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Nilson Marinho
Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 05:00
Uma pesquisa realizada pelo LinkedIn, indica que 3 a cada 5 brasileiros pretendem buscar um novo emprego. De acordo com o levantamento, eles querem melhores salários, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, além de oportunidades de crescimento, mas muitos profissionais experientes acreditam que, por conta do tempo de mercado e da bagagem adquirida, estão imunes a deslizes na disputa por uma vaga de emprego. >
No entanto, recrutadores baianos apontam que essa confiança pode, muitas vezes, ser um fator prejudicial. Postura inadequada em entrevistas, falta de atualização profissional e despreparo para o processo seletivo estão entre os principais erros cometidos por candidatos com anos de experiência.>
Segundo Camila Leão Veloso, diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos Seccional Bahia (ABRH-BA), um dos equívocos mais comuns é não pesquisar sobre a empresa antes da entrevista. Muitos candidatos experientes, diz ela, focam exclusivamente em suas realizações passadas, sem relacioná-las às necessidades do cargo ou ao contexto da organização.>
“Importante demonstrar uma postura analítica, sempre relacionando seus resultados passados à realidade da vaga a qual está se candidatando. Outro erro comum é não buscar entender a realidade de mercado no segmento em que atua ou na sua região. Esse ponto é relevante, até para sempre estar atualizado em relação às novas competências técnicas e comportamentais requeridas, qual a reputação das empresas no campo em que ele atua, quais as tendências”, lembra.>
A gerente de Aquisição de Talentos da Cencosud Brasil, Christianne Maria Ribeiro, também menciona que o candidato deve compreender a cultura e os valores da empresa antes de se candidatar. Ao compartilhar sua trajetória, lembra ela, o profissional deve mostrar como suas experiências e habilidades podem agregar ao negócio, sempre de forma objetiva e empática.>
“O profissional precisa estar preparado e atualizado com as informações sobre a empresa (quando não confidencial), considerando cultura, o propósito e se os valores estão ou não conectados aos seus valores individuais, além de dados de mercado, como faturamento, posicionamento estratégico, entre outros. Compartilhar sua trajetória pessoal e profissional, colocando-se como protagonista da sua história, de forma objetiva e empática, buscando uma conexão rápida com o interlocutor, enfatizando as realizações junto ao time, as soluções encontradas para os problemas apresentados, os resultados obtidos em cada etapa e o que almeja como projeto futuro de carreira, por exemplo, podem ajudar o profissional a se destacar no processo seletivo”, pontua.>
Embora a confiança seja essencial durante um processo seletivo, o excesso dela pode levar à arrogância e prejudicar a avaliação do candidato. Camila Veloso alerta que alguns profissionais passam a impressão de que "já sabem tudo", o que pode demonstrar falta de humildade e resistência ao aprendizado. "Comentários como ‘eu sempre fiz dessa forma’ ou ‘estou nessa área há muitos anos, sei o que estou dizendo’ podem indicar inflexibilidade e falta de adaptação a novas realidades", pontua.>
Christianne acrescenta que candidatos excessivamente confiantes podem negligenciar aspectos importantes da entrevista, como reconhecer erros cometidos ao longo da carreira e demonstrar aprendizado contínuo. "Além disso, o profissional poderá apresentar uma alta expectativa sobre o resultado do processo e ter que administrar uma possível frustração após feedback recebido.", enfatiza.>
Com a rápida transformação digital e mudanças no mercado de trabalho, muitos profissionais experientes enfrentam dificuldades por não acompanharem as novas tendências da área. O mundo corporativo, dizem as recrutadoras, está cada vez mais interligado com a tecnologia e conhecimentos interdisciplinares. Quem não investe em qualificação contínua, portanto, pode perder espaço.>
A recrutadora do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) da Bahia, Lara Monic Simões, observa que alguns candidatos ainda não utilizam o LinkedIn de forma estratégica, o que dificulta sua visibilidade no mercado. Ela relata que recebe vagas extremamente específicas, como engenheiros ambientais com experiência em estudo do carvão. Como há escassez de profissionais com esse conhecimento no estado, a equipe de recrutadores precisa buscar candidatos em outras federações. O LinkedIn se torna uma ferramenta essencial.>
Outro ponto crítico para profissionais experientes é a falta de atenção à postura e à comunicação durante o processo seletivo. Simões relata que é comum ver candidatos interrompendo os demais em dinâmicas em grupo, trazendo visões excessivamente pessoais para questões técnicas ou até mesmo iniciando conversas paralelas.>
“A gente vive essa escassez de competências mais comportamentais, de análise crítica. Recentemente, por exemplo, eu fiz uma dinâmica, após a entrevista técnica, e levei três temas para candidatos que pretendiam atuar no financeiro de uma empresa: diversidade, trabalho em equipe e trabalho sob pressão. Eles tinham experiências com contas a pagar, planilhas, sistemas, mas na hora de discorrer sobre essas temáticas alguns nem sabiam o que era diversidade e como ela ‘atravessava’ a sua área, só diziam ‘a gente tem que respeitar as diferenças’”, exemplifica Lara.>