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Passeador de cães em Salvador pode faturar até R$ 4,5 mil por mês

Atividade pode se tornar uma excelente oportunidade para quem ama os cães

  • Foto do(a) author(a) Nilson Marinho
  • Nilson Marinho

Publicado em 31 de março de 2025 às 04:50

Passeadores de cães é uma das atividades demandadas com alta do setor pet
Passeadores de cães é uma das atividades demandadas com alta do setor pet Crédito: acervo pessoal

Os tutores estão cada vez mais dispostos a investir no bem-estar de seus animais de estimação, sobretudo em serviços de saúde, lazer e comportamento. Prova disso é que, em 2024, o mercado pet brasileiro atingiu um faturamento de R$ 77,3 bilhões, um crescimento de 12,6% em relação ao ano anterior.

Nas grandes cidades, onde muitos pets vivem em apartamentos e os tutores enfrentam rotinas apertadas, cresce a demanda por serviços como creches, adestramento, hospedagem e passeios profissionais, que garantem qualidade de vida e equilíbrio físico e emocional para os animais.

A profissão de passeador de cães pode ser uma excelente porta de entrada para quem ama os animais e deseja atuar no setor pet. Em Salvador, esses profissionais chegam a ganhar entre R$ 1.500 e R$ 4.500 por mês, a depender da disponibilidade, do número de clientes e da dedicação ao trabalho, segundo profissionais ouvidos pela reportagem.

Embora a formação não seja obrigatória para atuar como passeador de cães, investir em capacitação é altamente recomendável. Além de garantir um serviço de qualidade, o conhecimento técnico transmite mais segurança e credibilidade aos clientes.

BoraDog

Uma das empresas que oferecem, além do serviço de passeios com cães, formação para esses profissionais na capital baiana é a BoraDog. O curso, com duração de 20 a 30 dias, aborda desde linguagem e comportamento canino até o uso correto de coleiras e a identificação de sinais vitais. O investimento é inferior a R$ 600, com a oferta de vagas sociais incluída.

A terapeuta canina Letícia Santos e Santos está à frente do negócio. Desde criança, ela já tinha a convicção de que, quando adulta, trabalharia com o público de quatro patas. Aos três anos, por exemplo, trocou sua chupeta por um cachorro de rua dado por sua tia. Pouco tempo depois, aos oito, protagonizou seu primeiro resgate: salvou cinco filhotes que haviam sido abandonados dentro de um saco amarrado.

Em 2016, começou a atuar como dog walker e, desde o início, percebeu que em algum momento não conseguiria atender a todos os clientes sozinha. Durante os próprios passeios com os cães, passou a desenvolver ideias e, com o tempo, decidiu dar um passo além: empreender, colocar seus planos em prática, treinar e contratar o primeiro passeador para a BoraDog — hoje referência em passeios e formação profissional na capital baiana.

“Fui pioneira em Salvador, criei tudo do zero. Mas, para mim, o maior desafio foi passar a responsabilidade de entregar e confiar os cães nas mãos de outros passeadores. Mesmo a técnica sendo minha e o treinamento feito por mim, é uma responsabilidade muito grande”, conta.

Na BoraDog, tudo começa com uma visita avaliativa, em que é feita uma análise do comportamento do cão. A partir dessa observação, é definida a modalidade de passeio mais adequada, sempre respeitando o bem-estar, a rotina e as necessidades específicas de cada animal, ressalta Letícia.

A terapeuta canina Letícia Santos e Santos está à frente do negócio
A terapeuta canina Letícia Santos e Santos está à frente do negócio Crédito: Acervo pessoal

Ela acredita que, para se dar bem na profissão, é preciso mais do que técnica: é fundamental ter paciência, responsabilidade e, sobretudo, respeito pelos cães. “Se não tiver amor, procure outra área. Estamos lidando com vidas, não com bichos de pelúcia”, alerta.

O mercado pet, segundo Letícia, segue em plena expansão, impulsionado por mudanças no comportamento social e pela pandemia, que aproximou ainda mais os tutores de seus animais. Agora, ela está com os olhos voltados para o futuro e pensa em expandir a empresa. O próximo passo será a abertura de franquias.

“A Bahia está acompanhando essa tendência, mas ainda com certa lentidão no que diz respeito à educação dos cães. A demanda existe, o que faltam são profissionais capacitados. E é aí que a BoraDog entra. Tenho muitos planos no coração, mas o que guia tudo é o propósito do Senhor. Sem propósito, a BoraDog não existiria”, conclui.

