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Nilson Marinho
Publicado em 24 de novembro de 2024 às 22:46
Cada geração enxerga e tem ambições diferentes sobre o mercado de trabalho. Se os Baby Boomers, nascidos até 1965, valorizam a estabilidade no emprego e um salário competitivo, e tendem a ser menos adeptos ao modelo de trabalho híbrido ou remoto, preferindo executar suas funções de maneira presencial, os profissionais da Geração Z, que nasceram após 1995, buscam equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, valorizam diversidade e inclusão no serviço e preferem o trabalho remoto ou híbrido.
Os da Geração X, nascidos até 1980, por sua vez, têm como prioridades salário e benefícios e a busca pelo equilíbrio entre vida pessoal e profissional, sem se esquecerem da importância de uma boa cultura organizacional. Embora prefiram estabilidade, enfrentam jornadas de trabalho mais longas e altos níveis de estresse, em comparação a outras gerações.
Os Millennials, nascidos até 1994, também querem o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, além de oportunidades de crescimento e desenvolvimento dentro das empresas. Eles também buscam por um trabalho com modelo híbrido, mas são mais sensíveis à falta de perspectivas de carreira e excesso de trabalho.
As ambições e anseios das gerações acima citadas foram apontadas pelo Guia Salarial 2025, recente pesquisa realizada pela Michael Page, marca integrante do PageGroup, uma das maiores consultorias especializadas em recrutamento de média e alta gerência. Para chegar aos resultados, cerca de 6,8 mil profissionais e empresas de todo o Brasil foram ouvidos para entender quais são suas reais impressões sobre o mercado atual.
Em relação às competências que mais teriam interesse em desenvolver, os Baby Boomers classificam o gerenciamento de conflitos (39%), a influência (34%) e o gerenciamento de estresse (27%) como prioridades. A geração X seguiu pelo mesmo caminho: gerenciamento de conflitos (39%), influência (38%) e gerenciamento de estresse (34%). No caso dos Millennials, priorizam a liderança (52%), a influência (43%) e o gerenciamento de conflitos (37%). A geração Z acompanha a geração anterior: liderança (69%), influência (35%) e gerenciamento de conflitos (33%).
“As gerações mais novas não buscam apenas bons salários, eles almejam mais flexibilidade, desenvolvimento pessoal e deixar um impacto no mundo. Para atraí-las, as empresas precisam oferecer culturas organizacionais inclusivas, diversas e com oportunidades de aprendizado contínuo e políticas que promovam bem-estar”, analisa a gerente de RH Carol Figueiras.
"As novas gerações não querem apenas executar tarefas, elas desejam liderar e influenciar o rumo das organizações. O mercado precisa se preparar para essa ambição crescente. Empresas que não oferecerem oportunidades para essa liderança emergente correm o risco de perder relevância rapidamente", completa Ricardo Basaglia, CEO da Michael Page no Brasil.
O levantamento apontou também que 55% da geração X está procurando emprego ativamente, superando os profissionais Baby Boomers (52%), os Millennials (45%) e os da geração Z (44%). Cada geração considerou como prioridade aceitar uma proposta de trabalho nos próximos meses. Os Baby Boomers elencaram o salário (75%), os benefícios (45%) e a possibilidade de trabalhar de forma híbrida ou remota (43%) como os fatores essenciais.
Já os respondentes da geração X seguem a mesma linha, com salário (84%), benefícios (58%) e trabalho híbrido ou remoto (43%) como prioridades. Os Millenials classificam como aspectos fundamentais a remuneração (90%), o trabalho híbrido ou remoto (58%) e os benefícios (51%). Já para os mais jovens (geração Z), os principais fatores para aceitar uma nova vaga são o salário (92%), o trabalho híbrido ou remoto (61%) e oportunidades de crescimento interno (57%).
Essa última geração inclusive não costuma ser bem vista pelo mercado de trabalho. Uma pesquisa recente da revista Intelligent.com revelou que 6 em cada 10 empregadores nos Estados Unidos já demitiram pelo menos um trabalhador da Geração Z. Apesar de sua familiaridade com a tecnologia, o estudo aponta que esses jovens carecem de um fator essencial nos processos de admissão: as soft skills, habilidades interpessoais e comportamentais fundamentais para o ambiente de trabalho.
“Essa geração está entrando no mundo corporativo com uma visão distinta e demandas únicas. Apesar de atenta à globalização e tudo o que envolve a digitalização, a Gen Z traz consigo uma perspectiva sobre carreira e profissionalização que desafia determinadas normas, especialmente quando falamos do acesso ao mercado de trabalho. Habilidades como trabalho em equipe, comunicação e resolução de conflitos parecem ter sido deixadas de lado em favor de competências técnicas, gerando dificuldades para os recém-formados que acabam de ingressar no primeiro emprego”, avalia Caroline Macarini, psicóloga e sócio-fundadora da Unolif, plataforma brasileira de atendimento digital.