, ausência de controles internos eficazes, podem afetar a confiança dos investidores, credores e stakeholders, influenciando negativamente o score da empresa.

- Concorrência acirrada em que a empresa pode enfrentar dificuldades em se destacar, manter margens de lucro saudáveis e conquistar e reter clientes.

- Problemas nos processos operacionais, baixa qualidade dos produtos ou serviços, dificuldades na cadeia de suprimentos, problemas de logística, podem prejudicar a reputação e a performance da empresa.

- Riscos ambientais, sociais e de governança (ESG). Atualmente, a consideração dos fatores ESG é fundamental para a avaliação de empresas. Uma má gestão dos impactos ambientais, sociais e de governança pode resultar em consequências negativas para a empresa, incluindo um score baixo.