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Nilson Marinho
Publicado em 10 de fevereiro de 2025 às 05:00
O mais recente estudo Randstad Workmonitor 2025, que entrevistou 26 mil pessoas ao redor do mundo, incluindo no Brasil, revelou tendências sobre as prioridades dos profissionais brasileiros na hora de escolher e se manter em um emprego. No país, alinhamento de valores, flexibilidade e desenvolvimento profissional são fatores determinantes para os trabalhadores. >
A pesquisa indica que 76% dos brasileiros consideram que os valores e propósitos sociais e ambientais das empresas onde trabalham estão alinhados com seus próprios ideais. Outros 58% dos entrevistados afirmaram que recusariam uma proposta de emprego de uma empresa cujos valores fossem contrários aos seus.>
Esse fator, inclusive, influencia demissões, já que 28% dos brasileiros já pediram desligamento por não concordarem com o posicionamento da empresa. Flávia Lucena, que trabalhava no setor de saúde e indústria farmacêutica, pediu demissão após pouco mais de um ano na companhia. O motivo foi a suspeita de corrupção em licitações para a compra de insumos médicos destinados a prefeituras do interior da Bahia.>
"Tinha acesso a documentos que levantavam suspeitas, e eu não podia simplesmente fazer vista grossa. Não me sentia bem com a situação, sem contar que o ambiente era tóxico, com líderes despreparados para suas funções", comenta a profissional.>
A falta de oportunidades de crescimento também é um fator decisivo para a permanência no emprego. O estudo apontou que 37% dos brasileiros deixaram um emprego porque não viam perspectivas de progressão na carreira, número maior que a média global de 31%. Além disso, 53% afirmaram que abandonariam um emprego caso não enxergassem essa possibilidade, um percentual acima dos 48% globais.>
Algumas empresas, no entanto, já entenderam a importância de ações que ajudam seus colaboradores a crescer dentro da organização. Fábio Santos, Diretor Regional Bahia e Sergipe do Assaí, afirma que a empresa tem um programa estruturado para preparar funcionários para assumirem cargos de gestão.>
"Desenvolvemos nossos profissionais por meio da Universidade Assaí, uma plataforma de educação corporativa interna que oferece cursos e aprendizado contínuo, permitindo que todos aprimorem suas habilidades profissionais, tanto na gestão de pessoas quanto em competências técnicas", explica Santos.>
"Contamos com um plano estruturado de carreira, com investimentos contínuos em capacitação e desenvolvimento profissional em todo o país. Nossos treinamentos internos são alinhados aos valores da empresa e incluem cursos de aprimoramento e capacitação para os colaboradores", completa o gestor.>
O desenvolvimento profissional é uma prioridade para os brasileiros: 87% dos trabalhadores consideram o treinamento e a capacitação essenciais para seu cargo atual ou para uma nova posição. Esse número supera a média global de 72%. Além disso, 44% deixariam um emprego caso não tivessem oportunidades para aprimorar suas habilidades, enquanto 48% nem sequer aceitariam uma vaga sem essa possibilidade.>
Para o especialista em gestão de pessoas e mercado de trabalho Rodrigo Almeida, os dados do estudo refletem uma mudança no comportamento dos profissionais brasileiros, que buscam cada vez mais propósito e alinhamento com os valores das empresas. Segundo ele, essa tendência está diretamente ligada ao novo perfil de trabalhadores, principalmente das gerações mais jovens, que não enxergam o trabalho apenas como uma fonte de renda, mas como parte de sua identidade e bem-estar. >
"O salário continua sendo um fator essencial, mas não é mais o único critério de decisão. O profissional quer trabalhar em um lugar onde se sinta valorizado, onde veja possibilidades de crescimento e onde os valores institucionais estejam alinhados aos seus princípios pessoais", analisa o especialista.>