Oportunidade

Quem também viu no universo pet uma oportunidade de crescimento foi Pedro Gabriel, de 19 anos, estudante e passeador de cães na própria empresa, a DogFeliz. Ele começou a trabalhar com os animaizinhos aos 15 anos, motivado pelo desejo de conquistar independência financeira e não depender mais dos pais. A iniciativa começou no próprio bairro, onde distribuía panfletos para pessoas que passavam com seus cães na rua.

“Fiz um panfleto simples e abordava o pessoal apresentando o serviço: explicava que tinha pacotes mensais e também passeios avulsos, para quem não quisesse fechar um pacote. A galera foi gostando, um indicava para o outro, porque a vida é corrida e muita gente precisa desse tipo de ajuda. E como sempre há demanda, o negócio foi crescendo”, conta.

Pedro também passou a divulgar seu serviço no Instagram, o que ampliou ainda mais seu alcance. Com a visibilidade nas redes, começaram a surgir clientes de outros bairros. Os primeiros atendimentos foram no Canela, mas logo vieram pedidos também do Corredor da Vitória e da Graça. “E foi assim que comecei a trabalhar de verdade com isso: porque precisava do meu próprio dinheiro e queria conquistar minha independência.”

Pedro Gabriel, de 19 anos, estudante e passeador de cães na própria empresa, a DogFeliz
Pedro Gabriel, de 19 anos, estudante e passeador de cães na própria empresa, a DogFeliz Crédito: Acervo pessoal

O perfil de quem contrata seus serviços, conta o jovem, é geralmente de adultos entre 25 e 50 anos. Ele também atende alguns idosos, a partir dos 60, que não têm mais condições físicas de passear com seus animais. Atualmente, trabalha no turno da tarde, das 14h às 19h. “Mas o mais comum mesmo são adultos que levam uma vida corrida, trabalham muito, chegam cansados ou nem passam em casa durante o dia.”

Pedro já adquiriu um curso de adestramento e pretende investir nessa área também, motivado pela alta demanda. Segundo ele, muitas pessoas o procuram perguntando se também oferece esse serviço. Por isso, está se especializando para ampliar sua atuação e alcançar ainda mais clientes.

“O aumento na procura por passeador é normal. Muita gente nem sabe que esse tipo de trabalho existe. Vê minha camisa e se surpreende: ‘Ah, então existe esse serviço de passeador de cães?’. Aí vai pesquisando, vê na TV, nas redes sociais… E com a correria do dia a dia — trabalho, filhos, casa — o passeio do cachorro acaba sendo deixado de lado.”

Ele explica que a falta de passeio afeta diretamente o bem-estar do animal — e os tutores logo percebem a diferença. Segundo Pedro, muitos donos contam que, antes, o cão passava o dia todo trancado em casa, estressado. Mas, com a nova rotina e o gasto de energia, o comportamento mudou completamente. “É importante entender que o trabalho do passeador é complementar ao do dono. O ideal é que o cão saia pelo menos duas vezes por dia: uma com o dono e outra comigo.”

Com o tempo, Pedro foi investindo mais no negócio: comprou guias, fez uniformes e buscou formação por meio de cursos para entender melhor como lidar com os cães e orientar os tutores. Apesar de nunca ter trabalhado com animais antes, sempre gostou de conviver com eles.

Ele destaca que, para ser um bom passeador, é fundamental ter conhecimento sobre comportamento canino, primeiros socorros e manejo adequado durante o passeio. “Comecei sem curso, mas logo percebi a importância de me aprofundar. Fiz formações específicas nessas áreas, e isso me deu muito mais segurança. Não é obrigatório começar com um curso, mas ele evita muitos perrengues e te prepara melhor para a rotina”, explica.

Na avaliação dele, os bairros onde há mais demanda são: Barra, Stella Maris, Praia do Flamengo, Pituba, Corredor da Vitória e toda a orla, como Rio Vermelho, Jaguaribe e Armação.

“Geralmente, os clientes são de classe média alta ou alta, com renda a partir de R$ 5 mil ou R$ 6 mil. O serviço é um pouco mais caro porque exige esforço físico, conhecimento e responsabilidade. O valor mensal costuma variar entre R$ 400 e R$ 600, no caso de passeios diários, de segunda a sexta. A remuneração depende totalmente de quanto você está disposto a trabalhar. É como o Uber: você é autônomo. Se trabalhar 12 horas por dia, pode ganhar R$ 10 mil ou mais, mas é muito cansativo”, conclui.